quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

[Eu Cinza] Mais do Capitulo 7

Se eu pudesse nao iria para casa agora,mas minha mae chegou hoje. Deve estar querendo saber de tudo que aconteceu por aqui,como Gabriel esta. "Ele esta bem. Muito bem sem mim.",penso. Eu que estive ao lado dele no momento mais dificil da vida dele. Que quase enlouqueci pensando no seu estado todas as noites. Eu que nunca pensei em levar nenhum garoto para meu quarto. Eu que quase me entreguei a ele.
A vida te cerca de ilusoes. A vida nao,as pessoas. Elas te fazem acreditar que tudo pode ser melhor e que voce pode ser melhor tambem. Que voce deve se abrir para elas,mostrar o mais recondito do seu ser. Ate que quando elas se saciam vao embora sem olhar para tras. Eu sei que talvez eu esteja fazendo um furacao em um copo d'agua,mas sentimentos feridos sao a pior coisa para voce conseguir lidar sozinho. Para pessoas como eu que nao se associam a qualquer um, ate um chuvisco pode ser o bastante para gerar um caos. O que Gabriel fez é esse chuvisco.
Ele me pediu em namoro. Eu nunca tinha parado para pensar nos meus sentimentos. Ele os nutriu e agora os jogou fora. Cada distanciamento se acumula. Um dia a barreira pode ficar intrasponivel. Eu espero que nao seja tarde mais para nós.
Quando chego em casa minha mae esta na sala me esperando.
- Oi,Laura! - ela nao se levanta do sofa para me abraçar e ela nao sabe o quanto agradeço por isso.
- Oi,mae. Como foi na casa da Tia Diana? - digo me sentando.
- Agora ela esta bem! Estava suspeitando de dengue,mas era apenas uma gripe! - ela diz rindo.
- Como foram esses dias aqui sem mim? - acho estranho está conversando assim com ela,mas estranho de uma forma boa. Devo isso a Gabriel e nao gosto de me lembrar disso.
- Laura? - ela fala e balanço a cabeça tentando expulsar os pensamentos.
- Foi tudo bem. - nao queria mentir,mas tambem nao quero falar sobre ele.
- Esta tudo bem com Gabriel?
- Sim. Hoje ele foi a escola. - falo me levantando para encerrar a conversa. - Eu vou me trocar e comer alguma coisa! Com licença.
- Eu fiz lasanha para o almoço! - ao ouvir o nome da minha comida favorita tenho vontade de abraça-la,mas me contenho. So isso para me animar.
- Que bom que a senhora voltou! - sorrio para ela e vejo que ela ficou contente em ouvir isso.
Nao consigo sentir vontade de comer,mas coloco um pouco da lasanha para dentro. Me jogo na cama e pego meu celular para ouvir uma musica, Never Say Never do The Fray. Ela traduz bem o que estou sentindo agora. As lagrimas invadem meu rosto e fico em uma posiçao fetal. Eu queria que fosse tudo diferente. Que o passado pudesse voltar. Eu tinha um pouco mais de felicidade do que agora. Eu nao queria ter brigado com Gabriel,mas ele esta tao distante agora. E eu nao sei se posso suportar por que ele esta distante em todos os sentidos.
Me levanto e vou tomar um banho. Saio sem falar com mamae,sem nem ao menos deixar um bilhete. Espero que ela entenda que não estou bem. E eu sei que ela esperaria que eu fizesse isso de qualquer maneira.
Quando desço do onibus vou em direçao a trilha. Paro assim que coloco meus pés nela. Olho para as folhas acumuladas no chão e me sinto como uma delas. Me desprendi da minha propria vida e estou murchando. "Por que você foge sempre que algo sai do seu controle.",a voz de Gabriel rebervera pela minha mente. Ecoando pelo meu intimo como se eu tivesse duas almas se debatendo dentro de mim. Me concentro no barulho dos meus pés ao tocarem o chao para afugentar os pensamentos. Mas quando ergo a cabeça vejo Gabriel de costas passando a mão em minha arvore. Ele passa o abraço sobre o rosto e tenho a impressao que ele estava chorando.
Me escondo atras de uma arvore quando vejo que ele vai se virar. Ele vem na minha direçao seguindo a trilha,mas ele nao me vê. Seu rosto esta vermelho,seus olhos no mesmo tom e ele esta serio. Com uma expressao determinada. Vejo sua silhueta sumir apos a trilha. Saio de detras da arvore me sentindo um pouca perplexa. "O que ele veio fazer aqui? Como ele veio ate aqui sozinho?",penso. Em um impeto de curiosidade sigo atras dele. Quando chego no final da trilha me escondo atras de alguns arbustos e vejo Gabriel no ponto de onibus,mas ele nao esta sozinho. Juliana se abaixa e o beija na boca.
Viro meu rosto para nao continuar vendo a cena que se segue. Corro por entre folhas,arvores,minha visao borrando com as lagrimas. Tropeço e caio de cara no chao,mas a dor nao consegue ser maior do que a que sinto no meu peito. Me viro,mas nao me levanto. Uma confusao de membros,folhas e terra. Deixo meu rosto cair de lado e se o fantasma da morte aparecesse agora eu o abraçaria. Choro ate nao conseguir mais respirar.
Me ergo me sentindo vacilante. Vou em direcao a arvore buscando por apoio. Passo minha mao pelo mesmo caminho que a de Gabriel fez. Quando abaixo minha cabeça um pouco vejo um papel em uma loca no tronco. O pego e ele esta dobrado. Quando o abro vejo as letras inconfundiveis de Gabriel.
"Laura,
Eu sinto muito por as coisas terem que ser assim,mas nao podemos mais ficar juntos. Você tem seus proprios problemas para resolver e nao quero te forçar a ter que carregar os meus tambem. Isso seria pedir demais para qualquer um,ainda mais para voce que é tao fragil. Eu nao posso corresponder nenhum dos seus sonhos e vontades. Eu nao posso fazer nada nem por mim mesmo... Isso nao quer dizer que eu ainda nao goste de voce, por que eu ainda te amo como nunca irei amar ninguem e é por isso que tomei essa decisao. Por voce,por nós! Espero que me entenda.
Gabriel"

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