quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

[Eu Cinza] Final do Capitulo 12

Quando abro meus olhos novamente estamos de volta na casa de Jefferson. Me sinto cansada e desiludida. Parece que esse foi nosso ultimo esforço, quase posso ouvir o ultimo suspiro da minha mãe. Bianca me encara parecendo nao saber o que dizer, seus olhos tao tristes quanto os meus. Vejo o mesmo no rosto de cada um deles assim que olho para eles. Mas, algo cresceu dentro de mim depois de ver o estado de Marcelo. Eu nao quero dizer adeus para mais ninguem. Se depender de mim, eu irei encontrar a soluçao.
- Eu vou atras de Gabriel. So ele pode fazer Marcelo cooperar.
- Como voce pensa em fazer isso? Ele nao esta mais desse lado. - Jefferson fala parecendo um pouco irritado com minha ideia.
- Bianca vai me ajudar. Eu nao me importo com qual o lado ele esteja. Nos nao sabemos se ele ja sabe da verdade. E ainda assim,  talvez ele possa me ouvir. Eu sou amiga dele apesar de tudo.
- Eu espero que seja so por isso que voce queira o ver.
- Crise de ciumes agora nao,Jefferson. Por favor, eu gosto de voce. Pare com isso! - falo segurando uma das maos dele. - Eu nao vejo ele mais assim.
- Eu nao vejo como isso possa ajudar. -Leandro fala do outro lado da sala. - Marcelo parece ja ter feito sua escolha.
- Eu preciso tentar! Nao posso simplesmente desistir da minha mae. É isso que voces querem?! - pergunto alto o bastante olhando para cada um deles. Seus rostos se contraem com pena. Parecem nao acreditar em mim. - Vou mostrar a voces que eu posso achar a soluçao para isso! Voces deveriam me encorajar! Voces sao anjos e olhe para voces agora. Tao desiludidos quanto Marcelo.
- Eu so acho que é hora de encarar os fatos. Talvez seja melhor um sacrificio do que varios. - Leandro fala, seu rosto duro e impenetravel.
- Pois se sacrifique! Minha mae nao sera levada!
Eu saio da casa em desparada. Cada centimetro do meu corpo parece esta em combustao. Como ele pode dizer uma coisa dessas? Ate parece que ele quer ver ela morta. Sinto que estou sendo seguida e vejo Jefferson se proximar pelo canto dos olhos. Ele agarra meu braço para que eu pare.
- Se voce pensa como ele nao perca seu tempo vindo atras de mim. - eu disparo.
- Ele so esta tentando pensar em nossa proteçao. As vezes, ele fala coisas assim, mas não é de proposito. Tenho certeza que ele nao quis te magoar.
- Eu nao posso entender como ele vê uma soluçao sacrificando a minha mae.
- Nos vamos achar uma soluçao. Juntos. Nao fique com raiva dele. A essa hora ele ja se deu conta do que disse.
Ele ergue meu rosto delicadamente e vejo que ele esta sorrindo para mim, me encorajando. O abraço, primeiro de uma forma suave e depois como se precisassemos nos unir mais. Uma de suas maos segura firme minha cintura enquanto a outra massageia minhas costas. Fecho os olhos me concentrando no movimento de sua mao e acabo relaxando.
- Obrigada por esta aqui.
- Eu sempre estarei. Nao poderia ser diferente. - depois de alguns segundos ele fala novamente. - Eu quero ir com voces amanha.
- Eu preciso fazer isso sozinha. É problema meu. E alem do mais, ele nao falaria comigo se voce estivesse la. - ele fica em silencio parecendo ponderar sobre minhas palavras.
- Tudo bem.
Voltamos para casa e puxo Bianca para o quarto de Jefferson para conversarmos sobre irmos atras de Gabriel. Eu nao sei como faremos para aborda-lo sem que Juliana nos veja e talvez ela tenha alguma ideia. Nos sentamos na cama lado a lado e ela me olha paciente.
- Voce nao vai se opor a ir comigo vai? - pergunto.
- Claro que nao! Vou onde voce for. - ela diz com um meio sorriso.
- Bem, eu quero pegar ele desprevenido. Sem Juliana esta do lado dele. Ela faria a cabeça dele e eu nao chegaria nem perto de falar com ele.
