domingo, 27 de abril de 2014

[Overrun: A Lenda dos Sete] Final do Capitulo 20

- Vejamos de quem sera a vingança, crianca tola! - ele diz recuando para junto dos Ronais e coloca novamente o capacete sobre o rosto. - Arqueiros, arcos a postos! Atirem!
Os Ronais miram suas flechas um pouco a cima de nossas cabeças e vejo as setas descerem brilhantes com a luz da lua. Levanto minha espada para cima e Konoch abre suas e as bate com uma força gigantesca e sinto como se estivesse no meio de um tornado. Protejo meus olhos com o braço livre enquanto vejo as flechas serem lançadas de volta para os arqueiros assustados no meio do redemoinho. As flechas atingem seus escudos desordenadamente, mas nao tem nenhum efeito. Konoch controla o redemoinho para longe de nos e leva as flechas com ele. Todas elas. As que estavao nas aljavas se perderam na ventania.
Ergo minha espada e lanço um grito de batalha no mesmo momento que Nereu faz o mesmo no seu clã e nos lançamos para a batalha. Espadas se chocam contra Leandro e Marcelo que tentam se defender de varios Ronais, mas a maioria deles vem para combater a mim e Konoch. Eles voam em nossa direcao nos cercando e tentando acertar um golpe com suas espadas onde esta a seu alcance, mas somos muito rapidas para eles.
Um Ronai tenta me atingir por tras, mas me ergo a tempo de com um movimento da espada tirar-lhe a sua de suas maos e corto a ponta de uma das suas asas e ele cai perdendo o controle de seu corpo. Konoch destroca varios com suas garras e bico de uma maneira surpreendente e com minhas asas erguidas consigo me manter em suas costas enquanto lutamos com eles.
Olho por sobre o ombro de um arqueiro depois de lhe chutar o abdomen e cortar sua asa e vejo Leandro e Marcelo com as costas apoiadas um no outro procurando por apoio. Eles acertam golpes nos Ronais que os cercam, mas fazem pouco avanço ainda nao percebendo que as asas sao os pontos mais frageis dos Ronais. Voo em direcao a eles surpreendendo um dos inimigos pelas costas cortando-lhe a asa e ele despenca rumo ao deserto. Encontro o olhar de Marcelo e sorrio para ele. Seu rosto se retorce em desespero no momento em que sinto uma das minhas asas ser cortada. Começo a cair e vejo quem desferiu o golpe. Nereu.
Sinto uma especie de fogo queimando a minha asa atingida. Enquanto despenco olho para ela e vejo um fogo esverdeado queimando-a onde Nereu a cortou. A dor é como a de muitas facas cortando a carne. Estou consciente que sao apenas penas, mas parecem que sao como a propria pele. Tento apagar o fogo com as maos, mas continua queimando. A dor é insuportavel para tentar voar. Quando estou perto de atingir o chao sinto garras se fecharem ao meu redor com força. Nao tenho certeza se é uma ilusao causada pela agonia e antes de conseguir abrir os olhos perco a consciencia.
Abro meus olhos lentamente, pontos brancos tomando conta da minha visao. Tento me apoiar com os braços e me levantar, mas a dor em minhas costas é terrivel. Percebo que estou deitada em algo macio e ouço vozes um pouco distantes de mim. Abro os olhos e os pontos quase se foram menos a dor. Como se algo tivesse sido arrancado das minhas costas. Vejo as asas de Konoch e percebo que estou deitada em suas costas. Gemo quando tento me erguer e fecho os olhos me contorcendo em posicao fetal. Entao eu sinto uma ausencia. As asas nao estao mais em minhas costas, minha roupa voltou ao normal sem nenhum resquicio da armadura dos Ronais. Agora sou apenas eu novamente. Menos a dor. Lacinante. Cheia de pontadas. Fisgadas. Passo os dedos tremulos pelas minhas costas por baixo da camiseta. Horror. Sinta duas linhas de carne viva descendo pelas minhas costelas. O contato me faz tremer e guinchar. Algo segura meus braços e me coloca novamente de costas e a dor se vai junto com minha consciencia.
Quando abro meus olhos novamente a luz me cega momentaneamente. O sol esta no meio do ceu laranja de Konden. O ceu sempre sem poder ser distinguido. A mesma cor do amanhecer ou entardecer. Apenas o sol segue o seu curso normalmente. Sinto meu peito subir e descer lentamente. O ar sendo forçado para meus pulmoes. Mas nao é apenas meu o movimento de respiracao. Estou aninhada sobre o peito de Jefferson e sobre Konoch.
- Como se sente? - ele murmura, a voz soando preocupada.
- Com muita dor. O que aconteceu?
- Suas asas queimaram e voce perdeu o controle e despencou do ceu, mas antes de atingir o chao Konoch conseguiu te salvar.
- Nao estou falando disso. O que aconteceu com os Ronais?
- Eu cortei as asas de Nereu depois do que ele fez a voce. Todos eles cairam tambem. Konoch ficou muito irritada e voce deveria ter visto aquilo. Ela brilhava como uma estrela e soltou uma rajada de fogo sobre os Ronais. Mas era um fogo diferente. - ele para como se estivesse revivendo o momento agora. Entao, pigarreia e continua. - Era verde como o que queimava as asas deles. Ficaram muito aterrorizados para voltarem atras de nós e nao poderiam mesmo se quisessem sem suas asas.
- Deve ter sido maravilhoso. Entao por que ainda estamos aqui? Porque nao atravessamos o portal?
- Precisamos esperar suas feridas sararem. Nao sabemos o que nos espera no proximo caminho e voce esta indefesa. Marcelo acredita que existe algum local de transicao entre essa cidade e a proxima.
Tento fazer da respiracao mais facil para poder falar, mas a dor é intensa demais. Jefferson retira um cacho do meu rosto e o acaricia. O seu toque é doce e me tras um pouco de conforto. Olho para o seu rosto e vejo os olhos amarelos e o poder que guardam. Como se o fogo selvagem borbulhasse dentro deles.
- Voce ainda é um deles.
Ele sorrie para mim parecendo exausto.
- Sim. Marcelo me disse que Jean fez disso quase permanente. Para nos ajudar a cruzar nosso caminho ate os portoes de Gowin.
- Isso é bom. Voce sempre quis isso. Um destino de aventureiro.
Ele olha para o ceu, os olhos perdidos no horizonte.
- Mas, eu nao queria isso. Eu... nao pensei que teria que te ver assim tao atormentada. Laura, eu tenho medo.
Uma lagrima desce por seu rosto e desce por seu pescoço. Apenas uma lagrima. A tristeza estampada no seu rosto e isso faz com que eu esqueça a dor do meu corpo.
- Jefferson... Eu agradeço por isso todos os dias. Foi por causa desse destino que nos conhecemos. E voce nao sabia como eu... era antes.
Minha pele treme. Nao por causa do estado em que estou, mas por causa das lembranças dolorosas.
- Eu sei, Laura. Eu estava la. Por tras de cada arvore, em quase todos os momentos quando voce ia para o bosque. Eu so nao esperava que voce fizesse parte desse mundo. Mas eu fiquei tao feliz quando voce descobriu. Eu imaginei tantas vezes o dia que eu chegaria em voce e te falaria da minha ideia louca de combater os Damns.
- Eu fico feliz que voce tenha visto para saber como eu estou diferente agora e o quanto gosto de voce.
Meus dedos encontram sua face e percorro-a com eles. Suas maos habeis me ajudam a ficar em uma posicao mais confortavel em seu colo. Sua respiracao toca meu rosto e esta tao acelerada quanto a minha. Sempre ficamos ansiosos pelo contato um com o outro como na primeira vez. Quando seus labios tocam os meus, nossas linguas se unindo em uma dança, nossos corpos tao colados que esqueço ate mesmo da dor, eu tenho certeza que jamais teria chegado ate aqui sem ele. E que nunca chegarei ate o final sem sua presença.

