sexta-feira, 7 de março de 2014

[Overrun: A Descoberta] Continuação do Capitulo 15

Desperto quando Jefferson se levanta da cama. Ele sorri para mim e me sinto feliz e envolvida pelo seu carinho. Nunca me senti tao a vontade com alguem antes. Nao ao ponto de esta feliz em ele me ver descabelada pela manhã. Rio com meus pensamentos enquanto o vejo trocar de roupa.
- Me espiando,Laura? Voce nao acha isso intimidador? - ele fala com seu humor de sempre.
- Nao quando eu durmo em seus braços e me sinto tao a vontade ao seu lado.
- Fico feliz tendo esse efeito sobre voce. - ele diz sentando ao meu lado na cama e contorno sua maça do rosto. - Eu so estaria mais feliz se ouvisse voce dizer 3 palavras para mim.
- Que palavras?
- Eu... - se abaixa para sussurrar em meu ouvido o que me causa cocegas. - ...te amo.
- Voce nao acha que é cedo demais para isso? - falo o empurrando de leve.
- Nao quando voce acaba de flertar comigo.
- Eu?!? - pergunto ironicamente e ele balança a cabeça afirmativamente para mim antes de colar seus labios aos meus.
Depois de muito emplorar ele me deixa ir tomar banho e tomar cafe. Antes de treinarmos consigo reunir todos na sala para contar-lhes sobre a visao. Como sempre que partilho algo com eles, ninguem esboça qualquer emoçao como se esperassem por cada palavra minha.
- Quem voces acham que é ele? - questiono.
- Ele é o chefe dos demonios. Nao conhecemos o verdadeiro nome dele. Mas o chamamos de Tirank - Marcelo responde.
- Entao, porque voces acham que ele trata diretamente com Juliana ao inves dos Damns? - Jefferson pergunta.
-  Eu nao sei. Nao conhecemos tudo sobre o mundo deles. Maa acredito que cedo ou tarde isso sera revelado.
- Eles disseram que temos uma semana para ir ate la. Nosso treinamento acaba antes disso? - pergunto.
- Provavelmente, sim. Depende de voces.
- Voce ja pensou que eles estao esperando por nos e que eles devem saber de nossos passos? Com certeza eles sabem dessa possibilidade. Eles sabem que nao encontramos o Quest.
- Sim,Laura. Eu ja pensei, maa nao me vem outra ideia a mente. Teremos que tentar para ver. Nao fique com medo. Dara tudo certo. Faremos o possivel.
- Espere que nao precisemos contar com o impossivel.
- Para isso que estamos treinando. Vamos logo. Nao podemos perder tempo.
So eu e Jefferson acompanhamos Marcelo para o quintal para nosso treinamento. Me sinto relativamente a vontade com a ideia de socar alguma coisa para extravasar a raiva. Noto que Marcelo amarrou dois sacos para luta na arvore da casa vizinha. Ele nos para de frente para eles e começa a nos instruir.
- Hoje vamos treinar varios golpes. Nenhuma arte marcial especifica. Sera apenas uma breve aula de defesa pessoal. Primeiro quero que voces estejam relaxados e que façam alguns alongamentos.
Ele nos mostra uma serie de tecnicas para nos alongar. Repetimos sem muito esforço e quando ele esta satisfeito nos manda parar.
- Agora venha ca, Jefferson! - ele o puxa para mais perto do saco de luta. - Quero que voce dê alguns socos e chutes nele para analisar seu desempenho. Pode começar.
Jefferson se coloca em posiçao de ataque e desfere alguns socos ageis no saco seguidos por chutes de maneira espaçada. Ele ate mesmo arrisca um tipo de chute com giro e se sai bem. Ele deve ter lutado antes. Marcelo o olha sem expressar nada, mas de forma atenta.
- Pode parar. Pelo que vejo voce ja lutou antes,rapaz. Nao tera muito o que aprender nessa primeira aula.
Jefferson se afasta me dando mais espaço para que eu mostre minhas habilidades. O problema é: nao tenho nenhuma para mostrar. De repente, me sinto aflita como se um Damn estivesse esperando para lutar comigo ao inves do saco vermelho. Me posiciono na frente dele tentando imitar Jefferson da melhor maneira possivel. Marcelo se desloca para tras de mim e ageita meus ombros.
- Fique mais ereta. Assim voce abaixa a guarda e seria muito facil socar seu rosto. Voce quer isso?
- balanço a cabeça negativamente.
- Ok. Pode começar.
Dou meu primeiro soco e ele sai muito leve e Marcelo acaba ralhando comigo. Dou mais alguns com os dois braços consecultivamente para me acostumar. Subitamente, o saco embaça e eu visualizo Rodrigo em seu lugar. Suas palavras soam provocantes aos meus ouvidos: "Para que ela nao morra antes da hora." Um odio fervente toma conta completamente do meu corpo e mente. Experimento uma sensaçao escaldante se espalhar desde a minha espinha ate as pontas do meu ser. Fico em posicao de ataque e dou um soco de esquedda na cara do Damn. Dou um salto que seria impossivel para mim como Jefferson havia feito e acerto o rosto do Damn novamente. Ele me olha furiosamente e me afasto alguns passos para tras e salto com meu pe direito esticado em minha frente o atingindo no peito e ele voa por metros. Pisco por alguns segundos quando a raiva começa a se esvair. Tenho a consciencia de ouvir Marcelo e Jefferson falarem comigo quando vejo o que fiz. O saco de luta estava incravado em uma das paredes da casa vizinha.
- Como voce fez isso,Laura? - Jefferson indaga parado na minha frente totalmente maravilhado.
- Eu nao tenho ideia. Eu senti meu corpo queimar com odio e eu vi Rodrigo no lugar do saco falando da minha mae e eu nao pude me conter.
- Voce é com certeza uma Overrun. - Marcelo fala enquanto me analisa profundamente com seus olhos azuis.
- Mas, eu nunca fui capaz de fazer isso antes!
- Talvez o Quest esteja perto.  - Jefferson fala.
- Entao, Bianca e Leandro podem procura-lo.
- Acho que sim... - Marcelo diz passando a mao no queixo envolto em seus proprios pensamentos e nos da as costa e se vai.
Olho para mim e para o saco ainda preso a parede do outro lado. Como eu fui capaz disso? Sou tao franzina e fraca. Devo mesmo ser uma Overrun. Mas onde estara o meu Quest? Caminho em direcao a outra casa e tento puxar o saco do buraco que ele abriu na parede, mas acabo por nao ter força suficiente e Jefferson me ajuda. Um buraco de um metro fica em seu lugar na parede.
- Temos que tampar isso. - digo.
- Vamos para dentro. Voce parece fraca. Depois peço a Leandro para consertar.
Ele me puxa e me envolve em seus braços me levando para dentro. Olho por cima do ombro para o buraco e nao consigo acreditar que eu fui capaz de arremessa-lo tao longe. Ja nao posso negar mais o meu destino. So resta que o Quest me encontre para que essa se torne minha realidade.

