terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

[Eu Cinza] Continuação do Capitulo 12

Meu cerebro sente uma certa dificuldade ao tentar processar o que Leandro disse. Por que ele nao poderia ajudar? ,penso. Talvez ele esteja muito debilitado para isso. Sinto minhas forças se esvairem e meu corpo parece encolher e murchar.
- Voces falaram com ele? - minha voz sai mais baixa do que eu pensei.
- Nao. Nos falamos que nao o fariamos. - ele passa uma de suas maos pelo pescoço parecendo nao saber como continuar. - Ele estava no Bosque das Cinzas.
- No bosque...? Como voce sabe que eu o chamo assim? - falo me sentindo corar. Parece que sempre estive sendo vigiada por eles.
- Nao importa como sabemos. - ele fala serio. - Nos o encontramos la por acaso e ele nao estava na sua forma "humana". Ele estava transfigurado em um lobo e me pareceu muito fraco e fragil. Talvez ele nao queira falar conosco.
- Mas nos vamos tentar! Nao podemos desistir. Nao me fale uma coisa dessas! - falo com a raiva perceptivel em minha voz. - Iremos la amanha e eu nao quero saber o que voces pensam sobre isso. Eu irei com ou sem voces!
- Eu nao disse que nao iriamos. - Leandro fala aborrecido. - Eu so estou tentando te preparar... Nao temos ideia de como ele podera reagir.
- Laura, o que ele estara querendo dizer é que isso ja aconteceu antes. Alguns anjos quando seus acompanhantes fazem escolhas ruins e os deixam, eles simplesmente nao se recuperam. Nao querem voltar para o lugar de onde viemos e serem acompanhantes de outros humanos. Eles escolhem ficar aqui em outra forma. Isso pode esta acontecendo com ele. - Bianca fala se aproximando de mim.
- Independente disso, temos que falar com ele. Eu sinto que a uma pequena chance de ele nos ouvir. Eu sei que ele podera nos ajudar. - Jefferson segura meu braço e me dou conta de sua presença.
- Nos iremos com voce. Queremos tanto quanto voce resgatar sua mae, mas voce precisa se acalmar. - ele fala com uma voz mansa e suave que acaba por me fazer me setir mais tranquila.
- Tudo bem.
- Laura, conte o seu sonho para eles. - ele diz e calafrios percorrem meu corpo ao lembrar da imagem da minha mae. Leandro e Bianca me olham com um ar interrogativo e eu conto a eles tudo o que vi. Nenhum momento suas expressoes mudam e parece que eles esperavam por isso. A voz de Jefferson ecoa no fundo da minha mente: 'Isso parece ser um dom.' Ouvir aquilo me pareceu algo irreal, mas agora olhando para o rosto deles ele parece ter razao. Em algum lugar dentro de mim pensar nisso me fez sentir especial de alguma forma.
- Eu ja esperava por isso. Voce parece ter um plano maior nesse mundo. Como uma... Overrun.
- Overrun? O que é isso? - falo assustada.
- Sao lendas. Apenas lendas. Nao se preocupe com isso. - ele se move em direcao ao quarto. - Amanha nos iremos conversar com ele. Aproveitem para descansar.
- Eu tambem vou descansar. Me sinto a ponto de desmaiar. - quando ela passa por mim agarro seu braço.
- Que lenda é essa que ele estava falando? Voce sabe alguma coisa sobre isso?
- Tem coisas que voce ainda nao deve saber. Nao se importe com isso. - ela fala me olhando nos olhos firmemente e eu a deixo ir.
Uma fina dor de cabeça começa a latejar meu cranio. Jefferson esta ao meu lado com uma expressao triste.
- Voce sabe alguma coisa sobre o que Leandro falou? - ele me olha por um instante e depois encara o chao.
- Nao pense nisso agora. Nosso foco agora é outro. - ele fica ali por um minuto sem dizer nada e sai. Ele parece ter ficado chateado com esse assunto. Quase como se ele quisesse ser...
Esculto o som do motor da moto ao lado da casa. Corro para fora quando ele ja esta saindo e paro no seu caminho e ele freia. Posso ver seu olhar triste por baixo da viseira do capacete. Ele o retira e me encara.
- Voce quer ser um Overrun? Seja la o que isso signifique. - falo alto bastante para que ele me esculte.
- Saia da frente,por favor. - ele fala secamente.
- Nao, enquanto voce nao me explicar o que esta acontecendo aqui. - ele me encara raivoso por um momento e depois seu semblante se suaviza um pouco.
- Suba.
Nao espero que ele repita e me sento atras dele. Seguimos em alta velocidade e me retraio para nao dar um sermao a ele. Nao quero começar uma briga antes que ele me conte sobre isso. Esse mundo é uma caixinha de surpresas para mim e ele parece o conhecer muito melhor do que eu. Ele nos leva em direcao a praça que agora é como nosso ponto de fuga.
- Agora voce pode me contar o que houve? - falo dobrando os braços na minha frente.
- Eu nao queria ter que falar sobre isso. Nao agora depois do que eles disseram. - ele suspira. - Mas, voce é muito insistente.
- Pois comece por me dizer o que é um Overrun.
- Os Overruns sao como lendas para eles. Sao acompanhantes que tem um proposito maior. Eles sao tipos caçadores de Damns e Errants. - sinto meu estomago embrulhar ao ouvir essas palavras.
- Voce esta me dizendo que eles acham que eu sou... esse tipo de coisa?