sábado, 26 de abril de 2014

[Overrun: A Lenda dos Sete] Mais do Capitulo 20

Ela retira seu peso de cima de mim e meus pulmoes queimam quando encontram o ar. Tento me sentar enquanto vejo Konoch parada ao meu lado me olhando curiosa. Quando me ergo alguns centimetros a tontura me lança de volta ao chao. Porque ela nao me matou? Poderia ter feito isso facilmente. Me inclino ficando de lado enquanto aos poucos começo a me recuperar. Olho direto nos olhos dourados de Konoch e ela vira a cabeça de lado me evitando. Ela se vira preguiçosamente de costas e entao eu vejo uma cela de couro ao redor de suas asas que nao estava la antes. Ela vira a cabeça para tras e seu olhar parece urgente e se voltando para o ceu e de novo para mim como se quisesse me avisar que esta tarde. Como se quisesse que eu montasse nela logo depois de ela tentar me matar. Como se quisesse salvar meus amigos tanto quanto eu.
Me levanto com dificuldade sentindo minhas pernas estremecerem. Vou em direcao ao ninho, mas paro na borda me sentindo fraca demais para pular para dentro.
- Eu nao consigo. Voce pode pegar para mim?
Nao sei se ela me entende, mas abre as asas e aterrisa dentro do ninho e pega o pedaço de amuleto com o bico. Pousa ao meu lado e o joga em minhas maos. Sem tempo para olhar para ele o lanço mecanicamente na aljava. Mas nao existe aljava em minhas costas. Melhor, ela estava la para minha surpresa. Coloco minha mao para dentro e sinto o Stin. Olho para Konoch espantada, mas ela nao se importa comigo. Esta olhando para o ceu, os olhos assustados como se visse algum tipo de monstro.
- Hey, podemos ir agora? Eu pensei em ir voando por mim mesma, mas... so se voce hãm... permitir.
Me sinto estranha falando com um animal. Nao, com um ser mitilogico que so deveria existir em estorias de ficcao. Konoch abre as asas agitando-as no ar como se estivesse impaciente por eu ainda nao estar montada nela. Dou de ombros e segurando em suas penas me puxo para suas costas a alguns metros do chao. Coloco meus pes no descanso da sela e seguro firme nela. Quando Konoch alça voo sinto algo dentro de mim estalar como se minha alma estivesse sendo conectada a alguma coisa. Entao sinto uma força se espalhar pelo meu corpo e entendo. Enquanto as estrelas brilham acima de nossas cabeças e pairamos levemente pela copa das arvores e vamos em direcao ao horizonte de Konden, eu sinto minha alma conectada a de Konoch. Como se eu nao sentisse o meu corpo e sim o dela. Me sinto plena e com as minhas asas agitandosse ao vento me permito sorrir abertamente. Acaricio o pescoço de Konoch enquanto brilhamos as duas nos misturando ao ceu noturno.
Depois de alguns minutos, um som como de estatica começa a me encomodar e olho para tras, mas nao vejo nada alem da cidade ao longe imersa na escuridao. Quando entramos no deserto o som aumenta parecendo mais proximo. O de... mil asas batendo como no dia que chegamos em Konden e fomos recebidos pelos Ronais. Olho novamente para tras e vejo um brilho prateado no meio da escuridao quase camuflado e entao vejo o brilho das asas tao intensos aos milhares.
- Mandaram um exercito atras de nos, Konoch! Nao podemos deixa-los chegar ate o portal.
Algo dentro de mim me da essa certeza. Que se eles chegarem ate la nos nunca sairemos daqui. Estaremos selados aqui para sempre.
Konoch faz um giro nos voltando para tras e paramos esperando por eles que ainda estao longe. Nao sei o que podemos fazer para ganhar deles. Somos duas e eles mal posso contar. Sinto algo coçar dentro da minha mente quando começo a distinguir uma voz dentro da minha cabeça. Tao audivel e pessoal como um pensamento meu.
- Eu avisei, Marcelo. Ele e Jefferson estao vindo para ca agora. - Konoch diz calmamente.
- O que faremos? Eles sao muitos. Podem nos matar com muita facilidade.
- Menina, depois de lutar comigo e perder, voce acha que eles tampouco tem chance contra mim? Voce nao perdeu por ser fraca, mas por que ninguem pode me subjugar. Posso mata-los facilmente. Mesmo que todos os Ronais estivessem aqui eu ainda poderia.
A voz melodiosa de Konoch parece tao poderosa dentro de mim e nas suas ultimas palavras posso sentir todo a força que ela tem e acredito em cada uma delas.
- Com voce aqui comigo nada dara errado, crianca. Nao se subestime. Esqueceu da sua profecia?
- Nao. Eles estao se aproximando agora. Espero que voce tenha razao.
- Vera que eu tenho. Seus amigos estao logo atras.
Me viro e fito o horizonte. A lua esta cheia e deixa o deserto com uma cor quase prateada. Montanhas podem ser vistas no fundo negro a distancia quase imperceptiveis. Uma lufada de ar me alcança quando vejo Jefferson com as asas brilhantes esticadas em seu explendor, vindo rapido em minha direcao como se estivesse desesperado. Me desato das costas de Konoch e me jogo para o ar quase inconsciente das minhas asas me mantendo erguida no ar, do som alto de asas rasgando furiosamente o ceu em minha direcao. So tenho consciencia dos braços de Jefferson quando ele me toca repentinamente nos lançando para tras. Mas nao me importo com a ameaça iminente, com o que me espera depois do portal. Quando meus labios encontram os dele em uma confusao furiosa como se quisessem penetrar minha alma nada mais importa. So a presença dele no meu destino importa.
Ele me afasta nao tirando seus braçoa de mim ansioso por nao se afastar. Seus olhos dourados tao aflitos e animados por me verem.
- Laura, eu pensei que o pior tivesse acontecido com voce. A sua demora quase me deixou louco.
- Posso comprovar, Laura. Ele nao parava de andar de um lado para o outro. Tive quase que socar-lhe a cara para nao vir atras de voce. - Marcelo diz enquanto me abraça.
- Nao podemos falar agora. Os Ronais...
- Oh! Eles vieram mesmo atras de nos. So esperavam voce e Konoch sairem da toca - Jefferson diz serio.
Olho para frente, os Ronais desacelerando a poucos metros a nossa frente. Conto vinte deles,mas jurava que eram muitos mais. O som das asas faz parecer um exercito. Mas quando passo a vista por cada um deles com seus arcos apontando diretamente para nos, seus rostos cobertos, o brilho de diamante em suas asas, nao consigo nao deixar de me sentir desconfortavel. Me posiciono ao lado de Konoch e Jefferson e Marcelo ao meu lado. Na linha de frente dos Ronais percebo um dos anciaos, Nereu. Ele retira o capacete e o entrega para um dos Ronais ao seu lado. Seu rosto tem uma forma dura, nem aparenta ser velho e nem jovem. O anciao do meio. Ele lança seu olhar para Konoch que esta brilhando levemente, contendo sua energia. O rosto de Nereu se contorce em uma expressao de espanto, mas logo volta a seriedade tao comum aos Ronais. Ele segura uma espada de prata nas maos tao longa que poderia ser uma especie de lança. Ele paira no ar em nossa direcao vagarosamente e para a uma distancia quase segura para ele e descansa seu olhar sobre mim.
- Nao poderiamos deixar-lhes ir sem darmos uma despida a altura de voces. Quem seriamos se deixassemos nossa pequena Overrun sair de nosso reino sem darmos um adeus?
Sua voz parece doce e ao mesmo tempo sarcastica. Cheia de ironia.
Jefferson se contorce impaciente ao meu lado.
- O que voces fizeram a Leandro? E aos outros? - ele pergunta raivoso.
- Nada menos do que mereceram. Mas nao viemos aqui para falar deles e sim de voces. Nao posso deixar que levem nossa maior... preciosidade. Nossa cidade cairia na escuridao eterna. Voces nao concordam comigo? - ele diz rindo e apontando para Konoch.
Olho para ela ao meu lado que esta tao quieta que parece quase que esta dormindo. Ela olha para mim pelo canto do olho por um segundo e sinto as palavras se formando em minha consciencia.
- Eu posso atrasa-los para que voces passem pelo portal.
- Konoch, ele disse que voce viria conosco. Nao podemos deixa-la para tras.
Ela volta seu olhar novamente para mim. Curiosa.
- Voce acha que eles merecem viver na escuridao eterna, crianca?
- Eles escolheram deixar de lado o destino dele. Escolheram nao nos ajudar. Isso nao é o bastante para voce saber o que fazer?
- Boa resposta, filha. Entao, suba em minhas costas para mostrarmos a eles a consequencia dos seus atos.
Sem parar para pensar voo e me assento nas costas de Konoch. Olho diretamente para Nereu que parece um pouco entediado pela nossa falta de interesse em suas palavras. Ergo minha espada dourada mesmo sabendo que nao posso mais do que machuca-los. Ela nao mata anjos que é o que gostaria de fazer.
- Nereu, eu nao me importo se voce preferiu o mal caminho. Nao me importo se voce quer escolher o seu proprio destino. Mas eu me importo se voce quer acabar com o meu e o dos meus amigos. Farei voce se arrepender pelo que fez a Leandro, Hans, Jean e Levi. Por eles machucarei voce e deixarei todos voces imerso na escuridao como desejam. Hoje é o dia da vingança.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

[Promo] Brindes de Divergente

Em parceria com a Paris Filmes o Blog irá fazer um sorteio de 2 kits de Divergente contendo os brindes da foto abaixo mais 3 ingressos em cada um.

Para participar é muito fácil!
Siga todos os passos abaixo:

1° - Siga @LiteraCinza no twitter
2° - Siga @ParisFilmes no twitter
3° - Envie um e-mail para suzannaclimaco@gmail.com com as seguintes infos: nome e twitter.

O resultado sai no dia 06/05!

Boa sorte!

Regras e condições: - É obrigatório ter endereço de entrega no Brasil; - A promoção começa 25/04 e termina no dia 06/05 ; - Os ingressos são válidos à partir do dia 28/04, de segunda a quarta, exceto feriados; - Caso desrespeite alguma regra, o participante será desclassificado sem aviso; - Os prêmios serão enviados em até 2 dias úteis após o recebimento do endereço do ganhador; - Em caso de extravios ou qualquer problema com a entrega por conta do endereço incompleto ou qualquer outro problema, o blog não será responsável e nem enviarão outro prêmio; - O ganhador receberá um e-mail e terá que responder com seus dados em um prazo máximo de 24 horas ou um novo sorteio será feito; • Resultado: Wellington Vilarinho e Samantha Andrade. Entrei em contato por e-mail e voces tem 48 horas para responder com nome+endereço. Caso contrario, um novo sorteio sera realizado.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

[Overrun: A Lenda dos Sete] Continuacao do Capitulo 20

Pego o Stin que havia guardado dentro da aljava de flechas as minhas costas. Clico no botao com a letra E  e a espada dourada aparece mais longa do que de costume. Vejo meu reflexo na lamina e nao se parece em nada comigo. Metade do rosto coberto pelo capacete branco, os olhos que demonstram medo sao a unica coisa que me lembram de mim mesma. A boca reta inexpressiva, o cabelo em um rabo de cavalo que me deixa quase selvagem. Desço a espada para baixo, para longe do meu reflexo. Em minha frente estao Marcelo e Jefferson. Os dois parecem confiantes e sorriem para mim. Parecem ter certeza de quem sou e do que posso fazer. Eu nao.
- Laura, lembre-se da lenda. Ela é o seu guia. E nao tenha medo de Konoch, pois ela é sua parceira de agora em diante. E o mais importante; nao esqueça da metade do amuleto.
- Quando eu tiver acabado devo traze-la para ca?
Se eu conseguir faze-la cooperar, penso.
- Nao. Estaremos esperando por voce alem do deserto. Basta deixar que ela te leve ate o portal. Estaremos la.
- E os outros? Onde esta Leandro?
- Eles se entregaram aos anciaos, Laura. Eles nao podem sair de Konden. Estao selados. Cada um tem seu proprio destino. Nao se preocupe com o deles.
Jefferson se aproxima de mim e pega minha mao livre levando ela aos labios onde deposita um beijo suave. Ele abaixa minha mao ainda na sua e quando esta prestes a solta-la decide nao faze-lo e me puxa para ele ja nao parecendo mais tao ferido.
- Estarei torcendo por voce, Laura. Ficarei aguardando voce no portal. - ele sussurra em meu ouvido. - Acabe com isso rapido.
- Tentarei.
Nos soltamos relutantes e dou alguns passos para longe.
- Laura, o ninho de Konoch fica a alguns metros daqui. Espere pela sua volta e nao toque em nada ate te-la domado.
- Tudo bem. Me lembrarei disso.
Olho por uma ultima vez para meus dois anjos. Antes que uma lagrima desça por meu rosto e eu pense em desistir ando para fora tropeçando em meus proprios pes. Entro na floresta de pinheiros e sigo para a esquerda em direcao ao ninho como Marcelo me instruiu. As sombras das arvores me assustam e ja esta ficando cada minuto mais escuro. Balanço a espada a minha frente cortando cipos e galhos que aparecem no caminho. O espaço é tao pequeno entre uma arvore e outra que mantenho as asas retesadas. A unica coisa que nao posso guardar sao meus pensamentos. Nao consigo deixar de me culpar por Levi e os outros que solenemente nos ajudaram a escapar e que agora podem estar mortos por minha causa. Ainda posso sentir os olhos verdes confiantes de Levi me analisando como na primeira vez que me viu. Quando assustado me contou sobre o seu sonho e que iria nos ajudar a fugir. Derramo uma lagrima por cada um deles em cada passo. Por suas vidas que nao podem ser desperdiçadas sem que eu lute ate o meu ultimo folego. Por cada um deles eu juro que brandirei minha espada sobre cada demonio que passar pelo meu caminho. Por eles eu prometo que irei tentar ser forte independente do que aconteça.
Caminho mais rapido consciente que o final do dia se aproxima e Konoch voltara para seu ninho onde ja devo estar esperando por ela. Depois de mais alguns metros, consigo vislumbrar algo grande de um amarelo queimado. Deve ser o ninho. Corro para alcança-lo quando de repente tenho a sensacao de uma presença, de algo vindo em minha direcao. Tropeço para fora da floresta em uma grande parte descoberta onde ainda podesse ver metade de troncos ainda inficados no solo. No meio do circulo, um enorme ninho que parece ter sido tecido com fios de cobre guarda tres grandes ovos dourados. Me aproximo devagar para olhar mais de perto. Toco a beirada lisa do ninho e olho para dentro procurando pelo amuleto e o avisto entre os ovos. Um pedaço de pedra cinza escura de tamanho medio. Ergo minha mao para dentro tentando toca-lo, mas nao chego nem perto. Quando tento pular para dentro ouço um som estridente tao alto quanto um trovao. Konoch.
Minhas asas se abrem estantaneamente e olho para o ceu e nao vejo nenhum sinal dela. Me coloco em voo percebendo que estou em má posicao. Facilmente seria encurralada por ela, entao voo em desparada para o ceu. Retiro o capacete e o jogo em direcao a clareira para que ela possa ver que nao sou um dos Ronais. Meus olhos ardem desacostumados com a luz intensa e os cubro com o antebraço. Antes que consiga focar alguma coisa um borrao cinza se joga contra mim em uma velocidade extraordinaria me arremeçando varios metros a frente. Estico minhas asas e as obrigo a baterem desacelerando o voo. Olho para a direcao para onde Konoch foi e entao a vejo. Parada a poucos metros de mim esta a maior aguia que eu ja vi na vida. Suas asas tao grandes como as de um dragao e reluzem como se fossem feitas do proprio sol e ainda assim nao ferem meus olhos. Seus olhos dourados me analisam enquanto ela solta mais um de seus grasnados ensurdecedores. Suas patas terminando em garras prateadas tao grandes quanto um dos meus braços. Suas asas batem como de beija-flores e quase parece que ela esta simpleamente parada com as asas erguidas. Esperando por uma atitude da minha parte.
Me engasgo com minha propria saliva e as palavras me fogem por que estou diante do que seria um raio da propria gloria. Logo eu percebo o meu tamanho comparado ao dela. Como eu posso domar algo tao magestoso e selvagem? Diante dela percebo toda a sua capacidade para ordenar o amanhecer e o entardecer. Os raios do sol a seguem ou fogem dela com apenas um vislumbre. Depois de varios minutos constrangedores em que apenas olhamos uma para outra, ela começa a ficar mais agitada balançando de um lado para o outro e se lançando um pouco para frente tentando me atiçar.
- Konoch... - minha voz sai tao estrangulada que nao a reconheço. - nos poderiamos resolver isso apenas com uma conversa? Imagino que voce saiba o que eu vim fazer aqui.
Ela abre o imenso bico afiado e solta uma especie de rugido nada caracteristico da sua especie. Estou apenas deixando ela raivosa. Nao vou conseguir nada sem uma luta.
- Tudo bem. Voce quem sabe.
Puxo a espada para cima de maneira defensiva e corto o ar a minha frente algumas vezes chamando-a para a batalha. Ela se lança para a frente com as garras erguidas em minha direcao, seus olhos focados em mim com uma determinacao gigantesca. Voo para ela e minha espada se choca contra as garras de ferro e faiscas se formam com o choque.Meu braço volta para mim com força e a espada se choca contra meu rosto deixando um talho em minha testa. Konoch me atinge com uma de suas asas aproveitando meu espanto e sou jogada para baixo. O golpe tirou o ar dos meus pulmoes e enquanto caio em direcao ao topo das arvores vejo Konoch vindo para mim. Obrigo as asas a me forçarem de volta para cima e ergo novamente a espada. Dessa vez miro a cabeça da ave com um desejo muito grande de mata-la. Espero o momento certo e corto o ar a frente com a espada com toda minha força.
Entao, algo a pega antes que chegue a garganta de Konoch. Ela segurou a espada com seu bico e puxa-a para si com força a retirando de minhas maos e a parte ao meio. Desvencilho o arco das minhas costas e antes que consiga colocar uma flecha nele um vento descomunal me atinge e sou lançada para a clareira logo a baixo. Caio no chao afundando no barro ao lado do ninho. Meu corpo doi em varios pontos e a pontos pretos aparecem em minha visao. É o fim. Mas nao deveria ser assim... Garras atingem meu peito forçando a minha armadura e afundo ainda mais na terra. Procuro pelo ar enquanto Konoch tenta me esmagar aos poucos. Lembro da adaga que esta na aljava de flechas as minhas costas, mas quando levo meu braço para tras Konoch percebe meu plano e com o bico arranca a aljava do meu corpo e a lança para longe. Começo a sentir enjoo, tonturas e o suor frio. Acabe comigo. Por favor qualquer coisa menos essa agonia, penso. Entao, acontece algo que eu nao esperaria. Ela abaixa sua cabeça gigante proximo ao meu rosto e vendo as lagrimaa descerem por meu rosto algo muda em seu olhar. Quase parece que ela esta... com pena de mim.

