quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

[Eu Cinza] Final do Capitulo 6

Acordo,me levanto e sinto dores por todo o corpo. O sofá nao é o lugar mais confortavel para se passar a noite. Solto um suspiro e vou preparar o café. Faço ovos mexidos,um copo de suco e torradas. Como quase tudo e vou me arrumar. Estou ansiosa para ver Gabriel sair daquele hospital. Sei que sua recuperaçao ainda levará um tempo. Apesar de que ele nunca ira ficar bem totalmente. Quando chego no hospital, vou praticamente correndo pelos corredores. Quando chego perto da sala onde sei que ele esta, a porta se abre. E ele sai na cadeira de rodas com a sua mae empurrando. Nao vejo o pai dele.
Ele esta com as pernas cobertas por uma manta cinza e sorri totalmente feliz em me ver. Sinto meus olhos marejarem e vou em sua direçao consciente de minhas lagrimas. Me ajoelho em frente a cadeira e ele enxuga meu rosto com uma de suas mãos. O abraço de mau jeito,mas nao me importo. Sinto sua respiraçao em meus cabelos enquanto ele fala:
- Eu pensei que voce nao viria,Lau! - ele diz com um pouco de tristeza em sua voz.
- Isso nem passou pela minha cabeça! - seguro seu rosto entre minhas maos e ele faz o mesmo com o meu. Ele sorri tao sinceramente! A coisa mais acolhedora que eu ja vi. Ele me puxa para um beijo. Sinto seus labios buscando cada vez mais pelos meus. E se nao fosse pela sua mae estar ao nosso lado pigarreando nao teriamos nos separado tao cedo.
- Desculpa,dona Julia! - rio me sentindo totalmente envergonhada.
- Nada! Voces tem mais é que aproveitar. Mas comigo aqui de olho, é claro! - ela fala como se nao tivesse acabado de nos interromper.
- Vamos? Estavamos indo para casa.
E agora que ela tocou no assunto vejo que nao tinha pensado nisso. Agora sempre que eu quiser vê-lo terei que ir ate la. Tem a escola tambem,mas nao sei se ele poderá ir. Nem eu tenho ido mais,mas tenho boas notas nao da para ficar preocupada com uns dias.
Nos dirigimos ate a porta de saída. Nao queria ir agora para casa dele,onde estaremos cercados de varias pessoas.  Tenho uma vontade constante de estar a sós com ele. Como se os outros pudessem roubar a sua atençao de mim,e tambem por que quando estamos apenas nós dois,somos nós mesmos com liberdade e sem medo. Mas agora vou ter que dividi-lo constantemente. Alem de que ele nunca mais podera correr comigo,me pegar em seus braços e me levantar como antes. Nunca mais seremos totalmente livres.
- Dona Julia? - ela olha para mim. - Eu posso ir ate ali com o Gabriel? - aponto para um canteiro de plantas proximo ao hospital.
- Pode. Mais nao demorem muito! - ela solta os apoios da cadeira para que eu os pegue.
Me sinto estranha conduzindo Gabriel. O levo ate o canteiro e arrumo a cadeira para que fique de frente para o canteiro. Me sento em sua frente e ele me estende sua mao.
-  Gabriel,eu nem sei sobre o que eu realmente quero conversar com você... - eu olho para ele que esta com o rosto serio. - Tem sido bem dificil para mim esses dias. Mas cada dia que passa eu vejo que nao poderia ficar mais nenhum dia sem você. Eu durmo e acordo pensando em nós. E eu queria que voce soubesse disso para que voce nunca pense que eu irei te abandonar! - eu olho diretamente em seus olhos,e vejo que minhas palavras nao poderiam ser melhores.
- Lau,você é tudo para mim! Voce nao imagina o bem que me faz ouvir isso! Eu tenho passado todos os segundos desses dias pensando em nós tambem. Eu sei que eu nao posso te oferecer nada de muito concreto estando assim,mas você tera meu amor sempre que precisar. Eu te amo! - ele acaricia meu rosto e inclino meu rosto em direçao a sua mao. Suspiro aliviada por ter ele aqui comigo. Por poder falar o que sinto com ele.