- Coisa? - ele fala andando de uma lado para o outro em ninha frente aborrecido. - Depois que eu descobri tudo isso, eu quis ser um Overrun. Eu queria servir para alguma coisa. - ele para de falar subitamente, seus olhos se movendo de um lado para o outro tentando encontrar alguma coisa para focar. - Eu queria me sentir especial.
- Correndo atras de demonios? Eu nao vejo como alguem possa se sentir especial assim.
- Eu nao sei por que eles acham que voce possa ser um Overrun. Voce teria que ter um... - ele fica em silencio. - Agora eu entendo! O Quest que estamos procurando. Ele vai ser o seu acompanhante.
- Mas, eu ja tenho Bianca. - falo confusa.
- Para ser um Overrun voce precisa ter um acompnhante da hierarquia Quest. Um anjo buscador. Se eles acham isso é por que havera uma troca.
- Eu nao quero ser isso. Nem trocar Bianca. Isso deve esta errado!
- Voce nao vê? - ele fala segurando meus braços e seu rosto se contorce em uma expressao de descoberta. - Faz todo sentido.
- Para mim, nao faz nenhum!,Voce trocaria Leandro? Eu nao acredito que voce faria isso com ele. Ele te ajudou todo esse tempo!
- Se fosse o meu destino, sim, eu o faria. - ele diz me largando. - Voce nao pode me entender. Eu daria tudo para ser um Overrun.
- Voce me trocaria tambem se fosse um dos quesitos para ser um Overrun? Voce me deixaria? - eu falo com raiva.
- Nao. Eu nunca faria isso! Eu ja disse que gosto de voce.
- Entao, voce nao gosta de Leandro. Onde esta sua gratidao? Eu realmente nao posso te entender.
Eu me viro para nao ter que o encarar e começo a andar entrando dentro da praça. Nao posso acreditar que eles acham que eu possa ser uma dessas pessoas. Eu nao me vejo trocando Bianca por outro acompanhante. Ela tem sido como uma irma para mim. Eu so preciso de um Quest para me ajudar a trazer minha mae de volta. Mas, se eles tiverem razao? E se eu estiver destinada a ser uma Overrun, uma caçadora de demonios? Balanço minha cabeça furiosamente tentando retirar os pensamentos da minha cabeça. Sinto uma mao se fechar em um dos meus braços ne puxando para tras. Meu corpo encosta no de Jefferson. Ele inspira com dificuldade e eu tambem por causa do susto.
- Eu nunca te deixaria. Eu te amo. - ele me abraça firme como se tivesse medo que eu fugisse. - É so que é dificil para mim nao ter ninguem para quem voltar, ninguem para olhar para mim e falar que eu posso ser mais do que isso.
- Mas, voce tem a Leandro e voce tambem tem a mim agora. Nao se importe com isso. Voce ja é mais do que eu poderia ter pedido nesse momento. - eu falo recostando minha cabeça em seu peito ouvindo o pulsar acelerado do seu coraçao. - Agora voce tem para quem voltar.
- Voce é um presente para mim. Talvez voce esteja mesmo destinada a ser algo mais. - ele fala me afastando e segurando meu rosto entre suas maos.
- E se eu nao quiser ser mais do que eu ja sou?
- Nao podemos ir contra esses designios. Eu estarei do seu lado se isso acontecer, entao nao tenha medo. Eu sei de quase tudo que voce precisará saber. - ele fala me dando um pequeno sorriso.
Eu o abraço novamente, dessa vez com mais vigor como se eu pudesse me unir a ele. Ele recosta sua cabeça na minha e ficamos la parados, nos embalando. Eu fecho os meus olhos tentando escapar do mundo,mas os medos que me afligem nao estao do lado de fora e sim dentro. Na verdade, eles estao por todos os lados. Podem estar aqui nos observando.
Agora quando penso em encontrar o Quest, eu sinto medo. Pavor do que eu terei que ser se essa historia for verdade. Eu nao quero me distanciar de Bianca, nao agora que eu aprendi a aceita-la. Jefferson é que deveria ser um Overrun e nao eu.
- Quando sera que teremos um tempo normal de namorados? - eu pergunto e ele levanta uma de suas sombrancelhas levanta me questionando com um sorriso malicioso no canto dos labios.
- E somos namorados? - ele diz rindo.
- É o que parece com todo esse agarra-agarra entre nos.
- Todas essas brigas... - ele fala segurando meu rosto com uma dr suas maos olhando diretamente para meus labios.
- Toda sua chatice...
- Toda essa sua falaçao quando poderiamos... - ele se inclina com rapidez para mim e me beija firme e constante.
Seguro seus cabelos entre minhas maos o puxando para mais perto. Um mundo de sensaçoes vibrando por todo o meu corpo. Repentinamente, ele me levanta e começa nos girar.
- Eu te amo,Laura! Eu te amo e te quero para sempre ao meu lado! - ele me da o seu sorriso de propaganda de pasta de dentes. Aquele que eu aprendi a gostar e agora eu sei que nao tem mais volta. Sorri-o de volta para ele enquanto ele me coloca de volta no chao. Ele inclina sua cabeça para encosta-la na minha, nossos narizes roçando um no outro.
- Voce faz com que eu me ainta especial. Muito especial.
- Voce é! Nao duvide. - ele segura meu queixo e o puxo para outro beijo. Sinto que estamos ligados nao so pelo amor, mas pelo proprio destino. O dele se cruza no meu e somos apenas um agora.

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