domingo, 20 de abril de 2014

[Overrun: A Lenda dos Sete] Capitulo 20

Antes que eu pudesse ter aberto minhas asas, ele ja havia desaparecido sobre as arvores. Me sinto culpada por ele, por todos nos. Se eu nao fosse uma Overrun, eles estariam seguros em casa. Todos estariamos. Nao que eu pudesse escolher. Nunca me perguntaram se eu estava contente com isso ou se eu realmente queria abrir mao se uma vida normal.
Uma mao encosta em meu ombro cortando meus pensamentos. Pelo canto dos olhos vejo Marcelo encarando as sombras das arvores. Uma lufada de ar e poeira nos cobre quando dois borroes brancos saem da caverna em direcao ao ceu. Hans e Jean.
- Eles vao traze-lo antes que chegue aos anciaos. - ele fala convicto e calmo.
- Eu nao posso ir com eles?
- Nao. Voce veio fazer uma coisa aqui e nao pode sair daqui ate ter terminado com ela.
- Voce acha que ela vai aparecer agora?
O medo reberverando pela minha voz. Maos suando.
- Dizem que ela carrega o amanhecer e o entardecer de Konden com ela. Como? Ninguem sabe. Mas ela ira aparecer hoje no final da tarde.
- No ceu?
- Voce prefere que eu lhe conte e voce tenha medo ou que veja por seus proprios olhos e tenha coragem? - ele diz, seus olhos azuis curiosos.
Tenho vontade de lhe dizer que nao ha possibilidade de eu criar coragem em momento algum,mas fico em silencio por alguns segundos.
- Voces disseram que estamos perto do ninho dela. Por que  nao vamos para la agora?
- No por do sol a amazona virá
Com uma espada de luz ela combaterá - ele usa uma voz melodiosa e percebo que esta recitando a lenda. -
A ave dourada das manhãs
E sobre ela se assentará
Domando-a para entao a levar
Por um caminho de brilho
Onde a fuga encontrará.
- Voce nao pode fugir da profecia, Laura. Se nao estariamos todos perdidos. Tenha paciencia.
- Eu vou tentar.
Suspiro. Nao outra saida a nao ser tentar.
- Sera que eles vao demorar muito para traze-lo? Nao sei se posso fazer isso sem... saber que ele esta bem.
- Eles vao traze-lo logo. Descanse enquanto isso.
Deixo Marcelo na boca da caverna e vou mais para o fundo dela. Levi passa por mim e me da um sorriso encorajador. Me deito no chao pedregoso em meio a escuridao. É estranho deitar por sobre as asas, entao me viro de lado. Fechos os olhos tentando acalmar meu coracao que acelera a cada minuto. Por Jefferson. Por Konoch. Por mim. Por todos nos. Eu nao sei como farei quando vê-la na minha frente, esperando pelo meu ataque. Algo me diz que ela foi criada nao sonente para anunciar os dias de Konden, mas para me testar. Para saber se tenho valor nessa guerra.
Lagrimas quentes descem por meu rosto quando lembro de minha mae e que nao tenho noticias dela. Gostaria de saber se esta bem, se sente tanto a minha falta quanto eu a dela; se ela e Bianca se dao bem. É impossivel aquietar meus pensamentos quando estou prestes a confrontar a primeira parte do meu destino, quando preciso fazer uma coisa para qual nao tive instrucao. Eles esperam que eu saiba o que devo fazer e que os leve para a proxima etapa. Dar o primeiro passo é uma responsabilidade muito grande para mim que nunca tive outra alem de ir a escola. Para uma garota que nunca teve coragem de enfrentar seus medos isso parece impossivel. Eu sei que ter chegado ate aqui ja era impossivel e isso deveria me trazer algum alento, mas nao me afeta como deveria. E nem tenho certeza se um dia isso tudo fara sentido e o que me resta é apenas suspirar, erguer a cabeça e fingir que sou outra pessoa. Que esses sentimentos nao existem e empunhar a espada em frente a quem quer que seja que apareça em nosso caminho.
Com esses pensamentos acabo dormindo. Um sono tranquilo como se eu nao estivesse prestes a enfrentar uma lenda e um exercito de anjos arqueiros sedentos pela minha morte. Pela morte dos que eu amo...
Alguem sacode meu corpo inerte e desperto. Me sento surpresa por meu corpo nao demonstrar nenhum desconforto depois de dormir no chao. Me ergo enquanto meus olhos se ajustam a luminosidade a minha frente. Hans e Jean arrastam Jefferson sobre seus ombros e ele parece machucado. Corro ate eles e paro a um metro. Seus olhos encontram os meus e se desviam rapidamente. Sua expresao de derrota e vergonha me assustam e me paralisam ate que Hans começa a falar.
- Precisamos derruba-lo antes que chegasse ate o castelo. Por pouco nao conseguimos. Ele é muito rapido.
Me aproximo de Jean pedindo para que ele me de seu lugar e passo o braço dele sobre meu ombro.
- Deixe comigo, Hans. Preciso conversar com ele. - digo.
Ele nao diz nada e o solta enquanto facilmente sustento o corpo de Jefferson. Passo meu braço livre por sua cintura, por baixo das asas sujas, o atracando com firmeza. Seu rosto esta arranhado e sangrando em alguns lugares e esta mancando dolorosamente da perna esquerda. Uma das asas teve algumas das penas arrancadas. Ele nao diz nenhuma palavra enquanto nos encaminhamos para o fundo da caverna. O ajudo a se sentar rente a parede da caverna. Ele desvia seu olhar do meu enquanto massageia a perna machucada. Olho para a entrada da caverna e nao vejo Hans, Jean ou Levi. Nem Leandro que nao havia percebido que sumiu. Pela intensidade da luz que entra na caverna percebo que dormi no maximo uma hora. Ainda tenho algum tempo antes de ir procurar por Konoch. Olho para Jefferson por alguns segundos com meu braços cruzados antes de falar.
- Por que voce fez isso, Jefferson? Voce pirou de uma maneira que eu nunca pensei em ver. Eles poderiam... te matar!
Ele levanta um pouco o rosto encarando seus pés, mas nao o bastante para me olhar nos olhos.
- Eu nao quero ser um impecilho para voce, Laura. Sem um anjo, eu nao sou nada. Eu queria descobrir o que o Leandro fez aos Ronais e tentar concertar isso.
- Olhe nos meus olhos. - minha voz sai autoritaria o que o assusta e ele me obedece. - Voce sabe que nunca seria um impecilho para mim. Talvez voce seja a unica coisa que me faz lembrar o porque de eu dever lutar. Sera que é tao dificil entender isso?
- Laura, isso nao é so sobre nos dois. Voce entende o tamanho da coisa que voce veio fazer aqui? Eu nao posso te atrapalhar. Voce teria que me salvar de cada perigo que aparecesse e eu viraria o principal alvo dos seus inimigos.
Me sento ao seu lado com nossos ombros se tocando e suspiro longamente.
- Voce deveria saber que o meu maior problema sera se voce nao estiver la comigo. Pensar em voce faria com que eu nao me saisse bem em nada que eu fizesse. Nao posso te deixar para tras.
- Mas voce tera, Laura. Se eu deixar de ser um Ronai antes de sairmos daqui, eu ficarei. Pelo seu bem e nao adianta voce tentar me fazer mudar de ideia.
- Isso ja é alguma coisa. - limpo uma mancha invisivel em minha armadura antes de continuar. - Mais tarde vou procurar por Konoch. Temos que sair daqui antes que os anciaos se cansem e mandem alguns Ronais atras de nos.
- Iremos com voce ate ela.
- Nao. Eu irei sozinha.
- E voce disse que me quer sempre ao seu lado.
Ele ri um pouco, mas para quando ver que nao faço o mesmo.
- Marcelo recitou a lenda deles para mim. Tenho que ir sozinha. Eu nao sei o que devo fazer exatamente, mas nao deve ser tao dificil se me encubiram dessa missao. - digo com um riso amargo.
- Eu sei que voce esta com medo. Nao precisa se fazer de durona comigo. Mas, eu tambem sei de outra coisa. Voce se subestima demais.
- Acho que é voce que me estima demais.
- Me abrace, minha teimosa. Eu sei que se sairá bem.
Me aconchego em seus braços com cuidado para nao machuca-lo ainda mais. Minha respiracao acelerada acaba seguindo a mesma da dele em um ritmo forte. Eu nao sei se hoje terei exito, se sairemos vivos dessa ou se conseguiremos fugir dos Ronais. Mas eu carrego uma certeza; a de que nada podera mudar o que sinto por ele e o que temos um com o outro. Porque onde eu estiver ainda poderei sentir sua presença tao forte quanto o som do bater de suas asas.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

[Novidade] Lançamento da Capa de Absoluto de MS Fayes pela Editora Charme

Olá, pessoal!

Estou participando da campanha de divulgaçãdo do livro Absoluto que será publicado pela Editora Charme. Aqui vocês poderam conferir a capa, sinopse e muito mais sobre ele!

Ansiosos?

Tcham...ram ram ram.