- Podemos usar uma dobra de invisibilidade. Vamos ate a casa dele e ficamos de tocaia. Quando ele parecer voce se mostra para ele.
- É uma boa ideia. Iremos amanha. Nao vou conseguir esperar mais. - falo eu quando quero dizer minha mae.
- Por mim, tudo bem. Amanha bem cedo, entao?
- Sim. E,Bianca?
- Fala.
- Obrigada por tudo. Voce tem sido uma excelente Slaver. Eu nunca poderia querer outra. - ela sorri para mim e segura minhas maos nas dela.
- É o meu trabalho. Voce tambem é uma boa acompanhante. - ela se levanta, me da um tapinha no ombro e se vai.
Me deito na cama de Jefferson sentindo meu corpo dolorido enquanto me estico. Viajar pelas dobras do tempo pode ser bem cansativo. Inalando o cheiro de Jefferson, me sinto arrastada pelo sono. Abro meus olhos com dificuldade enquanto uma claridade intensa prejudica minha visao. Quando consigo foca-los, vejo um campo imenso verde. Uma clareira extensa circundada por imensas arvores. Estou quase fora da floresta e antes que ponha meu pe na clareira vejo um ponto distante se mover. Forço meus olhos para ver melhor e distinguo uma cadeira de rodas. Nesse momento sei que quem esta nela é Gabriel. Ele ja percorreu alguns metros e vem de frente para mim, mas nao parece me ver. Ele para no meio da clareira olhando para o ceu parecendo aflito. Ele veste roupas negras, esta mais magro e com uma aparencia abatida. Seus olhos se movem em varias direçoes como se ele estivesse vendo varias pessoas ao seu redor. Ele tenta se afastar de la empurrando a cadeira de rodas, mas para colocando as maos nos ouvidos. Sinto que devo ir ate ele e lhe ajudar, mas quando dou dois passos a frente algo bloqueia minha passagem. Uma redoma invisivel. Vejo que sua boca se move desesperada como se estivesse gritando, mas nao posso ouvi-lo. Bato com força na redoma e nao faz nenhuma diferença. Lanço meu corpo contra ela e nada acontece. Desisto colocando minhas maos sobre ela e o vejo cair da cadeira de rodas enlouquecido. Ainda com as maos nos ouvidos ele balança de um lado para o outro no chao. Eu grito o nome dele por diversas vezes e ele nao me ouve. Grito o mais alto que posso ate que minha garganta doi. De repente, minhas pernas enfraquecem e eu caio. Vejo uma das minhas maos virando pó e antes que eu seja levada meus olhos encontram os dele e seu rosto se escurece e é a ultima coisa que eu vejo antes de acordar aos gritos.
O quarto esta escuro mesmo que para mim pareça que tenha passado apenas alguns minutos. Meu coração esta acelerado e lagrimas quentes descem por meu rosto e eu nao sei bem porque. Jefferson entra no quarto e se senta ao meu lado me abraçando. O olhar que Gabriel me deu paira no fundo da minha mente me culpando. Eu fui muito fraca deixando que ele ficasse ao lado de Juliana. Nao que eu goste dele como antes, mas como amiga eu deveria ter pensado na segurança dele. Talvez ele faça a escolha errada por minha culpa. Munha voz sai fraca e falhada quando falo:
- Eu o vi...
- Quem? - ele pergunta afastando uma mecha de cabelo da minha testa suada.
- Gabriel. Eu acho que eu estava em um sonho dele. Foi estranho, ruim. Muito ruim.
- Mas, como voce poderia esta em um sonho dele?
- Eu nao sei! Mas pareceu que era assim. Eu nao pude falar com ele ou interferi. E ele estava... - minha voz falha embargada. - sofrendo. Alguma coisa estava o atacando, mas eu nao podia ver o que.
- Deixe isso para la. Foi so um sonho ruim. - ele fala me embalando.
- Acho que nao.
Me agarro a ele como um naufrago a um pedaço de madeira no mar. De alguma maneira, eu fui levada a ver o sonho de Gabriel. Como se alguem quisesse me avisar que ele nao tem mais saida. Ele ja fez a sua escolha e sinto que a culpa é minha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário