segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

[Eu Cinza] Historia - Capitulos 3 e 4

Continuação do Capitulo 3:

Fico chocada. Melhor,horrorizada. Ela nunca me deu um castigo tao severo. Mas eu tenho 16 anos e sei me cuidar. Nao vou dar o braço a torcer. Me viro sem dizer uma palavra e me vou. Me tranco no quarto e me jogo novamente na cama. Mas nao quero pensar nisso tudo. Nao agora.
Ainda estou com fome e tenho que dar um jeito nisso. Corro ate meu guarda a roupa a procura da minha caixinha onds guardo meu dinheiro. Tenho 20 reais que pelo jeito nao iram durar muito. Pego 10 reais e procuro uma roupa para vestir. Vejo um short jeans esfarrapado e uma camiseta cinza da Nirvana. Vai ter que servir.
Como eu havia me lembrado meu celular esta na minha cama do mesmo jeito que deixei. Mando uma mensagem para o Gabriel:
"Por favor,me encontre na esquina aqui da rua. Aconteceram umas coisas. Te explico quando chegar. Bj"
Uns 5 minutos depois meu celular vibra. O nome dele aparece na tela e eu rio.
" Estou meio enrolado aqui. Mas em 20 minutos estarei chegando. Espero que nao seja nada serio. Bjs" Penso em responder que eu poderia morrer de fome em 20 minutos,mas envio apenas um "Ok!".
Passados 25 minutos chega uma sms. "Desculpa o atraso. Voce ainda vai?" Rolo meus olhos e respondo: "Claro! Estou indo."
Chego na esquina primeiro. Depois de uns longos minutos,o vejo a uns 30 metros adinte. Ele esta com uma camisa preta,e uma bermuda jeans. Seu cabelo liso esta com um topete mau feito com gel e alguns fios de cabelam escapam e cobrem sua testa. Ele é realmente agradavel aos olhos!
- Lauuuu! - ele grita a alguns metros erguendo um dos braços como se eu nao pudesse vê-lo. - Lau,pensei que voce nao viria mais.
- Com a fome que eu estou?!? - o encato incredula até que lembro que ele nao sabe de nada.
- Fome? Voce ainda nao comeu?
- Nao quero falar sobre isso agora. Vamos! - o puxo pelo braço e o levo em direção a uma lanchonete proxima. Compro dois cachorros quentes com tudo que meu dimheiro pode pagar,o que é nao é nada mais do que um pouco de batata palha por cima.
Gabriel me olha assustado porque estou comendo em uma velocidade incrivel. E acabo os dois antes de ele acabar o dele.
- Laura,porque voce nao tinha comido nada? - ele me olha com um olhar divertido e eu esqueço o que ele perguntou.
- O que voce perguntou?
- O porque de voce nao ter comido. E porque voce me chamou aqui...
- Ah sim! - eu abaixo a cabeça meio envergonhada pela situaçao. - Minha mae nao fiz comida para mim,e deu um sumiço nos lanches que eu tinha comprado. Castigo por eu ser uma filha tão ingrata,acredita? - falo ironicamente,e Gabriel meio que ri. So com ele eu consigo fazer brincadeira com uma coisa seria. - Na verdade,ela nao irá mais fazer nada para mim. Me deixou bem claro isso. Estou por minha conta e risco!
- Nossa,Laura! Sua mae foi mesmo,como eu digo... Bem ruim dessa vez. Mas nao diga que eu nao avisei a voce! Eu falei para voce manerar nisso de sair de casa sem dar explicaçoes. Voce so tem 16 anos!
- E voce tem quanto? 50? Que eu saiba voce so é um ano mais velho do que eu!
Eu fico realmente chateada com ele. Nao saí de casa para ouvir mais sermoes. Eu nao.chamei ele aqui para passar na minha cara o que a minha mae diz. Eu me levanto e vou em direçao a saida. Quando percebo ja estou correndo,mas sinto que ele veio atras de mim. Olho por cima do ombro e confirmo a suspeita. Ele é muito insistente.
