quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

[Eu Cinza] Mais do Capitulo 5

Depois de se passarem tres horas um medico sai da sala de cirurgias e vem ao encontro dos pais de Gabriel. Nos levantamos e encaramos com ansiedade o doutor falar.
- A cirurgia ocorreu bem. Seu filho nao corre risco de vida. Porem temos que esperar que ele acorde para realizarmos exames e alguns testes para saber se ele pode ficar com alguma sequela. - os pais de Gabriel se abraçam e a mae chora e sorri ao mesmo tempo. Fico tao feliz em saber da noticia que minhas lagrimas sao de pura felicidade. Ele esta bem e logo estara conosco e quem sabe sem sequelas! Há esperanças!
- Venha cá,filha! - a mae dele me chama para participar do abraço em familia. Vou e os abraço. A mae dele me da um beijo na testa e nos abraça novamente. Ela nos solta e se vira para o medico.
- Doutor,quando poderemos vê-lo? - ela diz nao contendo a ansiedade.
- Amanha poderam vê-lo. Agora ele sera levado para a ala de recuperaçao. Esta sedado e dorme no momento. Aconselho voces a irem para casa descansar tambem! Boa noite! - ele fala e se vai.
Me despesso dos pais de Gabriel em mais uma rodada de beijos e abraços. Olho meu celular e ja sao 23:00 hrs. Minha mae deve estar preocupada.
Quando chego em casa faço um relatorio inteiro das ultimas horas para mamae. Ela ficou bastante contente de saber que ele esta bem. Ela o conhece desde quando eramos pequenos e estudavamos juntos na mesma escola. Ele sempre frequentou a minha casa e eu a dele. Ele é meio como um sobrinho para ela.
Estou tao cansada que nao sinto fome. Tomo uma boa chuveirada de agua quente e vou me deitar. Recapitulo as palavras do medico: " Porem teremos que fazer testes para saber se ele ficará com sequelas." Eu nao deixo essa ideia se fixar na minha mente. Ele é forte. Ficará tudo bem,e mesmo que o pior aconteça estarei do lado dele. Ele é muito importante para mim.
Durmo um sono recheado de sonhos com corridas,flores e bosque,e alguem.
Levanto da cama e ja me arrumo para voltar ao hospital. Estou contando os segundos para revê-lo. Resolvo ir com uma roupa mais alegre hoje. Uma blusa de manga laranja com renda,um short preto e um colar com o simbolo do infinito. O colar que ele me deu a alguns meses atras representando a nossa amizade. Agora creio que representa o nosso amor.
Quando chego no hospital os pais dele estao sentados em um banco em frente a ala de recuperacao.
- Bom dia! - eles sorriem para mim parecendo um pouco menos apaticos do que ontem.
- Bom dia! - eles falam em unissono. - Estamos esperando o medico permitir a nossa entrada. -  dona Julia diz.
- Vou esperar aqui com voces. Alguma noticia?
- Ainda nenhuma. - ela diz,seguida de um suspiro.
Se passa meia hora e o mesmo medico que falou conosco ontem aparece.
- Venham comigo,por favor!
Seguimos ele ate a porta da sala. Entramos e me deparo com varios pacientes em camas,mais ou menos os vinte leitos todos ocupados. No final do corredor de camas a direita,vejo Gabriel. Ele tem um de seus braços engessado e uma das pernas tambem. Esta dormindo o que parece ser um sono suave. Seus pais vao ate ele e os sigo. O medico é o primeiro a romper o silencio.
- Ele esta dormindo desde ontem por causa dos sedativos. Mas esperamos que ele acorde a qualquer momento. - ele olha seu relogio antes de continuar. - Terei que deixa-los. Mais pacientes para ver! - ele diz e sai em seguida.
A mae de Gabriel ja chora novamente abraçando o marido. Eles se afastam um pouco da cama para que eu chegue mais perto. Sento em uma cadeira ao lado dele e passo minha mao suavemente em seus cabelos. Depois acaricio sua bochecha e ele estremece. Olho para os pais dele que pareceram notar o seu movimento tambem. Entao,eu falo:
- Gabriel? - ele nao abre os olhos,mas meche uma das maos como se querendo me encontrar.
- Lau-ra? - ele fala com certa dificuldade enquanto abre os olhos e pego sua mao.
- Sim! Estou bem aqui. - sinti meus olhos marejarem,mas me controlo. - Se sente bem?
- Eu...- ele fala - me sinto cansado e dolorido. - seus olhos encontram os meus e nao se desviam dele. Ele aperta minha mao de leve como se estivesse testando sua propria força.
- Mãe? - ele chama por ela e em um piscar de olhos eles se abraçam. Ele meio que resmunga um pouco. O abraço foi um pouco forte demais.
- Quando vou poder sair daqui? - ele pergunta olhando para dona Julia.
- Nao sabemos ainda. Eles vao ter que fazer testes e exames com voce. - ela vê o espanto no rosto dele e se apressa dizendo. - Mas esta tudo bem. Testes de rotina. - ela sorri para ele tentando tranquiliza-lo.
O pai de Gabriel chega perto da cama e toca na perna que nao esta engessada de seu filho. Gabriel olha para a mao de seu pai,e seu rosto se contorce em uma expressao de dor,mas nao dor fisica. Vejo-o chorar pela primeira vez na vida.
- Paiiii! - ele grita. E eu ja sei o que ele vai falar - Nao senti o senhor tocar a minha perna!

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