domingo, 12 de janeiro de 2014

[Resenha] A Culpa é das Estrelas - John Green

Autor: John Green.
Editora/ano: Intrínseca/2012
Páginas: 283

Há uma linha tênue entre se
emocionar e se debulhar. E a
história entre Hazel Grace e
Augustus Waters com certeza cruza
essa linha.
Em “A Culpa É Das Estrelas”, John
Green nos apresenta a Hazel Grace,
uma adolescente de dezesseis anos
irônica, sarcástica e extremamente
ácida. Além de narradora, ela
também convive com um agressivo
câncer dentro de si, fazendo dela
uma paciente terminal, apesar de
que, com muito empenho, os
médicos conseguiram lhe dar um
pouco mais de tempo de vida. Uma
das preocupações da família da
garota é como ela lida com o
câncer. Ela é sempre fechada e
introspectiva, por isso sua médica
(e também sua mãe, com muita
pressão) a forçam a ir a um grupo
de apoio. E tudo lá é um saco para
ela! (e para quem lê também) Tudo
é pedante demais, meloso demais,
chato demais. Até que, em um
desses encontros monótonos, ela
encontra Augustus Waters, o Gus.
Este, por sua vez, é sobrevivente de
um osteosarcoma. Um ano mais
velho que Hazel, ele tem a
personalidade totalmente oposta à
da narradora. É extrovertido,
divertido, brincalhão e maneira
muito nas doses de sarcasmo e
ironia. Sempre com um cigarro na
boca, mas sem fumar, pois, segundo
ele, isso mostra que ele ainda está
no controle, ele conquista o coração
de Hazel sem pedir licença, mesmo
que ela passe a metade do livro
tentando se esquivar dele. Gus se
mostra bem além do que aparenta
ser e, pouco a pouco, Hazel
descobre nele um lado que não
imaginava. E é assim que ela se
entrega totalmente ao seu primeiro
amor.
Entre viagens à Holanda, longas
conversas ao telefone, situações
constrangedoras e o câncer, eles
tecem uma história de amor que é
capaz de emocionar até o mais
insensível dos leitores. O fato de o
câncer estar sempre tão perto dos
dois jovens, afetando várias pessoas
à sua volta, não tira de quem lê a
sensação de que a qualquer
momento uma tragédia pode
acontecer. Esperteza de John Green.
O livro é todo construído nessa
sensação de que qualquer coisa
pode acontecer e que você deve
estar preparado para tudo. Além do
mais, são duas crianças com câncer,
a doença mais traiçoeira e mais
complexa de todos os tempos. E
também a mais triste. E o fato de
serem duas pessoas tão jovens, que
poderiam trilhar caminhos tão
brilhantes, cortam ainda mais o
coração.
“A Culpa É Das Estrelas” nos traz
uma história de amor bem oposta a
“Crepúsculo” e a todas essas outras
sagas adolescentes. Em primeiro
lugar, a protagonista não é uma
pamonha! Segundo, o clima tenso e
pesado do enredo se diverge
totalmente da água com açúcar e do
misticismo forçado de Bella em
Forks. Hazel Grace tem lá seus
momentos de delicadeza, mas ela
tem muita personalidade e isso faz
qualquer um se apaixonar
rapidamente pela personagem.
Augustus, por outro lado, tem várias
características dos galãs dos livros
teen, mas suas opiniões ímpares
sobre o mundo e alguns
acontecimentos do livro quebram
pouco a pouco essa visão,
transformando-o completamente.
É interessante como, em meio a
tudo isso, os protagonistas
conseguem dar um novo sentido à
vida. E é incrível como o livro
mostra que uma pessoa, se for a
pessoa certa, pode mudar
totalmente o modo como você
pensa. Não estamos sozinhos no
mundo e nunca devemos estar. Um
amor só é difícil se for com a
pessoa errada. Hazel e Gus
provaram que, quando se está com
a pessoa certa, por mais que você
não queria, os caminhos do amor te
levam até o infinito, mesmo que a
situação não esteja apropriada.
Quando é pra ser, será mais fácil e
mais de repente do que se imagina.
É um livro ajuda muito a repensar
nosso lugar no mundo. Mostra que
estamos sujeitos a tudo, a qualquer
hora, e que nada é o que parece
ser.

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