De repente,ele agarra meu braço e me puxa para si. Nao encosto nele,mas fico perto o bastante para que ele me olhe nos olhos.
- Laura,porque voce sempre tem que fugir? Porque voce nao comaegue aceitar uma opiniao diferente da sua? - ele segura meus ombros com pulso firme e me balança um pouco. Vejo uma nevoa de ressentimento em seu rosto. Ele acha que eu deveria ser forte.
- Me solte! Voce nao sabe do que esta falando! - eu tento parecer firme,mas ele nao me solta.
- Para que,Laura? Para voce sair correndo e sabe Deus fazer o que por aí? Para voce se trancar no seu quarto?
- Voce nao tem o direito! Voce pensa que é o que? Ou melhor,quem voce pensa que é para saber o q eu devo fazer?!? - olho em seus olhos com raiva pulsando em meu corpo. Mas nao consigo prosseguir assim. Ele me puxa para mais perto e se abaixa para beijar a minha testa. Tira alguns fios de cabelo do meu rosto,e eu estremeço com seu toque. Inclino minha cabeça em direção a sua mão.
- Lau,não seja assim tao.rebelde. Voce pode ferir os sentimentos dos outros,nao so o da sua mae. Mas ainda assim eu sempre estarei aqui. - ele se inclina novamente e eu deixo que ele venha.
Ele segura meu rosto entre suas maos e me beija. Me sinto como se eu nunca houvesse beijado alguem antes. Ele pressiona seus labios forte nos meus,pedindo por mais e eu nao nego. Meu corpo é um ima e ele me atrai de uma maneira avassaladora. Minhas maos puxam seus cabelos de leve trazendo seu rosto para mais proximo,e ainda nao.parece o bastante. Suas maos descem e sobem por minhas costas apertando,me puxando. Entao percebo que estamos na rua, e o empurro. Eu nunca me agarrei assim com ninguem antes em publico.
- O que foi,Laura? - ele diz com um sorriso sedetor,e com as maos na minha cintura nao vai me deixar sair tao ligeiro.
- Estamos na rua,Gabriel! O que vao pensar? E eu ainda estou chateada com voce!
- O que foi,Laura? - ele diz com um sorriso sedetor,e com as maos na minha cintura,ele nao vai me deixar sair tao ligeiro.
- Estamos na rua,Gabriel! O que vao pensar? E eu ainda estou chateada com voce! - eu digo rindo. Entao nao tera grande efeito.
- Hum,sei. Não gostou do meu beijo foi? - ele tambem ri e sei que esta brincando.
- Hum,nao sei. - digo me encoatando nele. - Quem sabe se com mais um beijo eu possa realmente saber? - ele ri e me beija novamente e agora eu ja nao penso em mais nada.
Capítulo 4
Ele me acompanha até em casa. E a medida que chegamos mais perto de lá meu coração acelera. Penso, "Não quero entrar,não quero..."
- Lau,você está tão pensativa. Ainda incomodada com a atitude da sua mãe? - ele diz sério,seus olhos castanhos tão profundos. Parecem um abismo. E eu me jogaria nele.
- Como eu posso esquecer se estou voltando para casa? Não sei o que vou fazer se essa situação de guerra continuar. - viro meu rosto para longe dos dele. Não quero que me veja fraquejar.
- Você sabe o que deve fazer! - ele fala assim que paramos em frente ao portão. Ele segura meus ombros firme e me da um sorriso acolhedor. - Lau,pense no que eu te falei. Você tem que tentar ser menos rebelde,certo? - abaixo meu rosto e olho para meus proprios pés. Como eu posso mudar essa parte de mim que é mais forte que eu? Não quero ser como um passaro em uma gaiola.
- Claro,Gabriel. Eu vou tentar... - digo sabendo que isso é apenas uma mentira para que ele não prossiga com essa conversa.