- Eu tambem te amo... - me levanto e me inclino para lhe dar um beijo rapido. Vejo sua mae impaciente adiante.
- Vamos? Sua mae esta esperando. - eu digo a ele.
- Que mãe chata eu tenho! - ele rola os olhos e eu rio empurrando-o de volta para onde esta dona Julia.
Juntos vamos ate o ponto de onibus com a mae de Gabriel o guiando. Quando chegamos lá a mae de Gabriel o leva para sombra perto das cadeiras. Me sento,e ele empurra a cadeira a ajeitando a meu lado. Seus cabelos estao bagunçados e cobrem um pouco sua testa. Ainda assim,ele parece tao jovem e bonito. Ele ri para mim pegando minha mao e a aperta forte. Eu sorrio de volta para ele e gostaria que ele nunca se sentisse triste. E enquanto ele estiver ao meu lado farei de tudo para nao magoa-lo. Ficamos de maos dadas vendo os onibus passarem. Poucos na cidade estao realmente com o elevador destinado aos cadeirantes funcionando. Depois do que acho ser uma hora e meia um para. O cobrador desse para ajudar dona Julia a coloca-lo no elevador. Fico so olhando e imaginando que ele tera que passar por isso todos os dias enquanto viver. Nao so esperando pelo onibus,mas esperando pela compaixao de todos. Me sinto com o coraçao apertado e sacudo a cabeça para espantar os pensamentos.
Demora alguns minutos para que subam ele e mais alguns para colocar o sinto de segurança ao redor da cadeira de rodas na parte vazia e destinada aos cadeirantes. Tem apenas uma cadeira para um dos acompanhantes sentar ao lado do outro e um encosto com alcochoado para alguem que fique em pe ter um minimo de conforto.
Fico em pé e dona Julia senta ao lado do filho com um ar preocupado. Ela nao tira os olhos dele. Ele pega a minha mao e olha para mim com un olhar triste. Olhos para os lados e alguns passageiros nos encaram com rostos de pena.
Volto meu olhar a Gabriel e murmuro para ele um "Te amo". Ele sorri e aperta a minha mao. Ele olha para uma das janelas a nossa frente com o olhar totalmente perdido. Eu nao sei como me sentiria se estivesse no lugar dele. Isso a gente so pode saber quando esta passando pela situaçao.
Fico pensando se devo ir para a casa de Gabriel agora. Acho que esse primeiro momento ele deve passar ao lado da familia. Eu me sentiria deslocalada la de qualquer forma. Nao tenho muita intimidade com os pais dele e me sentiria o tempo todo com vergonha. Depois eu vejo como farei para vê-lo.
Nao demora muito para a parada de Gabriel chegar. Decido descer com eles e de la ir caminhando para casa. O cobrador novamente ajuda dona Julia com Gabriel,e agora é mais rapido. Assim que descemos eu digo:
- Gabriel,nao vou para sua casa agora. Tenho que arrumar umas coisas la em casa. Mamae volta amanha e tenho que deixar a casa um minimo que seja apresentavel. - rio um pouco. Ele me da um olhas descontente.
- Eu gostaria muito que voce fosse conosco. Faz tantos dias que nao converso direito com voce. - ele acaricia meu braço
- Agora eu nao posso mesmo,Gabriel. Se dona Julia deixar eu te pego mais tarde na sua casa e te levo para minha! - sorrio e ele me da um olhar provocador. Nao muda!
- Eu nao sei nao. Voces dois sozinhos... - ela fala meio seria.
- Mae,o que eu posso fazer com a Laura estando desse jeito? - ele fala parecendo um pouco triste,mas ri e continua. - A nao ser que ela queira,é claro!
- Pare com isso,Gabriel! - digo me sentindo vermelha como um pimentao falando disso na frente da mae dele.
- Voce pode busca-lo,Laura! Mas teram que ter cuidado por que ele ainda esta se recuperando.
- Claro! - eu digo e me abaixo para dar um beijo em Gabriel. Um selinho bem rapido para falar a verdade.
