sábado, 10 de maio de 2014

[Overrun: A Lenda dos Sete] Epílogo

Antes de chegarmos ao que quer que fosse nos levar ate Ohtake tivemos que fazer uma parada. Depois do sacrificio de Konoch nossas forças voltaram, o zumbido em meus ouvidos se foi, a temperatura diminuiu e os Kenjins nao retornaram. Mesmo que tudo esteja relativamente bem agora, dentro de mim esta tudo uma confusao sem tamanho. A dor pela perda de Konoch tao recente me faz ficar aterrorizada, olhando para os lados quase como se estivesse ficando louca. Nos estamo bem. Estamos seguros. Repito uma, duas... mil vezes a mesma coisa em minha mente. Mas eu sei que nada estara permanentemente bem enquanto estivermos aqui. Sempre parecera que estamos presos e encurralados.
Suspiro profundamente e retiro de dentro da minha jaqueta algumas folhas de papel. Ao ve-las quase volto a chorar porque foi Levi que me deu-as. Ele me viu triste logo apos o sumiço de Jefferson na gruta em Konden e meio que advinhou do que eu precisava. Me entregou um pedaço de carvao e folhas de papel em branco. Eu escrevi sobre tudo o que senti e fiz alguns desenhos do que nao queria esquecer.
Me distancio um pouco dos outros que estao dormindo no chao. Nao sei como podem conseguir. Eu nao consigo. Aproximo os papeis o bastante para conseguir ler e me aproximo mais de uma das tochas da ponte. As letras parecem rabiscos nervosos de alguem que mal sabe pegar no lapis. Ainda assim nunca poderia deixar de entende-las.
Olho para o ceu e a luz cega meu olhos
Vejo as nuvens e o brilho do sol
Sinto o ar se mover ao redor do meu corpo
E eu espero
Espero ouvir aquele som tao nitido quanto o som de um trovao
Espero ouvir voce chamar meu nome fazendo saltar o meu coracao
Espero sentir suas maos se encaixando em cada dobra do meu ser
Espero sentir suas asas envolvendo a mim e a voce
Espero para ser erguida para o ceu azul, para repousar no meio das nuvens
Espero que eu caia delas e voce me pegue no ultimo instante
Eu espero pelo seu afago
Pelo seu abraço
Pelo seu olhar
Pela sutileza de te amar
Pelos nossos corpos comprimidos
Nossas almas unidas
E para ouvir voce falar
Que pela eternidade ira me amar
Posso ouvir o som das asas
Toda vez que eu me lembro
De todo o meu medo
O quebrar dos membros
Quando clamei por ajuda
Em um instante tudo muda
Se entao voce ouvir
O som do rasgar de mil asas
Vindo para punir
Eles sao o elo para nos unir
Para nos dar força para vencer
Nossos anjos guerreiros
Por mim e por voce
Eu estou no deserto escuro da solidao. Eu posso ver as estrelas brilharem no ceu noturno. Sao tantas que eu chego a me assustar. E eu estou completamente so em meio a dunas do nada. Mas eu posso ouvir o som das suas asas, meu anjo. Tao distante, alem das montanhas que me circundam. Voce nunca chega, mas eu ainda posso ouvir o bater de suas asas. Entao, eu olho noite apos noite e obrigo meus olhos a permanecerem abertos por que voce é a minha esperança e a melodia das suas asas cortando o ceu é a minha ultima esperança.
É doloroso demais lembrar de todas as coisas que aconteceram ate que eu chegasse aqui. As vezes, me pego pensando que eu poderia trocar tudo isso por todos os problemas que eu tinha na minha vida terrena. Pelo menos, eu tinha a certeza das coisas ao meu redor. Suspiro. Por um segundo, as folhas escorregam da minha mao e caem no chao quase saltando da ponte. Me jogo atras delas como se fossem um tesouro ou apenas eu tenha medo de que alguem leia as coisas que eu escrevi. Quando pego a ultima delas e me ergo percebo algo entre a nevoa a frente. Um brilho incandescente. Mas em um segundo ele se foi. Esfrego os olhos na tentativa de enxergar melhor, mas tudo permanece quieto. Parado demais. Sigo em frente com alguns passos ate que estaco no lugar ao ver sombras se aproximando a minha frente. Pego o Stin e me preparo para o que esta vindo. Ninguem nunca mais ira me pegar despreparada.

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