segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

[Eu Cinza] Mais do Capitulo 13

Acordo sobressaltada e percebo que estou envolta pelos braços de Jefferson. Ele se ergue um pouco acima de mim na escuridao esfregando os olhos.
- O que foi?
- Eu tive uma visao. - falo, me pondo de pé. - Vamos chamar Bianca e Leandro. Preciso compartilhar o que vi.
- Sua mae novamente?
- Tambem.
Ele me segue ate a sala onde acordo Bianca e ele vai para o quarto acordar Leandro. Quando todos estao reunidos e sentados na sala eu começo a lhes contar o que vi. Como da outra vez nenhum deles parece assustado e  Jefferson encara o chao um pouco chateado.
- O que voces acham disso? Por que eles estao mantendo-a razoavelmente bem? - pergunto.
- Provavelmente, uma armadilha para nos. - Leandro responde serio e Bianca concorda com a cabeça.
- Nao. Nao é isso. - Jefferson fala pensativo. - Pelo que eles disseram eles querem Laura e alguem mais. E presumo que seja o Quest.
- Mas, porque? - pergunto.
- Talvez voce seja uma Overrun. Esta na hora de encararmos essa possibilidade. Eles parecem determinados a capturar o Quest e estao com medo de que voce descubra algo relacionado a ele. So pode ser isso!
Leandro e Bianca se entreolham e percebo que eles estao considerando a ideia de Jefferson. Mas como eu poderia ser uma Overrun? Isso parece loucura para mim. Logo agora que eu consegui me sentir em casa terei que passar uma vida caçando demonios.
- Ele tem razao. - Leandro fala passando as maos pelo cabelo. - Eu ja tinha comentado sobre isso com Bianca, mas achamos que era cedo demais para contar a voce, Laura. Ainda nem o encontramos. Nao temos nenhuma pista do paradeiro dele.
- O que acontece com Bianca caso eu seja uma Overrun?
- Eu serei levada de volta e enviada para outra pessoa. - ela responde tristemente.
- Mas, eu nao quero isso...
- Nao é questao de querer. Os Overruns sao escolhidos para isso. Se voce foi escolhida é por que voce é especial. - Leandro fala alheio aos meus sentimentos.
- Eu nao quero ser uma Overrun se para isso Bianca tera que ir. Nao tem uma maneira de eu negar isso?
- Voce pode fugir, mas nao se esconder. Se assim for, é o seu destino. Nao da para se manter indiferente a ele. - ele fala.
- Ainda assim, eu nao entendo o porque de eles quererem pegar a mim e ao Quest.
- Para eles nao serem caçados. Provavelmente, voce é so a primeira. - Jefferson para pensativo. - A primeira de muitos. - Isso é demais para mim! Eu tentatei dar um jeito nisso. Nao quero pensar sobre ser uma Overrun agora. Preciso manter o foco em libertar minha mae.
- Ela tem razao. Vamos manter o foco no principal. - Bianca fala colocando sua mao sobre meu ombro afetuosamente. - O problema esta na localizacao do Quest.
- Eu darei um jeito nisso tambem. - Jefferson olha nos meus olhos compartilhando das minhas palavras.
- Eu e Bianca daremos uma busca pela cidade amanha. - Leandro fala.
- Como voces conseguem distinguir um Quest? - pergunto curiosa.
- Eles nao podem ser detectados por rastro. Entao, so a uma maneira de distingui-los. Eles usam um colar com um pingente dourado em forma de chave. Com ela conseguem ter acesso a qualquer lugar.
- Eles parecem imbativeis! - falo impressionada.
- Mas, como nos eles tem sua fraqueza. Podem ser derrotados, mas é quase impossivel. Eles sao mais fortes do que outros anjos, mais inteligentes e ageis.
- Eles podem ser mortos?
- Nenhum de nos pode. Nossa essencia é apenas levada para nosso lugar de origem e reconstruida novamente la.
- Qual é o ponto fraco de um Quest?
- So a um demonio que o conhece. Um que é tao raro quanto um Quest. - Leandro para de falar com uma expressao mais seria do que a de costume.
- Qual?
- Nao podemos pronunciar seu nome. Dizem que atrai má sorte.
- Entao, aqueles Damns sabem onde encontra-lo...
- Temo que sim.
Um calafrio percorre meu corpo ao pensar nisso. Pelo que vejo o misterio que nos cerca é ainda maior do que eu imaginava. Pode ter uma escala global. Quem saberá o que eles realmente pretendem?! Deixo um longo suspiro escapar enquanto voltamos cada um para seu quarto afim de dormir. Mesmo aninhada com Jefferson o medo que sinto de ter mais uma visao ou pesadelo consome minha mente. Apenas aproveito o calor dele para espantar o frio da madrugada enquanto os primeiros raios do dia nao entram pelas frechas do telhado.
Acabo por cochilar por umas tres horas ate despertar. Me espreguiço mandando a preguiça embora e acordo Jefferson. Em seguida, tomo um banho e me arrumo para sairmos para nossa conversa com Marcelo. Tomamos um breve cafe da manha e percebo que Leandro e Bianca ja sairam. Nao contei para eles sobre a nossa tentativa por que sei que eles diriam que nao ia valer de nada. Mas em algum lugar aqui dentro de mim, sinto que ele ira nos ajudar. Ou talvez seja apenas minha esperança e meu desejo me iludindo. Seja como for irei ate ele para dar um fim definitivo nesse ponto.