- Entao,ta certo. Já es ta tarde e nao queremos que sua mae fique com mais raiva,hein? - ele se aproxima e planta um beijo em meus labios. Tão doce quanto mel.
- Claro. Ate mais,Gabriel! - ele ja se distancia e olha para trás,me dando um aceno antes de dobrar a esquina.
Pois bem, agora é só eu e meus pensamentos. Destranco o portao e entro.
As luzes estão apagadas,entao imagino que ela deve ter ido dormir. Vou no escuro ate meu quarto e acendo a luz. Ainda tudo bagunçado como eu tinha deixado. Semelhante a minha vida,eaperando que eu a limpe. Resolvo arrumar tudo antes de dormir,porque sei que assim que eu deitar o sono irá embora.
Tem roupas espalhadas em todo lugar. Recolho-as e coloco no cesto. So a minha cama esta arrumada ja que eu a
sempre faço isso por conta propria quando acordo. E,entao eu o vejo. Um pequeno pedaço de papel dobrado. Sento e o abro.
" Filha,se você não repensar suas atitudes terei que mandá-la para outro local. Não conseguirei continuar com essa vida de preocupações que nunca acabam com você. Pense nisso."
Ela não assinou o bilhete. E nem precisaria. Eu amasso o bilhete e o jogo do outro lado do quarto. Todos querem que eu mude,mas ninguem perguntou como eu me sinto em relaçao a isso. Eu tambem poderia pedir para que ela mudasse,tentasse ser mais agradavel,sair um pouco de casa e esquecer o papai. Mas ela nunca faria isso. Eu que devo fazer. Seria um alivio ir para longe. Rio com esse pensamento. Até eu lembrar de Gabriel.
Meu celular vibra cortando meu raciocinio. Uma mensagem. Dele. " Só para te desejar boa noite. Nao sei se teve alguma briga por aí,e queria te deixar um pouco menos chateada." Olho para a parede branca do outro lado do quarto. Cheia de rabiscos de quando eu era pequena. E em meio a tantas linhas e desenhos sem jeito vejo meu nome e o dele. Jamais poderia deixa-po para trás. "Esta tudo bem por aqui. Ela esta dormindo agora,e eu aproveitei que estou sem sono e arrumei meu quarto." Omito a parte do bilhete para que essa conversa nao tome outro rumo.
" Já tem alguem mudando aí,hein? rsrs Estou com sono,e amanha tenho aula. Durma bem. Bj" Eu havia esquecido disso tambem. Odeio a escola. "Nos vemos la,entao! Ate amanha. Boa noite!"
Estou no 2° ano do ensino médio. Gabriel já está no 3°. Agora,depois de ter o beijado,percebo porque odeio tanta a escola. Ciúmes. Ele atrai muitos olhares e cochichos das garotas da sua sala. Parecem lobas famintas em busca de carne fresca. Da carne que agora é minha. Apesar de nao ter falado sobre meus sentimentos com ele,sei que ele sabe que eu gosto dele. Entre nós um olhar basta. Penso em como sera amanha quando estivermos lá. Se iremos andar de mãos dadas,nos abraçar e quem sabe noa beijar em publico. Rio imaginando a cara de todas aquelas garotas da escola nos encarando com seus olhares de inveja. Principalmente,de uma delas. Amanha pode ser um dos melhores dias para mim la.
Ouço o toque do despertador e acordo. Meu corpo está dolorido,minha cabeça doí. Nao é a melhor maneira de começar o dia. Quase nao dormi,me remexendo na cama procurando uma posicao confortavel. Hoje tambem nao sera melhor. Levanto,abro a janela e me deparo com um dia nublado la fora. Aspiro um pouco do ar que vem de fora com cheiro de terra molhada. Choveu a noite. Esta tudo cinza combinando com o que sinto por dentro.
Vou me arrumar para ir a mais um dia fatidico na escola. Nao tenho amigos,apenas Gabriel e una poucos colegas casuais. Sou um pouco anti social. Tudo bem,sou muito anti social.