                              +++

Encontramos Bianca e Leandro apoiados na janela olhando intrigados para o estrago que fiz na outra casa. Eles se viram ao ouvir nossos passos e me dao sorrisos desajeitados. Bianca vem ao meu encontro e segura uma de minhas maos olhando diretamente em meus olhos e diz:
- Eu sempre soube que voce era especial. Desde a primeira vez que nos falamos na escola.
- Eu nao sei se gosto de ser especial. Prefiro mil vezes uma vida normal.
- A normalidade depende de que todos nos cuidemos para que o tempo siga seu curso normalmente. Voce sera uma dessas pessoas. Cuidara para que o normal nao se altere aos olhos dos humanos.
- Talvez seja demais para mim. - suspiro como se pudesse expelir a dor para fora de mim. - E eu nem mesmo sei onde ele esta.
- Voce verá como tudo ira se encaixar. Voce vai entender. - ela sorri amavelmente para mim e acaricia meu ombro.
- E voce,Bianca? Para onde voce vai quando ele aparecer? Eu nao gostaria que voce se fosse.
Os olhos negros que me assustaram um dia quando fui pega de surpresa por essa realidade parecem por um momento um buraco negro de tristeza. Seu cabelo tao negro quanto seus olhos se agitam por um instante ao seu redor, mas nao a nenhuma brisa e sem poder me encarar, ela fala:
- Para onde quer que precisem de mim. - eu a puxo para um abraço tao repentino quanto suas palavras. - Eu ainda lembrarei com carinho de voce quando o tempo chegar. So aceite seu destino.
- Eu ja aceitei. Voce sabe...
As palavras deixam a sala e Jefferson e Leandro se juntam ao nosso abraço. Mesmo que tudo isso seja estranho, doloroso e que eu nao encontre palavras para descrever o futuro, eu sei que eu devo aceitar o presente. Eu devo ser uma Overrun por que eu sinto que alguma coisa me puxa para esse novo mundo. Talvez so quando eu me aceitar verdadeiramente eu possa ve-lo.
Talvez ao entao eu encontre minha conexao com o Quest.
Quando nos afastamos, sinto algo se revirar dentro do meu coracao e me lembro de Marcelo. Ele ficou tao absorto quando viu o que eu fiz. Tao estranho quanto eu me senti naquele momento.
Algo me empele e me movo para fora enquanto os outros me olham. Jefferson da um passo a frente para me seguir, mas Bianca o para. Saio e dou a volta na casa e paro quando vejo uma silhueta familiar sentada no banco. Marcelo esta de cabeça baixa cobrindo o rosto com as maos como se quisesse fugir de si mesmo. Sento ao seu lado e ele nao se move. Coloco uma sobre seu ombro e ele lentamente ergue o rosto para me olhar nos olhos. Eu quase posso ver as ondas se agitarem em um mar de confusao neles. Tao profundos e inquietos quanto um mar revolto durante uma tempestade.
- Porque voces esta aqui agindo dessa maneira? - pergunto e ele olha para frente tentando me evitar.
- Eu tive uma visao.
- Que tipo de visao?
- Uma que me deu ceereza de que sou um Quest.

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