Nao demora mais que meia hora para chegarmos de moto ate o Bosque das Cinzas. Ao caminhar pela trilha nao deixo de ter uma sensacao se nostalgia. Sao muitas lembranças que esse lugar me traz e as mais recentes nao foram as melhores delas. Sigo de maos dadas com Jefferson que observa o bosque atento com um olhar fascinado. So agora lembro que ele nunca veio aqui. Ele sabe que eu vinha ate aqui com Gabriel e conhece tambem meus motivos, mas nao creio que ele tenha vindo ate aqui vendo-o agora assim tao surpreso com o lugar.
Antes que eu possa dizer alguma coisa, vejo o lobo branco enroscado a minha arvore. Ele parece ainda mais fraco do que da ultima vez que estive aqui. Paramos a cerca de quatro metros de distancia dele quando suas orelhas se viram em nossa direçao. Ele se levanta preguiçosamente, estica as patas da frente e depois as de tras e da um longo bocejo parecendo nao se importar muito conosco. Ele se vira para nos e seus olhos azuis celeste encontram os meus. Um arrepio desce pela minha espinha nesse momento me deixando ainda mais nervosa. Como da outra vez, ele se abaixa como se fosse atacar e se levanta nas patas traseiras se metamorfoseando em sua versao humana. Ele nos estuda por alguns segundos parecendo surpreso antes de falar:
- Eu ja nao disse que nao sei de nada. - ele fala parecendo cansado e solta um longo suspiro.
- Eu sei que voce sabe de alguma coisa que possa nos ajudar. Por favor, nao negue.
- Eu estou falando serio. Eu nao sei de nada. Sou apenas um Gleam.
- Eu sei que voce esta chateado por causa de Gabriel. Eu mesma estou com raiva dele. Fui conversar com ele, mas ele nao me deu ouvidos. Ja fez sua escolha.
- Eu ja percebi. - ele fala em um tom sarcastico.
- Olha, voce pode ficar aqui tendo sua essencia levada seja para onde for o lugar de onde voces vem ou voce pode usar o tempo que lhe resta por uma causa justa. Nos descobrimos coisas que eu imagino que voce nao saiba. - ele passa a mao no queixo ponderando minhas palavras.
- Vou ouvi-la. O que nao quer dizer que eu tope te ajudar. - ele da de ombros.
- Ja é algum avanço. - rio para ele, mas ele permanece serio. - Bem, eu tive uma visao ontem no lugar onde minha mae esta confinada. Vi dois Damns conversando e pude ouvir um pouco da conversa deles. Estamos suspeitando que eles querem dar um fim no Quest que estamos procurando. E nao so nele como em todos os outros.
- Isso é loucura! Eles teriam que ter um... - ele para escolhendo as palavras. - Um certo tipo de demonio ao seu lado que é tao raro quanto um Quest.
- Eles devem ter. Pelo que pude ouvir, eles estao apenas usando Juliana para uma causa maior. Eles disseram tambem que o Quest esta na frente de nossos narizes, mas nao conseguimos ve-lo. Nao sei o que quiseram dizer com isso.
- Entao, eles acham que voce é uma Overrun?
- Mas, como voce sabe? Eu nem falei nada que pudesse te levar a pensar isso!
- Se voces precisam logo de um Quest é porque o caminho de voces esta entrelaçado. E voce tem visoes tambem. Isso nao é so por que voce tem um acompanhante espiritual.
- Ele esta falando a verdade,Laura. Eu nunca tive sequer uma visao. Isso deve comprovar que voce é uma Overrun. - Jefferson fala.
- Certo! Mas isso nao muda o fato de nao sabermos onde o Quest esta ou nao. Marcelo, voce vai nos ajudar ou nao? - ele me encara com seus profundos olhos azuis como se quisesse analisar a minha alma.
- Tudo bem. Eu irei. Eu nao sei se terei forças para ajuda-los realmente, mas eu tentarei. Voce parece ser especial afinal. - ele me da um meio sorriso e me dou conta de que nunca o vira sorrir.
- Talvez com um novo objetivo voce recupere sua essencia. Voce tambem parece esta amarrado a nossa trama.
- Quem sabe? O destino esta sempre em constante mudança. - ele diz pensativo. - A um minuto atras eu tinha desistido de acreditar na sua raça e aqui estou eu indo ajudar voces.
- As coisas mudam.
- Desculpa interromper os pensamentos filosoficos de voces, mas onde ele ira ficar? - Jefferson indaga.
- Ele pode virar um cachorro e ficar na sala com Bianca. - Marcelo levanta uma sombrancelha para mim de maneira interrogativa. - Voce parece gostar disso. Um lobo chamaria muita atençao.
Ele nao responde ao meu comentario, mas se abaixa se transformando em um Pastor Alemao branco ou algo assim. Reviro meus olhos para ele por que isso tambem chama muita atençao.
- Vamos. Voce consegue nos seguir ate la? - pergunto e ela late como se quisesse dizer sim.
Subo na moto atras de Jefferson e seguimos o nosso caminho de volta. Vamos um pouco mais devagar para que Marcelo nao precise correr uma velocidade considerada absurda para um cachorro e acabe assustando as pessoas. De vez enquando, olho para tras para me certificar de que ele nao nos perdeu e o vejo com uma expressao contente com a lingua de fora. Nem lembra mais aquele lobo sujo e abatido de antes.
Assim que paramos na frente de casa, avisto Bianca e Leandro de braços cruzados e com uma expressao seria nos esperando no pequeno terraço. Afago a cabeça de Marcelo que esta sentado ao meu lado me fitando com seus olhos azuis apreensivos. Hora do sermão.

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