O café esta posto sobre a mesa,pao e café preto. Ainda assim melhor do que nada. Nao vejo minha mae,mas ouço o som da vassoura no quintal. Ela esta me evitando. Eu tambem evitarei.
Uma batida no portao,e sei que Gabriel chegou para irmos para o ponto de onibus. Entao me levanto para encontra-lo.
Ele me recebe com um sorriso no rosto,e me da um rapido abraço. O encaro depois de fechar o portao. Ele parece nao ter nenhum problema na vida,e realmente nao tem. Tudo vem facil,sua familia é gentil e acolhedora,assim como ele. E mesmo desconhecendo as minhas tristezas,ele sempre esta pronto a me ouvir. Tao paciente comigo.
- Oi,Gabriel! - falo nao demonstrando muita felicidade em vê-lo. Hoje nao estou bem.
- O que voce tem,Laura? Esta fazendo umas caretas de dor muito engrançadas enquanto fala! - ele diz, fazendo umas caretas como se estivesse me imitando e dou um tapa de leve nele.
- Pare seu,idiota! - falo rindo um pouco e minha cabeça doi um pouco.
- Desculpe. Eu estava apenas tentando fazer as coisas maia faceis. Mas agora vamos? - ele diz com o olhar sincero de sempre. Ele nao faz nenhum gesto para pegar a minha mão.
Vamos lado a lado para a parada. E ficamos em silencio. De repente,vejo uma garota se aproximar sorrindo para nos. Ou melhor,para Gabriel. E ele sorri de volta.
É a Juliana. Estuda junto com ele. Ela é bonita,com todo esse jeito de patricinha. Tem os cabelos lisos e compridos,e é tao branca que penso que ela é algo como uma sosia da Branca de Neve.
- Oi,Gabriel! - ela fala abrindo um sorriso de propaganda de creme dental. Ela olha na minha direcao como se tivesse me visto apenas agora,me dando um olhar de desprezo. - Oi,Laura!
Gabriel se aproxima dela,e eles dao um abraço. Assim que ele a solta começam a conversar sobre algum trabalho escolar que estao fazendo juntos,e me sinto deixada de lado.
O onibus chega assim que elea acabam a conversa. Eles entram primeiro,e eu fico meio perdida no fluxo de pessoas que vao de encontro a porta do onibus,e sou a ultima a subir. Nao ha mais cadeiras vazias e avisto Gabriel sentado ao lado de Juliana ja prosseguindo em uma nova conversa. Decido ir para o fundo do onibus para nao ter que ver o quanto eles se dao bem. Desço primeiro do que eles e vou na frente. Espio por cima do ombro tentando ser um pouco discreta e vejo que ela esta com os braços ao redor dele,os dois rindo de alguma piada so deles. Parecem nao notar que nao estou ao lado deles.  Sinto uma pontada de ressentimento ao vê-los assim,porque quem deveria estar ao seu lado hoje deveria ser eu. Depois de ontem parece que deveria ser assim. Mas se ele me ignora,farei o mesmo com ele.
Vou para minha sala esperar o inicio da aula. Sento em um dos cantos do fundo tentando me camuflar para que ninguem me importune. Ainda mais agora. Tenho apenas aulas chatas ao longo do dia: matematica,espanhol,geografia,filosofia e artes. Eu gosto das aulas de artes onde posso desenhar um pouco e onde consigo me destacar. A professora sempre tem mil elogios ao meu respeito o que me deixa um tanto constrangida.
No intervalo avisto Gabriel ainda colado em Juliana. Ele me vê e da um aceno. Mas nao vem ao meu encontro.
Nao irei embora com ele. Vou ficar mais um pouco na escola e pego outro onibus. Nao quero ter que lidar com sua falsidade. Ele nunca havia saido do meu lado. Nunca tinha passado um intervalo com outra pessoa. Talvez ele ache que ja estou em suas maos por estar tao fragil. Como se eu precisasse dele.

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