Absoluto
Trilogia da Lei #1
Aurora: MS Fayes

• SINOPSE:
Ela era um fenômeno, como
estudante de direito.
Ele era o advogado mais temido do estado. Prestes a se formar com honras, Kate se viu imersa no mundo do Direito civil, antes mesmo de estar com seu diploma em mãos. Conhecendo o trabalho
do Dr. Gabe Szaloki, ela foi pega,
inesperadamente, em uma onda
avassaladora de atração, mas ainda
assim relutou a se permitir viver
esse tórrido romance. Porém, Gabe não era imbatível apenas nos tribunais. Ele queria Kate a qualquer custo e mostraria a ela porque ele sempre saía vitorioso em seus casos.
Em meio a casos jurídicos, os dois
se enfrentam em um duelo de
palavras, que serve apenas para acender a chama incandescente que Gabe sente por Kate. Kate se vê seduzida pouco a pouco pelo poderoso advogado, entregando
seu coração de maneira despretensiosa.
Maquinações invejosas, um conflito e um mal entendido fazem com que os dois se afastem. E quando a verdade
vem à tona, Gabe tem que provar
que seu amor por Kate é simplesmente absoluto.

Sobre autora:
M.S.Fayes é o pseudônimo de Martinha Fagundes, conhecida na internet por suas divagações sarcásticas sobre todos os tipos de livros.De leitora ávida e curiosa para escritora foi um pulo. Esposa, mãe de dois rebentos, dona de casa, fisioterapeuta, professora, blogueira, desenhista e escritora, ela encontra em suas múltiplas personalidades a inspiração para criar seus personagens.Incansável, ela sempre está criandoum universo próprio, com bastante romance e emoção. De sua cabeça saem simultaneamente várias histórias, onde o foco principal é o próprio leitor.

Links:
Pré venda: http://
www.editoracharme.com.br

Facebook da autora: https://
www.facebook.com/MSFayes

terça-feira, 15 de abril de 2014

[Overrun: A Lenda dos Sete] Final do Capitulo 19

Meu cabelo se alongou e esta quase na altura da cintura. Ainda permanece da mesma cor e em um rabo de cavalo que o faz parecer uma cascata por conta das ondas dele. Retiro o capacete e usando-o como espelho vejo meu reflexo nele. Os olhos dourados me assustam e posso ver dentro deles o poder se agitar borbulhante como lava. Estou mais alta e com o mesmo traje dos arqueiros. Me dou conta de algo sibilando as minhas costas e entao as vejo. Tao cristalinas como se fossem feitas de diamantes brilhando em diversas cores. As penas parecem cortar como facas, mas ao passar minhas maos por elas sao tao macias como se parecem as nuvens.
- Agora que estamos prontos devemos ir. - Hans murmura.
- Mas, eu chamaria muita atencao. Nao existem arqueiras aqui. Existem? - pergunto.
- Talvez eles pensem que voce é a amazona da lenda. A domadora de Konoch.
- Voces tem lendas aqui?
- Sim. Mas nao a tempo para explicar. Devemos ir agora. O amanhecer esta chegando.
Jefferson pega uma de minhas maos entre as suas e me viro para ele o abraçando de surpresa. Como em um instinto, nossas asas se fecham ao nosso redor parecendo quererem se unir tambem. E antes de nos separarmos, ainda cobertos por elas, nos beijamos para ter certeza que nao é apenas um sonho. Uma certeza antes da batalha.
Hans e Jean abrem suas asas e pairam levemente perto do alçapao dando uma ultima olhada em nos. Minhas asas se desenrolam tao poderosas como membros que sempre existiram ali. Pelo canto dos olhos vejo Marcelo e Leandro se agacharem se metamorfoseando em duas aguias-luz, filhotes de Konoch. Antes que eu tenha tempo para pensar estamos voando pelo tunel do alçapao em busca da nossa liberdade. Saimos no grande salao que esta escuro e solitario. Sinto meus pulmoes sendo limpos pelo ar puro do lugar. Pousamos perto dos portoes da fortaleza enquanto Hans os abre. A paisagem alem do penhasco de Koden é exuberante. Um deserto circunda todo o desfiladeiro e na cratera onde a cidade foi colocada os pinheiros tao colados uns aos outros parecem querer esconder algo grande. A pequena cidade reluz quando os raios solares incidem sobre ela. O metal espelhado faz com que ela pareça ainda mais gloriosa.
Me assusto quando um arco surge em uma das minhas maos e uma aljava com flechas as minhas costas. O mesmo acontece com os outros que parecem abituados a esse fato. Quando os portoes estao totalmente abertos pulamos para o chao de terra e nos jogamos do penhasco pairando sobre o topo dos pinheiros, procurando por algum sinal de Konoch.
- Para onde estamos indo exatamente? - pergunto alto o bastante para ser ouvida por cima do som em meus ouvidos.
- Para uma caverna. Fica proxima ao ninho de Konoch. - Hans responde.
- Mas la nao é onde eles irao nos procurar primeiro? - Jefferson indaga.
- Nenhum arqueiro se atreveria a chegar tao perto de Konoch. Ela não é exatamente amigavel.
- E o pedaço do amuleto fica no ninho dela? - pergunto.
- Provavelmente. Ela é a guardiã, mas quando voce provar seu valor domando-a e montando sobre ela tera acesso a ele.
Suas palavras soam tao simples como se ele estivesse falando sobre montar a cavalo. Eles acreditam que eu seja a amazona da lenda, mas como posso ser quando nao tive forças de me libertar dos arqueiros? Como posso domar uma fera lendaria que carrega o amanhecer sobre ela? Suspiro e sinto um bolo na garganta que parece me sufocar. Nenhum arqueiro se atreveu a toca-la e eu serei a primeira a tentar e espero nao fracassar e decepciona-los. Espero nao morrer.
Depois de darmos a volta pela cidade vamos para uma parte da floresta ainda mais fechada. No ponto onde se pode ver o por do sol mais nitido descemos encostados ao paredao e ja podemos vislumbrar a boca da caverna. A floresta fica um pouco recoada do paredao e pousamos em uma faixa de terra. Dois guardioes, dois anjos protetores, um faz-tudo e dois falsos anjos. Um time e tanto para a caçada. Entramos na caverna e apenas uma parte recebe a claridade do dia. Aperto os olhos e nem com a aguçada visao de arqueira posso ver o fim dele e engulo em seco.
- Para onde isso vai? Parece um tunel. - pergunto. Minha voz ecoando pelo lugar.
- Melhor nao saber. Eu nunca entrei aqui antes. Apenas sabia do lugar e ja tinha sobrevoado por essa area. - Hans responde.
- E se ela vier dai em algum momento?
- Entao, voce tera que estar pronta.
Olho para os outros em busca de distraçao e tento nao pensar que a escuridao as minhas costas pode esta escondendo Konoch. Leandro e Marcelo ja voltaram a sua forma humana e conversam acalorosamente com Hans e Jean. Jefferson e Levi tambem conversam e me junto a eles na entrada da caverna.
- Nao levantaria mais suspeitas Hans e Jean ficarem aqui?
- Eles vao saber que eles ajudaram voces ou alguem teria os reconhecido na cidade ou sentido o poder emanar deles. - Levi responde parecendo triste.
- Levi, voces sabem que terao que ir com a gente nao sabem?
- Sei. Mas nao é o que quero. Eu sinto que eu tenho um dever aqui e ele nao é apenas ajudar voces.
- Mas nao podemos deixa-lo para tras. - Jefferson fala.
- Nao é escolha de voces e eu nao ficarei so. Um de voces ficara comigo.
- Como assim? Quem?
- Leandro. Ele tem pendencias com os ancioes. Esta selado aqui dentro e poder nenhum poderia tira-lo daqui agora.
- Que tipo de pendencias? - Jefferson pergunta nervoso. - Ele é meu anjo. Eu teria que ficar aqui com ele.
- Talvez so voces dois estejam destinados a partirem nessa jornada.
- Eu nao posso deixa-lo! Voce nao entende.
Jefferson arranca o capacete da cabeça e sua expressao parece confusa.
- Ele deveria ter me contado isso. Como ele me esconde uma coisa dessas?!
- Calma, Jefferson! Eu sei que voce nao quer deixa-lo e vamos esclarecer isso com ele agora.
Ele me da as costas nervoso e o sigo para a escuridao onde Leandro, Marcelo, Hans e Jean estao reunidos em um circulo. Jefferson empurra Leandro que apenas da um passo para tras e sua expressao nao esta de choque como seria o esperado. Esta triste.
- Porque voce nao me contou?! Tenho certeza que voce sabia que viriamos para cá e que quando botasse seus pes aqui nao poderia sair. - Jefferson diz apontando freneticamente para ele.
Leandro fica em silencio parecendo procurar as palavras certas ate que sua expressao se torna seria.
- Eu nao podia te contar e eu pensei que eles me perdoariam. - Leandro fala. - Voce pode ir sem mim agora que esta assim. E eu nao pensei que fosse problema.
- Como voce acha que eu vou sair daqui sem voce? Eu so tenho poder por sua causa. Isso pode se encerrar fora daqui e como eu vou ficar? A Laura tem a Marcelo, mas eu seria um atraso para eles.
Jefferson passa as maos pelos cabelos parecendo desolado. Suas asas se abrem e abanam desordenadamente para todos os lados. Me aproximo dele e coloco minha mao em seu ombro. Ele olha para mim com olhos lacrimejantes e tento parecer como se essa situacao nao fosse nada. Como se eu pudesse protege-lo.
- Se ele fez algo para eles, ele tem que pagar. - digo. - Voce nao pode fazer nada e nem ele a nao ser ficar aqui. Voce tem a mim e a Marcelo e agora voce é um arqueiro. Quem sabe...
Ele vira o rosto para longe e arranca seu corpo de perto do meu. Os passos fortes e decididos, as asas longamente abertas e entao ele se foi deixando um rastro de poeira.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

[Overrun: A Lenda dos Sete] Mais do Capitulo 19

Nao consigo dormir e nem aquietar meus pensamentos. Eles se mexem dentro da minha mente batendo dentro de mim e acabo com dor de cabeça. Depois de comer o ultimo pedaço de pao e de tentar me alongar no escuro para estar preparada para o que quer que seja que nos espere mais tarde, me deitei ao lado de Jefferson esperando pela volta de Levi. Ele disse que ja havia avisado Marcelo e Leandro que estavam de acordo com o plano. Logo mais estarenos todos juntos planejando os ultimos detalhes da fuga e nos desfarçando para podermos sair.
O silencio dentro da prisao faz tudo parecer ainda pior. Como se a qualquer momento ele fosse ser quebrado e algo pudesse surgir das sombras. Isso faz com que eu fique alerta, os musculos tensos e doloridos. Mas nao posso escapar do cansaço e logo ele vem ate mim e deixo minha cabeça repousar no corpo frio de Jefferson que dorme sempre alheio aos problemas.
Uma luz foca em meus olhos e eu acordo meio cambaleante. Em minha frente um anjo musculoso de olhos intemsamente dourados e cabelos loiros me olha intrigado. Suas asas abertas refletem a luz que entra pela porta diretamente em meu rosto. De tras dele surge Levi e vejo o vislumbre de outro anjo tao grande quanto o primeiro. Me levanto seguida por Jefferson que parece curioso.
- Desculpem acorda-los agora, mas esse era o momento mais propicio.
Levi faz um gesto com as maos para que nos juntemos a ele no espaço logo após a cela. O anjo de cabelos ruivos abre a porta da cela de Marcelo e Leandro e os dois saem apressados. Quando nos veem nos encaram felizes por  e parecem um pouco abatidos sem seus poderes, mas nao tanto quanto deveriam estar se fossem humanos.
- Este é Hans, o guardião do selo dos arqueiros. Ele que vai desfarça-los. - Levi aponta para o anjo de cabelos loiros enquanto fala. - E este outro é o Jean, o guardião dos poderes. Ele recolhe os poderes de outros anjos e as armas dos forasteiros. - ele diz apontando para o ruivo.
Eles cumprimentam Marcelo e Leandro com sorrisos enquanto suas asas batem levemente e meneiam a cabeça para nós.
- Precisamos ser rapidos para fugirmos enquanto todos dormem. - Hans fala. - Devolva-lhes as armas, irmao.
Jean faz um gesto com a mao nos indicando como se para alguem invisivel e nossas armas se materializam a nossa frente. Pego meu cinto, a adaga e o Stin e os prendo ao meu redor.
- Agora devolva-lhes o poder.
Jean apenas olha para Marcelo e Leandro, seus olhos banhados em uma luz dourada. Os corpos de ambos piscam em resposta e eles suspiram aliviados enquanto riem.
- É bom estar de volta. - Marcelo fala confiante.
Hans anda em direçao a Jefferson e coloca uma de suas maos em seu ombro.
- Agora é a vez de voces, pequenos. Voce tera o que tanto almejou, filho. Tera seu lugar em algo grande e ajudara no mover do mundo. Sera essencial nessa missao.
Jefferson fica estatico, parecendo pela primeira vez em tanto tempo apavorado, quase a ponto de correr. Mas um segundo depois lá esta a coragem novamente em seus olhos e posso ver as duvidas se esvairem. Entao, algo maravilhoso acontece. Seu corpo se eleva ao meu lado e uma luz branca tao forte quanto o proprio sol envolve seu corpo e sou obrigada a desviar o olhar. Quando esculto seus pés tocarem o chao, me viro novamente e o que esta diante de mim é um ser envolto em uma faisca da propria gloria, uma chama do fogo celestial. Em vestes brancas, esta o meu anjo guerreiro.

