segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

[Eu Cinza] Mais do Capitulo 10

Fico apreensiva e tenho uma sensaçao ruim. Nao sei se Bianca pode sentir o que eu sinto, mas eu espero que nao. Leandro voa levemente em direçao ao chao e repentinamente se transforma em um camundongo branco. Seguro o riso mentalmente por que a situaçao é muito ironica. Enquanto penso isso, Bianca nos coloca em voo. Fazemos o mesmo trajeto que Leandro que nos espera encostado a parede sem tirar seus pequenos olhos amarelos de nos. Antes de tocarmos o chao, sinto o meu corpo de coruja se dobrar e em um piscar de olhos sou um camundongo branco de calda preta. Ainda nao entendi o por que de Bianca sempre ter algo preto em suas transformaçoes.
Leandro faz um grunhido que significa que devemos ir em frente com cuidado.
Somos pontos brancos em meio a escuridao. Seria muito facil nos detectar. Ainda mais com o faro apurado de um Damn. Antes de dobrarmos para o canto onde o Damn esta, Leandro para e olha pela "esquina" antes de seguirmos. Ele faz um gesto com sua cabeça de rato para o seguirmos. Ele dobra e Bianca o segue de perto. Assim que dobramos vejo os pes do Damn se moverem a poucos metros de distancia. Ele esta de costas e fala no seu comunicador. Conseguimos ultrapassa-lo sem sermos vistos nos esgueirando pelas paredes.
Nossos passos sao rapidos e calculados e logo alcançamos a porta da cozinha. Leandro para em frente a porta se levantando em suas patas traseiras e farejando o ar. Ele se espreme por baixo da porta e passa. Bianca demora apenas alguns segundos para fazer o mesmo e ja estamos dentro da casa. A cozinha é grande e espaçosa. Com varios armarios caros. Nao a ninguem a vista, mas esculto ruidos vindos da dispensa. Avistamos Leandro embaixo de um dos armarios esperando por nos e vamos ate ele. Assim que estamos ao lado dele, ele faz alguns ruidos  nos dizendo que vamos para o quarto de Juliana e que agora devemos ser mais cautelosos. Bianca pergunta se ele esta sentindo algum Damn por perto. Ele fareja por alguns segundos e responde que a dois nao muito longe de nos. Ele tambem diz que temos que nos transformar em um animal menor por que para chegar ate o quarto de Juliana vamos passar pelas duas salas e o quarto dos pais dela e poderiamos ser notados.
Ao terminar de falar isso, ele se transforma em uma mosca. Bianca pensa um grave " Ah nao!", mas logo vem a sensacao de dobra e diminuimos para o tamanho de um grao de feijao. Leandro bate suas pequenas asas e voa saindo de debaixo do armario e vamos logo atras dele. Ao passarmos pela frente da dispensa percebo uma mulher de meia idade saindo de la a qual deve ser uma empregada. Voamos pela sata de jantar que tem uma grande mesa de 12 cadeiras, alguns quadros nas paredes e um pequeno armario de canto. Nao a ninguem a vista. Ao chegarmos proximo a entrada da sala de estar ouço vozes e vejo Juliana e seus pais sentados juntos no sofa rindo de alguma coisa que passa na tv de tela plana. Dobramos a esquerda entrando em um corredor que da acesso aos quartos. Ate aqui tudo esta muito facil e ao pensar nisso tenho uma sensacao de arrepio que atravessa meu corpo de mosca. No corredor a um quadro e outro pequeno armario encostado a uma das paredes. No final dele a duas portas. Uma de frente para quem esta entrando e outra no canto direito. Leandro pouca no armario e fazemos o mesmo. Eu nao sabia que moscas emitiam som, mas Leandro produz alguns runbidos que creio ser perceptiveis apenas a outras moscas. Ele diz que os Damns que  ele sentiu nao estao no quarto de Juliana, mas no escritorio. Ele imagina que nao deve ter nada de muito importante no quarto dela se nao haveria pelo menos um de guarda. Porem, iremos mesmo assim por que nesses casos a minima pista pode ser de grande utilidade.
Leandro voa em direçao a porta do quarto e passa por debaixo e vamos logo atras. O quarto esta muito escuro. Consigo destinguir a cama que fica ao lado da janela com um criado mudo ao lado, um guarda roupa e uma escrivaninha.
Pousamos no espaço livre no meio do quarto. Leandro se desdobra voltando ao corpo de Jefferson e nos voltamos a ser eu. Agora estou novamente anestesiada.
- Procurem por qualquer coisa que nos seja util. - ele sussurra para nos indo em direcao a escrivaninha.
Bianca nos leva em direcao ao guarda roupa. Abrimos as gavetas e so a peças intimas, blusas ou shorts no seus interiores. Passamos para as divisorias com portas e mais roupas. Nenhuma folha de papel, cartao ou qualquer outra coisa entre elas. Nos dirigimos para a cama levantando os lençois, o colchao e nao encontramos nada. Abrimos as gavetas do criado mudo, mas so tem alguns livros dentro. Ela deve ter guardado suas coisas mais importantes em outro local. Leandro terminou de vasculhar os livros e cadernos que estavam em cima da escrivaninha, mas pela sua expressao ele nao deve ter achado nada. Ele se aproxima de nos e diz:
- Nao a nada aqui. Vamos para o escritorio. - ele sussurra. - Nao sinto mais a presença deles dentro da casa.
Voltamos a forma de mosca e fazemos o caminho inverso. Juliana ainda esta na sala vendo tv com seus pais. Dobramos a esquerda depois da sala de jantar em outro corredor sem saida. A porta do escritorio fica no canto direito. Novamente tudo esta escuro, mas aqui a escuridao parece ser mais espessa. Quase palpavel. Leandro por sorte trouxe uma pequena lanterna. O escritorio tem forma de um L. A uma grande mesa no fundo com um notebook em cima, uma estante com varios livros, alguns quadros nas paredes e um sofa de dois lugares em outro canto. Deve ser aqui que o pai de Juliana trabalha quando esta em casa. Leandro vai direto ate a mesa abrindo o notebook. Vamos ate a estante procurar por algo entre os livros. Vasculhamos tudo, abrindo os livros, tirando eles do lugar, mas nao a nada.
Leandro olha impaciente para o notebook e percebo que a luvas cirurgicas em suas maos. Ele pensou em tudo. Nos posicianamos ao lado dele.
- Precisa de senha para ligar o notebook. - ele sussurra com raiva transparecendo em sua voz. - Pense em alguma coisa,Laura. Voce a conhece mais do que nos. - tento pensar em alguma coisa. Eu nao a conheço tao bem quanto ele pensa. Nunca tive contato com ela. Mas se tem uma coisa que eu sei que ela gosta é de ganhar, de se sentir superior.
- Coloque vitoria como senha. - eu sussurro de volta para ele.
Ele me olha discrente, mas digita a palavra e assim que ele clica a tecla enter o acesso é liberado. A varias pastas na tela, mas uma me chama atençao. Ela esta com o nome de Projeto G. Leandro tira algo do bolso e conecta no computador. Um pendrive. Ele clica para copiar o arquivo e aparece uma tela de carregamento em espera. A pasta contem arquivos muito pesados e demora para começar a carregar. Depois de longos minutos o download chega em 50%. Esta demorando muito. Sinto um ar gelado se propagar pelo ambiente. A unica coisa que senti agora qe Bianca esta em meu corpo. Em frente a porta, a alguns metros de nos, se materializam dois Damns. Leandro se levanta ao perceber arrancando o pendrive do notebook.
Antes que tenhamos alguma reacao um deles desaparece e se materializa atras de mim me agarrando fortemente pelos braços os colocando nas minhas  costas. Leandro olha espantado para nos enquanto o Damn me arrasta para perto do seu companheiro. Bianca tenta escapar, mas ele é mais forte.
Ele segura meus braços com apenas uma das maos e com a outra apoiada em minhas costas me empurra de joelho no chao. Começo a sentir espasmos pelo corpo e Bianca fecha meus olhos. Sinto agonia como se minha alma estivesse sendo expelida para fora, mas assim que abro minha boca de um jeito grotesco sei o que ele esta fazendo. Sinto um ar gelado sair pela minha boca e Bianca se materializa a alguns metros deitada fraca no chao.
Leandro corre para o lado dela. Sinto uma nevoa passar aos meus pes assim que o Damn me puxa para ficar de pe.
- Ele vai fazer uma dobra de viagem! - eu falo quase gritando para Leandro. Ele se levanta e deixa Bianca de lado desaparecendo. Ele se materializa atras do Damn que esta me segurando dando uma chave de pescoço nele e ele me solta. Corro para o lado de Bianca e o outro Damn me segura pelos braços como o outro fez.
- Bianca! Reaja! - eu grito para ela. Ela começa a se erguer do chao desaparecendo e em piscar de olhos ela se materializa em minha frente e da um soco na cara do Damn que me solta. Ela agarra meu braço me puxando em direcao a uma das paredes. Olho para tras e vejo Leandro lutando com um dos Damns e o outro vem ao nosso encontro. Viro o rosto quando ja estou a centimetros de colidir com a parede, mas passamos por ela como se ela nao existisse.
- Eu nao vou conseguir te levar voando. Entao, teremos que ir pelo solo. - ela fala soltando minha mao se abaixando se transformando em um grande tigre branco. Ela me da um olhar de alerta e subo em suas costas segurando nas couraças atras da sua cabeça de tigre. 
Ela se impulsiona para frente velozmente bem na hora que o Damn passa pela parede. Seguimos em linha reta a uma boa distancia do Damn que corre atras de nos. Olho para o meu lado direito onde a um Damn. Assim que ele nos ve se junta ao outro correndo atras de nos. Bianca desvia para o lado direito indo em direcao ao canto do muro. Alcançamos uma grande velocidade e quando estamos proximas ao muro ela se impulsiona com as patas traseiras saltando por cima dele. Olho para baixo onde os Damns estao parados nos observando. Por ser tarde da noite nao a ninguem nas ruas. Bianca corre muito rapido, mas nao a nenhum Damn atras de nos. Nao entendo por que eles nos deixaram escapar tao facilmente e nao vieram nos procurar. Fico preocuoada ao lembrar de Leandro e Jefferson que tivemos que deixar la. Sem ajuda, contando apenas com eles mesmo. Enquanto seguimos rezo mentalmente para que eles tambem tenham conseguido escapar.

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