- Tchau,Laura! Mau posso esperar para mais tarde! - ele levanta um pouco os braços entusiasmado demais.
- Tchau,Gabriel!
Me viro caminhando adiante na avenida enquanto eles entram em uma rua. Olho para tras e vejo que ele faz o mesmo. Dou um tchau com a mao e ele me manda um beijo. Me viro novamente. Me sinto tao feliz e em paz como nao tinha me sentindo a dias. "Ele esta bem e em casa!",penso rindo comigo mesma.
Arrumo a casa da forma mais impecavel que posso. Da um pouco de trabalho a julgar que eu nao dei nenhum um pouco de atençao a ela esses dias. Ja estou com saudade de mamae mesmo que noa ultimos tempos estivessemos no mais completo silencio uma em relaçao a outra. Mas sinto falta da sua presença,das suas poucas palavras,de simplesmente tê-la aqui ao meu lado. Nao sei como ela conseguiu dar um jeito para nao ir ao trabalho esses dias. Ela trabalha em uma livraria no centro da cidade na parte da tarde. Foi o que ela conseguiu depois que meu pai foi embora.
Estou ansiosa para ir buscar Gabriel. Sei que ele deve estar tambem. Ainda mais depois que eu prometi mostrar meu quarto a ele naquele dia. No dia do acidente. Tambem no dia em que ele me pediu em namoro. Um dia de sorrisos e de lagrimas.
Me troco rapido e vou ate a casa dele. Ele estava me esperando em frente a sua casa com a sua mae. Tinha mandado um torpedo avisando que estava indo. Ele esta com uma camisa polo preta e uma calça jeans. Seu cabelo esta penteado e arrumado no topete mal arrumado de sempre. Ele esta com um sorriso que cobre quase seu rosto por inteiro. Me abaixo para abraça-lo.
- Vamos,grandao?
- Pensei que voce nao fosse dizer isso logo. Ate mais,mae! - dona Julia se abaixa e da um beijo nos cabelos dele e ele protesta. - Aqui na rua nao,mae!  - nao consigo me segurar e sorrio.
- Trago ele antes de anoitecer! - ela me abraça  e depois entra. Quando seguro na cadeira para empurra-la,Gabriel fala.
- Por favor,deixe eu conduzir? Minha mae nao deixa eu me mover sozinho nem por um minuto desde que cheguei em casa. Como se eu nao pudesse mover os braços tambem.
- Voce tem certeza?
- Eu posso fazer isso! - ele me encara esperando serio.
- So vou te ajudar a descer a rampa,ok? - ele ri.
- Ta bom!
O desço devagar e logo que chegamos o chao, ele pega nos pneus se impulsionando para frente. Quem o vê assim pensa que ele fez isso a vida toda. Depois de alguns passos ele quebra o silencio.
- Eu mal posso esperar para ver nossos nomes na parede do seu quarto! - ele sorri e eu consigo perceber por que acabei me apaixonando por ele. Ele irradia felicidade mesmo nos piores momentos e nunca reclama.
- Eu ja nao posso dizer o mesmo. - abaixo a cabeça antes de continuar. - Eu sinto vergonha um pouco...
- Por que? - ele desacelera um pouco a cadeira de rodas ao meu lado.
- Porque faz muito tempo. E mesmo naquele tempo,eu nao poderia imaginar que iamos namorar um dia. - ele me encara e me da um olhar determinado.
- Eu sempre soube. Desde o primeiro dia que te vi. É verdade que eu nunca tive coragem de dizer antes. - ele gora olha para frente. - Porque voce sempre se retraía. Com qualquer coisa. Entao eu pensei que seria o mesmo comigo. Ate eu perceber... - O que? - sinto meu coraçao acelerar.
- Que voce tambem gostava de mim. So faltava um impurraozinho meu para voce perceber. Ate que eu o dei e olha onde estamos! - ele sorri totalmente satisfeito.
- Voce parece advinhar as coisas antes de mim mesma!
- Bem isso,Lau! - ele sorri para mim e continuamos o resto do caminho em silencio.

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