                         +++

Jefferson tira o capacete de prata da cabeça revelando seus olhos dourados. Seu cabelo ainda permanece revolto e com o mesmo corte diferente do restante dos Ronáis, como Levi havia nos dito que os anjos arqueiros se chamam. Suas vestes brancas medievais tem algumas partes de armaduras e terminam em um tipo de saia propria para dar leveza durante a luta. No meio do abdomen esta desenhado o simbolo dos arqueiros, a mae-luz, a aguia que anuncia a vitoria durante as batalhas e que tras o amanhecer de Koden em suas asas. Ele esta tao alto quantos os outros, mas apesar de suas caracteristicas ainda parece um deles. Quando ele abre suas asas e as encara como se descobrisse a oitava maravilha do mundo percebo que ele nasceu para isso. Para ser um deles. Um Ronai.
- Isso é... incrivel! Eu sinto como se o proprio ceu estivesse me chamando. - ele diz maravilhado.
- Creio que nao temos tempo para voce se acostumar a ser um de nós. - Hans diz autoritario e seu olhar se vira para mim. - Menina, voce sera a chave que abrira os caminhos para que seus irmaos cheguem seguros ate Gowin. Seu papel é fundamental, mas nao tenha medo. Voce tem mais do que precisa ao seu lado. So precisa... acreditar.
Suas palavras parecem caminhar pelo meu peito procurando um lugar para se depositarem. Entao, elas encontram o meu coracao e posso sentir o fogo queimar tao intensamete em minhas veias e quando meus olhos se fecham e meus pes ja nao tocam mais o chao, vejo a estatua de pedra da fonte do fogo selvagem se levantar com vida me indicando as chamas. Hipnotizada, eu entro na fonte e quando mergulho na lava o meu folego se vai e eu acordo em um novo ser e algo me diz que eu sou a primeira arqueira do clã dos Ronais.

[Resenha] Fallen - Lauren Kate

Publicado pela Editora: Galera Record
Li em formato: físico (empréstimo)

• Sinopse:
" Algo parece estranhamente familiar em relação a Daniel Grigori. Solitário e enigmático, ele chama a atenção de Luce logo no seu primeiro dia de aula no internato. A mudança de escola foi difícil para a jovem, mas
encontrar Daniel parece aliviar o
peso das sombras que atormentam seu passado: um incêndio misterioso levou Luce até ali.
Irremediavelmente atraída por
Daniel, ela quer descobrir qual é o
segredo que ele precisa tanto
esconder… mesmo que isso a
aproxime da morte."

Esse foi um livro que me enganei bastante quanto ao conteúdo do mesmo. Por conta da arte da capa (muito bem idealizada por sinal), pensei que se tratasse de uma estória muito sombria, quase de terror e acabei deixando de lado a possibilidade de lê-lo. Mas um amigo me emprestou e assim que comecei a leitura percebi que ele era BEM mais simples do que imaginava e acabei me cativando pela série que pretendo continuar a desvendar os mistérios por trás da protagonista.

A arte da capa conta com uma ilustração da Luce assustada e, possivelmente chorando, em meio a uma floresta obscura. Essa imagem trás bem o aspecto melancólico e sombrio da vida da personagem. Eu gostei bastante disso e o compraria só pela capa. (risos)

A diagramação está quase perfeita, com letras grandes (:3), boa disposição dos parágrafos e o modo como as folhas foram coladas a capa da uma leveza na hora de passá-las sem que precisemos forçá-lo para abrir. Na edição não encontrei falhas e a tradução está impecável. Apenas na impressão percebi algumas falhas em algumas frases que ficaram borradas ou faltando uma parte das letras. Uma reedição concertaria isso facilmente.

A narrativa é em terceira pessoa, o que acabei estranhando no início, mas logo me abituei e até acabei preferindo assim por sentir uma leveza nos pensamentos da personagem que não ficaram tão a amostra como seria em 1° pessoa. As descrições de ambientes são rápidas e diretas. Um ponto forte para mim que geralmente salto essas partes durante a leitura. Bem, o enredo começa nos contando um pouco da estória de vida de Luce e seus problemas logo antes de ser enviada para um reformatório pelos pais por conta de um incidente em que um amigo da mesma acabou morrendo quando os dois estavam juntos em uma festa. Descobrimos entao que ela é assombrada e perseguida pelo que chama de sombras que não prejudicam apenas a ela, como também as pessoas que se envolvem com ela. Não encontrando outra maneira de entender o comportamento estranho da filha, eles a mandão para a assustadora Sword & Cross, um internato para adolescentes problemáticos de todos os tipos no qual eles são vigiados 24 horas por dia. Lá ela acaba fazendo algumas amizades (como também, inimizades) e tenta se adaptar da melhor maneira possível até que surge em seu caminho Daniel, um garoto misterioso, atraente e que parece ter uma ligação com ela muito forte lhe dando a impressão de que o conhece de algum lugar. E para lhe deixar ainda mais confusa, um de seus amigos chamado Cam demonstra interesse por ela e sempre que possível tenta uma investida. Logo, surge um impasse para Luce: seguir o seu coração ou o que a vida lhe oferece? Bem, não que ela tenha muita escolha já que Daniel parece não gostar dela e tenta evitá-la sempre que ela tenta puxar conversa. Ela acaba ficando ainda mais intrigada com isso e com a ajuda de sua amiga Penn começa uma investigação as escondidas sobre a vida de Daniel na biblioteca e arquivos do internato, o que a leva a descobrir o que ele realmente é e que eles estão destinados a alguma coisa grande.

Talvez com essas minhas poucas palavras sobre a estória, ela lhe pareça atraente (ou não). O fato é que ela é bem mais confusa do que parece. Acabamos o livro sem saber o que são as sombras e de onde vem a maldição que cerca os dois. Poucas coisas são realmente explicadas, o que eu espero que esteja bem definido no próximo volume, Tormenta. Isso deixa muito a desejar, mas não é um impecilho para a leitura. Continuo querendo dar uma chance a série.

Recomendo a vocês que também deem uma chance a ela e leiam para formarem sua própria opinião. Para quem gosta de um romance levemente sombrio com uma pitada de mitologia, este é uma boa pedida!

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domingo, 13 de abril de 2014

[Overrun: A Lenda dos Setes] Continuacao do Capitulo 19

Tento fazer sentido as palavras de Levi, mas elas parecem ter entrado e saido de mim sem deixar pistas. Olho para tras procurando o rosto de Jefferson, mas nao o vejo. Ele ainda deve estar deitado como eu pedi que fizesse. Volto meu rosto novamente para Levi e seus olhos verdes esperam por uma resposta. Como se eu pudesse te-las.
- O que voce acha que isso significa? - pergunto.
- Eu acho que devo ajuda-la. Voce chamava meu nome como se eu fosse a sua ultima esperança.
- E talvez... voce seja, Levi. Isso deve ser um sinal. Voce faz ideia do que viemos procurar aqui?
- Sim, eu sei. Eu ouvi algumas conversas. Mas sozinho nao posso fazer nada por voces. Eu preciso conversar com outros anjos. Mas lhe digo que nao sera facil faze-los cooperar com voces. Os anciaos tem tomado a mente deles.
- Nos esperaremos, mas por favor nao desista.
- Eu preciso ir agora. Eles estao me chamando.
- Ainda tenho uma pergunta a lhe fazer. Por que seus olhos sao verdes?
Ele sorri e vira as costas para mim indo para o lado de fora. Ele para olhando para suas maos enquanto a porta se fecha sozinha lentamente.
- Talvez seja um sinal. Voltarei com noticias logo.
Fico encostada a porta ate nao poder ouvir suas asas cortarem o ar. So volto a mim quando a luz fraca toca o rosto de Jefferson e ele sorri para mim fazendo meu coracao se encher de... esperança.
Fico em silencio e sinto como se varios olhos estivessem me vendo pelas sombras. Me vigiando e esperando o meu menor vacilo.
- Voce ouviu a nossa conversa?
- Sim, Laura. Agora falta pouco para sairmos daqui.
- Voce acha que ele tera exito em trazer outros anjos para o nosso lado?
- Com certeza. Ele parece saber do que estava falando e parece querer cooperar conosco.
- E se ele for o unico, Jefferson?
- Pare de se assombrar. Nao pense demais, ja lhe disse. Eu ainda estarei aqui para lhe proteger.
                           +++

Depois de algumas horas sem me alimentar ja posso sentir a fraqueza se depositando no meus musculos. Ficamos os dois sentados um ao lado do outro de maos dadas esperando por algo que parece nao vir. O cheiro da morte me rodeia por todos os lados. Por dentro e por fora. Repouso minha cabeça no ombro de Jefferson e finjo que estamos em seu quarto. Afasto a sensacao ruim do meu corpo, troco o cheiro dd decomposicao pelo tao familiar cheiro de menta que ele tem. Tento me enganar, mas o frio que se apossa de mim faz toda a ilusao ir embora.
O mau estar me deixa apenas quando minha mente cansada de vagar, se deixa ser levada pelo sono e entao tenho um sonho. Estou correndo por uma floresta de pinheiros e algo me persegue. Nao tenho coragem de olhar para tras, mas posso ouvir milhoes de asas cortando o ceu logo acima de mim. Tao perto e eu completamente so. Ate que começo a ver uma luz entre as. arvores. Dourada e cegante. Uma sensacao protetora me vem ao pensar no ser que esta emitindo tal poder e corro ainda mais veloz. Um som estridente como o mais alto trovao ecoa por todo o lugar vindo de todos os lugares e eu paro. O som das asas se foi tambem. E entao, eu vejo um relance na luz que se acalma. Uma cabeça de aguia e as maiores asas que eu ja vi totalmente abertas. Um monstro ou a salvacao, nao sei dizer.
Algo meche meu corpo e eu recobro a consciencia. Uma tristeza tao grande entra em meu peito e quero voltar para o sonho por que eu estava tao perto... de alguma coisa que me faria sair dessa cela e desse plano. O rosto de Jefferson esta logo a cima do meu e vejo algo em suas maos.
- Porque me acordou?
- Levi trouxe duas bandejas dessa vez para nos. Ainda é muito pouco, mas da para nao morrermos agora.
Ao ouvir a palavra comida meu estomago vibra tao intensamente que chego a ficar com vergonha. Pego a bandeja das maos dele e a coloco rapidamente no chao. Tateio cegamente por ela ate achar um copo e o levo a boca. Leite. Eu nunca pensei que ficaria tao feliz por bebe-lo um dia. Me contenho para deixar um pouco para depois e o coloco com cuidado ao meu lado. Encontro mais dois paes e como um deixando o outro para mais tarde. Murmuro um agradecimento mentalmente mesmo sabendo que ele nao pode me ouvir.
- Ele te deu alguma noticia?
- Ainda nenhuma. Ele esta muito ocupado. Parece que ele é algum tipo de faz-tudo por aqui.
- Eu acho que ele é especial. Como daria para explicar de outra forma os olhos verdes se todos os outros tem olhos dourados?
- Tambem acho a mesma coisa. Talvez seja para que ele nao duvide do que deve fazer.
- Nos teremos que leva-lo conosco. Eles vao mata-lo ou tranca-lo aqui para a eternidade se ficar.
- Nao deixaremos ninguem para tras.
Comemos o restante em silencio e nao deixo de pensar no que teremos que fazer para poder sair daqui e o que vale a nossas vidas para que precisemos acha-lo.

