quinta-feira, 6 de março de 2014

[Overrun: A Descoberta] Capitulo 15

Depois de nos despensar, Bianca e Leandro deixam finalmente nossos corpos. A sensaçao de anestesia deixa meu corpo aos poucos e meus movimentos logo voltam ao normal. Eles deveriam nos deixar entrar em seus corpos para ver o quanto ruim é se sentir aprisionado dentro de si proprio. Marcelo,Jefferson e Bianca ficaram no quintal conversando avidamente, enquanto eu e Jefferson viemos para o quarto. Me jogo exausta na cama, meu corpo reclamando pelo esforço de ter se desdobrado em outras formas.
- Isso é muito ruim. Eu gostaria que houvesse outra manobra. - falo chateada e ele se senta ao meu lado passando a mao em meus cabelos.
- Eu concordo com voce. Odeio me sentir invadido e sem forças. Estou la vendo tudo,mas nao posso lutar por mim mesmo. É pior quando estamos em nossa forma e nao sentimos absolutamente nada.
- Eu gostaria de lutar por mim mesma. Sera que se falarmos com eles poderemos ir de outra forma?
- Acredito que nao. Teremos que levar esse fardo. - ele deita ao meu lado me encarando e sorri. Passo minha mao por seu rosto e seu cheiro de menta invade meu corpo. - Estamos perto agora,Laura.
- Voce acha que ela esta bem? - falo vacilando.
- O melhor possivel! - ele me puxa gentilmente para seus braços e beija o topo da minha testa. - Eu irei pedir para Leandro para que nos lutemos com Juliana quando a hora chegar. Quero ter o prazer de com minhas garras dilacerar a sua carne para que ela sinta na  pele um decimo da sua dor, do que causou a sua mae.
- Voce sabe que eu quero ter essa honra, Jefferson. Eu mesma farei isso a ela. A vingança deve ser minha.
- Eu nao deixarei de modo algum voce sujar suas maos com o sangue daquela covarde! Nem pense nisso. - ele fala serio.
- Veremos. Voce sabe que eu irei atras dela.
- Eu estarei na sua cola, tigresa. - ele beija meu pescoço, minha mandibula e por fim minha boca. - Agora descanse.
Penso em protestar, mas meus olhos me contrariam e fecham pesados. A visao chega em uma escuridao absoluta. O ar esta pesado e umido e tenho dificuldade em respirar. De repente, ouço um estalo vindo de cima e uma luz se acende focando em um dos cantos como um holofote. Entao, eu o vejo. Gabriel esta sentado no chao envolvendo seus braços em torno das pernas e se balança freneticamente para frente e para tras. Sua roupa preta esta rasgada e ele se assemelha a um mendigo. Esta magro, seu rosto contorcido em uma expressao vazia. Ele encara o chao e murmura como um louco. Dou alguns passos hesitantes para perto dele e paro ainda longe dele quando distinguo suas palavras.
- Ela me deixou. Deixou. Deixou... - ele tosse ou ri, nao consigo dizer. - Outro. Ela tem outro agora. Me amava. Disse que me amava. Mentirosa! Grande mentirosa! Ela nao foi atras de mim, ela nao me reinvindicou. Nao quis vir para o meu lado. - ele para rindo furiosamente como um louco. Seus olhos fixos em lugar nenhum. - Ela escolheu e eu tambem. Voltarei a ser como antes. Andar. Andar. E me vingar.
Antes que eu possa dizer alguma coisa a imagem tremula e a visao muda. Estou parada em frente aos aparelhos que mantem minha mae viva. Olho para seu rosto rm meio a escuridao e arquejo. Pretuberencias tomam conta do seu rosto desforme. Ossos aparentes por todos os lados debaixo da sua pele. Antes que eu possa levar minha mao ao seu rosto a cena muda.
Me encontro novamente no escuro e esculto um estalo quando uma porta se abre a minha frente. Uma pessoa entra e acende a luz. Juliana. Atras dela um grande e imponente homem negro de terno entra em seguida fechando a porta e o reconheço. Rodrigo. O Damn que tentou me capturar quando conheci Jefferson e Leandro. Uma escuridao quente parece estalar por todo o ambiente quando ele anda. Percebo logo que estamos no escritorio da casa de Juliana. Me viro vendo-a se sentar atras da mesa totalmente calma e altiva. Tenho vontade de correr ate ela e enforca-la ate a morte. Esta com sorte que sou apenas um fantasma.
- Nenhuma noticia deles? - ela pergunta.
- Nenhuma, senhora. Estou achando que eles estao demorando muito para vir ate aqui.
- Eu tambem. Mas imagino que eles nao tenham o descoberto. Devem esta procurando outro meio para chegar ate ela. - ela mantem sua expressao seria e pensativa antes de continuar. - Voce checou ela hoje?
- Claro, senhora. Ela esta relativamente bem. Estamos cuidando para que ela nao morra antes da hora. - um calafrio passa por minha espinha ao ouvir essas palavras. Raiva cresce em meu peito.
- Muito bem. Daremos uma semana para que eles venham. Se nao vierem iremos atras deles e a levaremos conosco para atrai-los. Mal posso esperar para tê-los aqui. Uma morte fria e inquietante os aguarda. - ele pigarreia tirando Juliana de seu subto devaneio.
- Senhora, alguma noticia dele?
- Dele? Oh sim! Para mim, sim. Para voces, nenhuma. Quer dizer, a mesma de sempre. Tenho que manter um olho em voces. Fazer com que as coisas aconteçam e levar o plano adiante.
- Posso me retirar, senhora? - ela abana a mao para ele indicando que ele saia.
- Lhe chamo se precisar.
Ele passa por mim ao sair, mas nao me percebe para meu alivio. Juliana repousa sua cabeça no encosto da cadeira pensativa e ri. Nao consigo entender de quem eles estavam falando, mas tenho a impressao que Leandro ou Marcelo devem saber. Parece que eles tem um chefe que comanda os passos de Juliana. Um Damn, talvez. A imagem de minha mae volta a minha mente junto com as palavras recem ditas por Juliana. Temos que ser rapidos ou eles nos acharam.
- Essa garota tem atrapalhado a continuidade dos meus planos por muito tempo. Darei a ela especialmente, uma morte lenta e dolorosa. Ela me pagará tambem por Gabriel. Se nao fosse por ela, eu ja teria ele ao meu lado inteiramente e aquele Quest estaria derrotado! Nenhum deles escapará. Ele me ajudará.
A imagem começa a desfocar e me sinto puxada para a realidade. Acordo ofegante, meu corpo doido e cansado. Jefferson se move ao meu lado, mas nao desperta. Parece que meu corpo foi moido varias vezes. Ele me ajudará... Nao consigo afastar a voz de Juliana da minha mente. Ela esta totalmente fora de si. O medo de que ela me encontre com seu bando de Damns começa a se instalar em mim. O que eu farei quando ela estiver reunida com eles? E se ela me caçar? Ela me tem em suas maos estando com minha mae. Tenho vontade de gritar, de sumir e esquecer tudo isso. Um fardo que vai alem das minhas estruturas.
Entao, me viro e encaro Jefferson e lembro dos meus amigos, meus protetores. Estando com eles sei que tudo dara certo no final. Eu nao estou mais sozinha. Tenho que manter o foco para nao me perder no medo. So assim poderei ajudar quem quer que seja. Fecho os meus olhos e volto a dormir embalada por boas lembranças.

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