                       +++

Muitos dia se passam ate que tenhamos alguma noticia afirmativa que nosso plano dará certo. Depois de comermos nossa segunda e ultima refeicao, Levi veio ate nos para nos contar as novas.
- Eu contei sobre meu sonho a dois anjos que podem nos ajudar. E eles toparam cooperar com a minha ideia de fuga. Estao tao ansiosos quanto eu para cumprir o destino que nos foi dado na criacao.
- Quem sao eles? - indago.
- Hans e Jean. Sao guardiões. Eles daram os poderes de voces de volta e suas armas. Ai partiremos para buscar a peça do amuleto.
- Que amuleto? - Jefferson pergunta.
- O amuleto de Gowin. Para voces poderem abrir os portoes do inferno. Diz a lenda que eles foram divididos em cinco pedaços que os sete Overruns teram que encontrar e levando-os ate Gowin terao que uni-lo todos juntos.
- Eu nao sabia disso ainda. Mas como voce acha que nos poderemos sair sem sermos vistos? - falo.
- Jean dará um jeito nisso. Ele é guardiao do selo dos arqueiros. Poderá transforma-los por um tempo em um de nós e nao serao percebidos.
- E voce sabe onde podemos encontrar nossa parte do amuleto?
- Diz a profecia que nos foi dada que ele esta ao lado de Konoch, a mae-luz. É a nossa aguia simbolo. Seus filhotes guardam os portais para nosso plano.
- Eu tive um vislumbre dela a pouco em um sonho. Acho que temos que ir logo ao encontro dela.
- Amanha vou trazer eles aqui. Depois que os anjos forem descansar para nao levantar suspeita. Precisaremos ser rapidos.
Ele se levanta e sai nos dando um sorriso e um aceno.
- Ate amanha, meus amigos. Amanha sera o dia em que nossos destinos estarao finalmente em comunhao com o certo.
-

sábado, 12 de abril de 2014

[Overrun: A Lenda dos Sete] Capitulo 19

- Voce esta bem? - Jefferson pergunta assim que nos levantamos.
- Levando em consideraçao que eu cai em um chao coberto por musgos e ele amassiou a queda, sim estou. E voce?
- Se voce esta bem, eu tambem estou.
- Levaram os outros para onde?
Assim que termino a pergunta percebo sons de passos e asas batendo frente a porta. Corro para ela e vejo Marcelo curvado para frente mal se mantendo em pé. A porta da cela em frente a minha se abre e ele é jogado para dentro. Leandro que eu nao havia percebido é arremessado logo depois e a porta se fecha magicamente. Os anjos abrem as asas e voam e os perco de vista. Gemo frustrada e com raiva e lagrimas descem por meu rosto. Nao pode acabar assim. Eu nao abdiquei de uma vida inteira para isso. Me lanço contra a porta diversas vezes e nada acontece. Nenhum talho na madeira. Nenhum movimento. Chuto, esmurro e tudo continua o mesmo. O fogo que senti em meu sangue se foi tao rapido quanto chegou. Me encosto na parede me sentindo esgotada. O frio do metal percorre o meu corpo me deixando ainda mais dolorida. Meu corpo se arrasta ate que estou sentada novamente no musgo. Jefferson me pega em seus braços e me deixo ir para ele em busca de conforto.
- O que vai acontecer agora?
Minha voz sai tao baixa e entrecortada, cheia de medos. Ele beija meus cabelos e quase posso ver seus olhos castanhos tao tristes quanto os meus.
- Eu nao sei, mas daremos um jeito. Lembra das palavras da sua profecia? Nas asas de fogo encontrarao a fuga. Nos acharemos uma saida.
- Eu nao sei se acredito mais nisso... não quando estamos aqui sem poderes e tendo eles longe de nos.
- Nos estamos em outro plano com anjos. Isso é motivo suficiente para voce acreditar no extraordinario. Eu acredito, Laura.
- Entao, precisamos pensar em uma saida.
- Descanse primeiro. Voce esta muito abatida.
- Como voce sabe se nao pode me ver aqui?
- Eu sinto em sua voz. - ele diz enquanto me ajuda a levantar. - Tem duas camas de ferro embutidas na parede. Vem que eu te ajudo.
Sigo seus passos por alguns segundos ate o fim da cela. Tateio a parede ate que encontro  o metal frio. A cama mal cabe uma pessoa e a apenas alguns centimetros acima fica a outra. Espero que ele suba para a sua e me deito. O frio acha seu caminho ate mim e meu corpo doi ate os ossos. Eu nao conseguiria dormir agora nem em uma cama feita de penas de gansos. Nao quando minha vida esta para acabar aqui embaixo longe do meu mundo e distante da minha mae. Uma lagrima cai sobre o metal e outras seguem o mesmo caminho.
Acordo quando ouço a porta se abrir, mas nao me levanto. Nem Jefferson que apenas se mexe desconfortavel. Um anjo entra pela porta com uma bandeja nas maos e a coloca no chao. Ele nos olha por alguns segundos parecendo duvidoso, quase como se estivesse com pena de nós.
- Desculpem por ser tao pouco. Apenas sigo ordens. Nao deixem de comer por que nao sei ate quando eles me deixarao trazer alguma coisa para voces.
Sua voz é menos melodiosa que a dos outros arqueiros e ele é um pouco mais baixo. Quando ele nos da as costas para sair o chamo.
- Como é o seu nome?
Ele para ainda em duvida, mas responde fracamente antes de a porta se fechar totalmente.
- Levi, senhorita.
Me levanto e percebo meus musculos enrijecidos e doloridos. Caminho um pouco na tentativa de me sentir mais confortavel, mas na escuridao umida e com o cheiro do ar mal posso me manter consciente. Jefferson salta da sua cama parecendo mais forte do que eu e me envolve pela cintura. Seu calor me faz me sentir um pouco mais viva e penso que se estivesse sozinha aqui talvez eu sucumbisse ao desespero.
Ele me vira como se quisesse ver meu rosto, o que é impossivel. Nos afastamos para mais perto da porta ate que a luz fraca acaricia seu rosto e posso distinguir suas feiçoes. Seu rosto esta serio e raivosa, mas quando seus olhos alcançam os meus, ele amolece. Seus labios se pressionam contra os meus e estao tao gelados que quase me afasto deles, mas a vontade que tenho dele é maior do que qualquer coisa. Sua respiracao quente percorre os meus ombros, minha clavicula enquanto ele deposita beijos aqui e ali. Eu acabo me retraindo do seu contato e ele segura minha mao firme nas suas e me da um sorriso leve.
- Vamos comer. - ele diz.
Nos sentamos no chao proximo ao unico ponto com luminosidade e investigamos a comida que nos foi dada. Um pao velho e duro e um copo de agua. Apenas isso e agora sei por que aquele anjo disse que era tao pouco. Mas o que nao me sai da cabeça, ele pediu desculpas. O unico que demonstrou alguma amabilidade conosco ate agora.
Jefferson divide o pao e me da uma das metades e percebo que ele me deu a maior. Olho para ele de maneira acusativa e parecendo advinhar da de ombros. Como vorazmente percebendo o quanto estou faminta, mas nao é o bastante para me saciar. Eu so me pergunto se teremos apenas isso por hoje. Bebo metade da agua e Jefferson praticamente arranca o copo das minhas maos e sorve ate a ultima gota e acabo rindo.
- Voce tambem achou a maneira como Levi falou estranha? Parecia que ele estava com pena de nos. - pergunto.
- Eu percebi o mesmo. Talvez possamos perguntar-lhe alguma coisa sobre a lenda. Sobre o que vinhemos procurar aqui.
- E quem sabe ele possa nos ajudar a fugir. Ele nao parece ser um mau anjo como os outros.
- Temos que esperar para ver. Talvez devessemos encurrala-lo aqui dentro e obriga-lo a falar.
- Nao! Isso so vai assusta-lo. Deixe que eu falarei com ele. Voce fique deitado fingindo dormir ou algo assim para que ele se sinta a vontade. E nao se meta.
- Ta bom, comandante!
- Nao me faça rir. Parece tao errado estando aqui dentro.
Sinto dedos acariciarem meu rosto e depois meu cabelo. Suspiro.
- Laura, so ficaremos aqui por um tempo. Tenho certeza. Nao precisa ficar sempre na defensiva. Tente relaxar, se nao como vai poder pensar com clareza?
- Eu odeio quando voce tem razao.
Ele ri e me puxa para ele. Sempre querendo me proteger e fazer com que eu veja o lado bom de tudo. O problema é que nao gosto de precisar ser lembrada disso sempre.
Nos deitamos novamente e posso ouvir o ressoar da respiracao dele enquanto dorme. Eu apenas me viro sobre o metal nao encontrando nenhuma mandira dd relaxar. Penso em Marcelo e em Leandro que devem estar ainda piores do que nos e ainda mais confusos. Sem seus poderes, contando apenas com seu lado humano. Me sinto triste e culpada por ter sido tao fraca e nao te-los ajudado. Por ter sido domada tao facilmente. Eu deveria ter sido capaz de nos colocar para fora se apenas eu ainda fiquei com algum poder. Eu poderia...
Antes que possa terminar meu pensamento a porta é escancarada. Nao sei se ainda é dia ou noite. Talvez o tempo aqui nao passe da mesma maneira que no nosso plano. Me ponho de pé e algo me chama atençao no anjo parado na porta. Seus olhos sao verdes luminosos. Brilham com chamas que parecem poderosas e me sinto quase ipnotizada por eles. Entao, percebo que se trata de Levi quando ele se aproxima mais.
- Veio trazer algum recado dos seus mestres? - pergunto de maneira seca tentando nao demonstrar o quanto estou abalada e fraca.
- Nao. Eu vim conversar com voce. Mas tenho que see breve.
Ele encara as maos que se mexem por cima uma da outra parecendo nervoso e assustado.
- Pode falar. - digo me aproximando devagar dele ate que paro em sua frente.
- Eu tive um... Como voces chamam? Sim, um sonho. Com voces. Nunca tive um antes e creio que nenhum anjo os tenha. E parecia tao... real.
- Diga logo o que viu.
Quando seus olhos encontram os meus posso ver uma faisca de terror passar por eles.
- Eu ouvia voce gritar meu nome varias vezes aqui da cela com um grito aterrorizado. Eu estava la no grande salao e podia ouvir tao claramente sua voz como se estivesse dentro da minha mente. Os outros anjos pareciam nao ouvir aquilo. Eu tentava afastar seus gritos, mas  nao conseguia. Quando pensei estar quase para enlouquecer, desci pelo alçapao. Voce ainda estava chamando pelo meu nome e quando ouviu meus passos pareceu ficar animada. Quando abri a porta da cela para ver o que tinha acontecido, voce estava parada como uma estatua me olhando firme nos olhos e entao eu vi... na sua testa...
Ele se silencia de repente parecendo abalado demais para continuar e sinto meu coracao retumbando dentro de mim, o fogo percorrendo minhas veias.
- Diga o que voce viu!
- O selo dos anjos arqueiros gravado na sua testa. Tao vivo quanto o fogo selvagem da fonte espiritual.

[Overrun: A Lenda dos Sete] Final do Capitulo 18

A cidade fica no meio de uma cratera circundada por um penhasco com alguns quilometros de altura e parece pequena. O restante do lugar é composto por uma floresta fechada de pinheiros. Voamos rapidamente por um dos lados do paredao em direcao ao enorme castelo. Ele é feito de pedra e possui quatro torres na frente e algumas pistas com obstaculos que eu suponho que sejam para pratica de voo. As torres nao possuem portas apenas algumas janelas para que eles entrem por elas e nenhuma escada. A entrada para ele fica a alguns metros do chao e por isso seria inacecivel para nos. Um portao de madeira é abaixado e entramos por ele. Um grande salao se abre ao nosso redor e quando ergo minha cabeça vejo que nao a escdas em lugar algum. Apenas portas por toda as paredes acessiveis apenas por voo. Eles nos levam por um corredor com varias portas fechadas e dobramos por um segundo corredor. Esse se abre em outro solo de tamanho menor que o primeiro e sem portas nas paredes. Todo o castelo tem um ar medieval o que acaba nao combimando com o estilo militar dos anjos. Um tapete vermelhor vai da entrada ate uma grande mesa na parede dos fundos com tres grandes assentos por tras onde estao sentados anjos com uma aparencia mais adulta. Eles nao sao idosos, mas algo me diz que sao eles que governam esse lugar e que detem toda a sabedoria e ensinamento que pasaam para os demais.
Quatro cadeiras uma ao lado da outra foram colocadas de frente para a mesa dos anciaos como se eles ja nos esperassem a muito tempo. Posso ver o pó e teias que se acumularam sobre elas. Somos colocados no chao e as cordas retiradas de nossos braços. Massageio meus pulsos doloridos no momento em que o anciao do meio se ergue e suas asas sao um pouco abertas e luz emana dele fortemente por alguns segundos.
- Todos sentem-se. - ele diz com uma voz melodiosa como se estivesse misturada ao som de um violino.
Nos sentamos depois de espanar a poeira e o anciao se mantem de pe.
- Esperavamos pela vinda de voces a muito, muito tempo. E sei que esperam que nos estamos felizes com isso e que iremos ajuda-los na sua tarefa. Bem, nao é isso o que queremos. E penso que voces tambem nao.
- Aonde voce quer chegar com isso, Julius? - Marcelo pergunta um pouco acima do tom.
- Ora, chegaremos la. Nos podemos ate termos sido criados para isso, mas nos queremos comandar o nosso proprio destino. Nao queremos ser capachos de humanos. Seu mundo significa tao pouco para nos para que nossas vidas sejam exterminadas por elas.
- Se voce pensa assim a insignificancia esta em voce, nao em nos. Voce nunca deve ter saido deste plano para poder falar de nos com tanta intimidade! - falo e atraio seu olhar para mim.
Um sorriso ameaçador cruza seus labios, mas permaneço inabalavel.
- Eu conheço voces desde a criacao. Nos sempre estivemos de olho em voces ate decidirmos tomar as redeas de nossa existencia. Nao ficarei explicando meus motivos para voces, simples mortais. Seus destinos estao agora em nossas maos e creio que teremos que mudar a direcao dele. Sentencio voces a reclusao perpetua nas masmorras baixas por terem invadido nossos dominios. Podem leva-los.
Ele se vira para nos e abre suas asas cobrindo o rosto dos outros anciaos. Me ergo juntamente com os outros e procuro por minha espada quando percebo que estou sem ela. Oito anjos vem em nossa direcao e estamos despreparados sem nossas armas e sem nenhum poder. Mas nao vamos nos entregar sem lutar. Sinto um poder fervente por todo meu sangue e tenho a certeza  do que sou. Olho para os outros que estao esperando pela luta com medo em seus olhos. Ate mesmo Marcelo.
Os arqueiros formam pares e vem para cima de cada um de nos. Eles mergulham no ar em nossa direcao e vejo quando um deles acerta um soco no rosto de Leandro o arremessando para longe. Olho para frente quando um deles desce em minha direcao com a mao fechada em punho. Antes de ele chegar bem perto me lanço para o chao me apoiando com os braços e o chuto na barriga com o pe direito. Ele é jogado para tras com força o bastante para quebrar a mesa onde os anciaos estavam e agora ja nao os vejo em lugar algum.
Me levanto e espero que ele se aproxime voando para um ataque. Me lanço em direçao a uma de suas asas para tentar pega-lo por tras e minha maos  passam direto por ela e ele aproveita e me pega pela cintura me elevando do chao. Tento me livrar inutilmente do seu aperto enquanto nos movemos para fora do salao. Olho por sobre o ombro dele e vejo Marcelo sendo golpeado no estomago varias vezes. Do seu lado Leandro e Jefferson estao inconscientes. Sem seus poderes nao podem fazer nada alem de aguentar firme. E sem ajuda tambem nao posso fazer nada diferente.
- Voce nao poderia me soltar pelo bem da humanidade? Talvez voces acabem pagando por isso cedo ou tarde. Se eu nao posso fugir do meu destino tampouco voces podem.
Ele apenas olhou para mim por um segundo e nao disse uma palavra. Fiquei em silencio aproveitando para ver cada detalhe do caminho para caso um milagre acontecesse e conseguissimos fugir. Passamos pelos mesmos corredores anteriores que dao no salao. Em uma das extremidades pousamos e ele me mantem presa depois de amarrar meus braços com uma corda enquanto ele retira um pequeno tapete do lugar revelando uma porta de madeira velha de um alçapao. As palavras de Augustin retornam em minha mente. Masmorras Baixas. Faz todo sentido.
Descemos pelo buraco escuro e umido e um cheiro putrefato me atinge em cheio. Nos esprememos pela passagem que parece infinita e posso ouvir o ressoar do meu coracao. Minhas maos começam a suar e tenho medo do que vou encontrar quando chegar la embaixo. Depois do que parece uma eternidade, aterrisamos. O lugar tem algumas tochas de fogo, mas ainda assim parece muito escuro para mim. Uma pequena sala sem mobilia da vista para um corredor de celas. Varias delas ate que nao posso maia enxerga-las por falta de iluminacao ao longo do corredor. Apenas as primeiras celas permanecem com alguma luminosidade. Ele me empurra para que eu siga em frente e percebo o cheiro forte de algo podre e gostaria que meus braços estivessem livres para acalmar meu nariz. Por sorte, ele para na primeira cela e noto que nao existe outros prisioneiros aqui. A porta de madeira se abre e sou jogada para dentro com força e acabo caindo no chao. Quando levanto a porta é trancada e apenas um pequeno raio de luz entra pelas grades de uma janelinha minuscula.
Ouço passos e vozes alarmadas e me jogo contra a porta. Pela janela mal posso ver alguma coisa com as barras tao proximas umas das outras, mas distinguo a silhueta de Jefferson a minha frente. Me afasto assim que a porta se abre e ele é arremessado para cima de mim com ainda mais força do que eu fui e caimos os dois no chao e tudo volta a escuridao.

[Overrun: A Lenda dos Sete] Mais do Capitulo 18

Me sento novamente da cadeira me sentindo feliz pela recem descoberta. Agora ja sabemos para onde devemos ir, qual sera nosso primeiro passo. Ainda assim algo assusta minha alma a balançando dentro de mim em uma tentativa tola de escapar. Quando se chega ate aqui nao a mais como voltar, diz a minha profecia. Quando eu colocar meus pes dentro daquela cidade minha vida estara selada. Para o triunfo ou para o fracasso. Condenada ou absolvida. E so no final dessa lenda terei a resposta.
- Isso é magnifico! Ainda nao posso acreditar que estarei com voce descobrindo uma cidade escondida. Que eu estarei la quando os portoe forem trancados. - Jefferson fala entusiasmado.
- Nos vamos ate la amanha. - Marcelo fala. - Isso parece requerer nossa atencao o quanto antes ou a Laura nao teria tido essa visao.
- Eu ainda posso escolher? - pergunto.
De repente, meu coraçao ficou acelerado e as palavras sairam. Como uma ultima tentativa desesperada. Mesmo que eu saiba a resposta que vem a seguir.
- Nao a escolha. O seu destino te encontraria cedo ou tarde, Laura. Adiar isso esta alem das suas forças. - Marcelo fala de uma maneira leve. Tentando fazer as palavras serem mais faceis de se digerir.
- Laura, nao precisa ter medo. Voce pode confiar em nos. E o mais importante. Pode confiar em si mesma. - Jefferson fala.
- Eu confio. - suspiro derrotada. - So preciso de uma boa noite de sono para poder me arriscar  amanha. Nao se preocupem comigo. Eu estarei pronta.
             
                      +++

Mesmo nos braços protetores de Jefferson existe um lugar que ele jamais poderia me salvar. Dentro de mim mesma so eu posso me entender. Os sonhos estao la um apos o outro me perturbando. Sons de asas flamejantes, de flechas atiradas ao acaso, sons de espadas chocadas umas contra as outras. Em meio a escuridao eu ainda posso ver aquela estatua me assombrando. Posso sentir a flecha em meu peito me rasgando por dentro. Mas talvez seja tudo por conta do medo. Afinal, eles sao anjos e foram criados para nos ajudar. Talvez eles so precisem de algo que os disperte para a batalha.
Depois de pegat todos os meus utensilios espirituais e uma copia da profecia aqui estou eu novamente pisando no local onde eu prometi que nao iria mais voltar. Cada passo que dou em direçao ao meio do bosque retumba em meu coracao. Tenho consciencia de Jefferason segurando minha mao forte entre as suas e de Marcelo ao meu lado. Nos nao sabemos pelo que procurar para ativar o portal, mas Marcelo acha que deve ser como abrir um selo.
Paro embaixo da minha arvore procurando por uma pedra ou bloco com alguma inscricao. Tive a ideia de que aqui seria o lugar mais obvio para procurarmos primeiro ja que tudo parece esta ligado a mim diretamente. Dou a volta por ela quando tropeço em algo. Me abaixo e vejo uma ponta de pedra acima da terra. Uso as maos para afastar os pedregulhos e cavo. Depois de alguns minutos me deparo com um bloco de pedra cinza. A ponta para fora é uma parte excedente da pedra em forma circular. No meio dela fica um buraco em um formato como de uma fechadura.
Percebo a chave do meu colar brilhar intensamente e a coloco na fechadura. A giro e ouço um estalo. Olho para os outros esperando que algo aconteça, mas nada vem. Me levanto e imediatamente o chao começa a tremer. Me seguro em Jefferson para nao cair e quando olho para o meio da trilha vejo surgir do chao uma escultura. Aponto para que os outros olhem e pego o Stin por precauçao. Uma aguia com as asas abertas aparece sobre o topo do que parece ser o portal. Nos encaminhamos para perto dele e percebo que Jefferson segura uma espada de prata nas maos que parece um outro tipo de Stin.
Quando estamos de frente para o portal o tremor para. Atraves dele podemos ver apenas o restante da trilha. Marcelo vai ate ele e começa a olhar as inscricoes. Ao redor dos pilares estao incrustados elaborados desenhos de arqueiros em batalhas. Agunas voando e atirando flechas para baixo, outros apontando suas flechas para nos. Um dos desenhos me chama atencao e parece ser o mais bem feito deles. Um arqueiro de costas com o rosto levemente voltado para tras. Suas asas pairam atras de si quase fechadas e ele segura firme o seu arco. Seu olhar é serio e ao mesmo tempo triste. Seu cabelo bagunçado me tras alguma recordacao. Quando compreendo de onde vem a semelhança e quem é aquele anjo um som estridente corta o ar.
Me afasto rapidamente com o Stin ja em forma de espada de maneira defensiva quando vejo luzes surgirem em meio a rachaduras do topo do portal. A escultura da aguia esta se despedaçando e uma luz forte vem de seu interior. A aguia do meu sonho aparece por baixo dos fragmentos restantes fechando suas enormes asas e recolhendo sua luz. Ela espana o restante da pedra de suas penas e logo olha para nos com seus olhos dourados. Algo chama sua atencao no portal e ela olha para baixo como se vendo algo por ele que nao podemos enxergar.
Entao, a imagem da trilha por ele parece se misturar formando outra em seu lugar. Meu coracao dispara quando vejo o brilho do fogo selvagem da fonte dos anjos arqueiros.

                                +++

Assim que passamos pelo portal olho para tras para ve-lo, mas ja nao nada alem do que a paisagem de Konden ao nosso redor. De frente para nos esta a fonte com a escultura do arqueiro apontando sua flecha para nos. Olho ao redor e percebo que estamos no meio de algum tipo de praça em forma circular. Arvores baixas nos cercam por todos os lados, mas por entre elas da para se distinguir partes das construçoes cinzas de pedra. Seguro a mao de Jefferson entre as minhas e ele olha para mim sorrindo para me tranquilizar. Marcelo e Leandro olham para o céu parecendo serios e como se esperassem algo vir la de cima.
- Fiquem juntos e ergam as espadas. Eles estao vindo. - Marcelo diz mecanicamente.
- Mas nao vejo nada. - digo olhando para o ceu em um tom amarelo como se estivesse amanhacendo.
- Ouça. - Jefferson fala.
Depois de alguns segundos forçando meus ouvidos a captarem alguma coisa finalmente ouço um som se aproximando e ficando mais intenso. Como se mil asas rasgassem o ar. As arvores ao nosso redor se agitam e o vento que nos circula faz parecer que um helicoptero esta um pouco acima de nossas cabeças. Mas ainda nao posso ver nada alem das folhas se agitando.
Logo, por entre as arvores, percebo algo se aproximando. O sol em contato com as asas deles reflete em diversas direcoes como em um espelho. Eles aparecem velozmente e voam pelo espaço onde estamos nos circulando e nos forçando a ir para mais perto da fonte. E do fogo. Conto cinco deles assim que eles pousam no chao ao nosso redor. Eles sao todos brancos como pessoas albinas e estao vestindo um tipo de uniforme militar totalmente branco. Seus cabelos revoltos quase selvagens cortados do mesmo tamanho e forma, mas possuem cores diferentes assim como seus rostos tambem o sao. Suas asas totalmente abertas reluzem como uma energia propria e sao totalmente brancas. Apenas a de um é de um cinza fosco.
Este vem ao nosso encontro com uma expressao raivosa. Seu corpo musculoso e sua altura como do mais alto jogador de volei nos da uma impressao imponente e a luz que emana dele, respeito. Eles parecem cinco bolas de luz vindas diretamente do paraiso para a batalha.
O arqueiro de asas cinzas para de frente para Marcelo e dar um olhar de nojo para Leandro de uma maneira como se ja o tivesse visto antes. Ele segura firme o seu arco cor de prata e olha diretamente nos olhos de Marcelo que o devolve um olhar exatamente duro.
- O que fazem aqui, forasteitos?
Ele diz cuspindo cada palavra e nao era o que eu esperava vindo de um anjo. Mas lembro que ele é um desertor.
- Cumprir os nossos destinos, Augustin.
- Nossos destinos? Eu nao tenho nada com voces. Nem ao menos os conheço.
Em um impeto de raiva vou ate onde eles estao e olho diretamente nos olhos dourados de Augustin.
- Sou uma Overrun e espero que voce colabore conosco. Voce deve saber de que destino ele falou.
Ele me olha com curiosidade e suas asas se fecham as suas costas.
- Os levem para o ministerio. La decidiremos o destino de voces.
Ele voa por entre as arvores abilmente nos deixando para tras. Quando penso em erguer minha espada sinto algo prendendo meus braços em minhas costas e me debato tentando me soltar. Um dos arqueiros amarrou de maneira altamente rapida uma corda em meus pulsos e tao vekoz quanto me ergue com uma das maos em direcao ao ceu.
Olho para baixo e vejo os outros sendo erguidos tambem. Encontro o olhar de Marcelo por apenas um segundo e o vejo calmo. Sinto sua voz se formar em minha mente quando afasto meu rosto para ver para onde estao nos levando.
- Nao tenha medo. Temos que cooperar ou nao teremos como escapar. Meus poderes nao funcionam aqui.
Um tremor percorre meu corpo quando visualizo um castelo erguido em cima de um precipicio que circunda a cidade. Olho para baixo e vejo as cosnstrucoes como predios um aos lados dos outros com ruas estreitas entre eles e percebo que ela nao é feita de pedra e sim de ferro. Finalmente, chegamos em Konden e agora o nosso destino esta nas maos deles. E eu espero que ele nao termine aqui.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

[Leituras do Mês] Abril #5

• La La Land - O Sonho Americano*
• Fallen*
• Tormenta
• Prova de Fogo - (TMR)
• Paixao

Por conta de ressacas literárias que me perseguem muito não li mais.

Obs.: livros com * possuem resenhas no blog.

domingo, 6 de abril de 2014

[Overrun: A Lenda dos Sete] Continuação do Capitulo 18

Algo dentro do meu subconsciente estala toda vez que chego perto de contar sobre o sonho com alguem. Um frio na barriga tao grande como se eu estivesse prestes a ser atingida pela flecha daquela escultura. Depois de muito pensar decido chamar Marcelo e o puxo para fora. Nos sentamos no banco ao lado da casa e ele parece calmo e relaxado. A brisa bagunça seu cabelo loiro e seu semblante é quase alegre. Procuro as palavras certas a dizer, mas elas acabam simplesmente saindo.
- Eu tive um sonho como voce disse.
- Me conte.
- A cidade de ferro e fogi se chama Konder.
Ele se mexe desconfortavel e por um segundo parece assustado.
- Voce disse Konder?
- Sim. Eu vi um portal com essa inscriçao. Dizia tambem que é a cidade dos anjos arqueiros.
Seu semblante parece pensativo e distante quando ele volta a falar.
- Eu ja havia imaginado, mas esperei voce ter a confirmacao. Os anjos arqueiros foram criados para ajudar no dia da batalha final. Mas dizem que eles meio que se rebeleram e estao trancados nessa cidade. Nao sabemos se eles irao cooperar ou nos deixar entrar.
- Foi bem isso que eu pensei quando vi uma escultura raivosa apontando uma flecha para a entrada. Parecia que ela iria criar vida.
- Quem sabe... Voce viu mais alguma coisa que possa nos indicar onde ela fica?
- Eu vi uma aguia e foi por causa dela que vi a imagem atraves do portal. Fora isso, apenas um deserto circundado de montanhas.
- Nao deve ser aqui. Pode ser outro portal, mas aqui deve haver um tambem. Teremos que esperar.
- Eu nao aguento mais esperar. Isso me angustia.
Seus olhos azuis encontram os meus e eles sao tao calmos quanto o mar em um fim de tarde. Tem uma paz neles que me faz sentir que qualquer pensamento triste parece em vao.
- Tudo em seu tempo, Laura. Nos chegaremos la. Voce nao sabe o que nos espera la para desejar tanto assim poder chegar la. Talvez voce desejasse nunca sair daqui.
- Eu nao quero sair. Nunca quis. Eu so quero que acabe logo.
- Ainda nem começou, pequena. Tenha paciencia. Trabalhe isso ate la.
- Para voce é facil falar. É um anjo trabalhado na perfeicao.
- Nao somos perfeitos, Laura. Somos corruptiveis. So existe dois seres perfeitos. Voce sabe.
Bufo chateada e ele ri de mim. Suspiro e me ergo lhe dando um olhar desconsolado.
- Entao, deixa eu voltar a dormir para ver se eu descubro mais alguma coisa.
- O que foi que eu te disse? Paciencia. Nao sera quando voce quiser. Relaxe e aproveite...
Ele desaparece em um rastro de nevoa e quase posso ouvir ele terminando a frase. ...aproveite enquanto pode.

                         +++

Fico sentada ali jogando pedras no outro lado da rua ate o ceu mudar para seu tom escuro. As estrelas brilham tao distantes e ainda assim tao fortes e tao presentes. Como o meu destino que mesmo parecendo indefinido se mostra tao presente no meu dia a dia. Suspiro e nao consigo me sentir aliviada. Nao consigo me sentir segura. Como se um poderoso olhar estivesse diretamente sobre mim aguardando pelo meu proximo passo.
Encosto minha cabeça no banco e olho para uma estrela mais brilhante entre as outras. Ela começa a se expandir fracamente e fico estatica. Passo os dedos sobre os olhos em uma tentativa de melhorar minha visao, mas ela ainda esta la, crescendo aos poucos. Fecho meus olhos quando ela parece me ofuscar e quando os abro estou no meio de uma clareira rodeada por uma floresta seca. O ceu esta em um tom de laranja cinzento e ondr deveria haver grama aos meus pés, a terra esta rachando. Noto algo cair do ceu e o pego entre meus dedos. Uma cinza. Quando ergo meu rosto percebo que elas caem aos montes ao meu redor formando uma camada de cinzas sobre o chao e sobre mim. Sinto uma fraqueza repentina e minhas pernas tremem. Caio de joelhos sobre as cinzas e elas voam ao meu redor em um redemoinho. Fecho os olhos e os abro para a realidade.
Ainda estou mirando a mesma estrela, mas agora ela esta no seu tamanho natural. Ouço uma voz suave e viro meu rosto em direcao a ela. Jefferson  esta sentado ao meu lado com uma de suas maos sobre meu ombro. Ainda me sinto desnorteada por contacda visao e demoro para entender o que ele diz.
- Laura, vamos para dentro. Esta na hora do jantar.
- Ah, tudo bem.
- Voce nao parece bem. O que houve?
Ele toca meu rosto de leve e parece assustado. Coloco minha mao sobre sua camisa em seu peito para ver se estou mesmo no mundo real.
- Nao foi nada. Podemos ir agora?
Ele me acompanha de perto ate a casa e seus olhos nao fogem de mim por nenhum segundo. Olho novamente para o ceu procurando pela estrela, mas ela ja nao esta mais la.
Nos sentamos junto com os outros e saboreamos nossa comida. Ou pelo menos, tento. Nao consigo assimilar o sabor em minha boca com meus pensamentos agitando todo o meu interior. O que pode significar aquela visao? Cinzas caindo do ceu em uma regiao arida? Decido contar a todos quando acabarem de comer. Mesmo Leandro e Marcelo nao precisando se alimentarem, eles permanecem o fazendo. Como se eles quisessem nos deixar mais confortavel. Para ver se esquecemos o que somos por um tempo. Quando Jefferson da a ultima garfada e eu ainda estou longe de chegar na metade do que coloquei em meu prato, finjo tossir para chamar-lhes a atencao. Mecho insistentemente com o garfo em um pedaço de batata enquanto sinto os olhares deles sobre mim esperando pelas minhas palavras.
- Eu tive uma visao.
Direta. Sem enrolacoes.
- Mais ja? Eu esparava por mais um tempo. - diz Marcelo.
- Talvez nao tenhamos mais tempo. - resmunga Leandro.
- Conte o que voce viu. - Jefferson pede ansioso ao meu lado.
- Eu estava em um lugar inospito e cinzas caiam aos montes ao meu lado. Para mim nao faz sentido algum, mas tenho a impressao que seja a pista para o lugar onde fica a cidade...
- Que cidade? - Leandro e Jefferson indagam em coro.
- Creio que nao seja adequado falar agora. - Marcelo diz me dando um olhar acusatorio.
Como se eu pudesse saber o porque de ele querer esconder essa informacao. Decido ficar em silencio mesmo sem saber o motivo pelo qual devo me conter.
- O que voce acha que isso quer dizer, Marcelo? - pergunto.
- Eu nao sei. - ele coça o queixo pensativo olhando para seu proprio prato. - Cinzas... A nao ser que... Compreendo!
Seu olhar encontra o meu e em seus olhos azuis quase posso ver a resposta para minha pergunta e algo se agita em meu peito.
- O Bosque das Cinzas! - falo quase gritando e me levanto da cadeira em um rompante.
Como eu pude nao ter visto antes. A entrada para a Cidade dos Arqueiros fica em algum lugar do meu bosque. Em meio as minhas cinzas.