quinta-feira, 1 de maio de 2014

[Overrun: A Lenda dos Sete] Capitulo 21

Acordo assustada depois de ter mais um pesadelo. Fogo dançando pela minha pele, a gargalhada de inumeros Ronais e seus olhos amarelos borbulhando dentro das chamas. Feridas, bolhas e ulceras percorrendo meu corpo. Dor no seu nivel mais avançado. Meu grito se espalha pela manha assustando Konoch que se ergue devagar e vira sua cabeça para me encarar.
- Tudo bem. Foi so um sonho.
Digo mais para mim do que para ela. Para tentar me enganar. Nao foi so um sonho. Percebo que as dores ja foram embora, mas elas nunca poderam sair da minha mente. Nao enquanto eu nao estiver segura.
Me jogo das costas de Konoch e a poeira sobe por meus calcanhares quando alcanço o chao. As asas fazem falta. Suspiro. O ceu esta no seu mesmo tom de laranja e posso ver o sol se levantar ao longe por entre o topo do castelo dos Ronais. Estamos muito longe deles agora. Nao posso ver a cratera onde esta a cidade e a floresta, mas ainda posso ver o castelo imponente. Um ponto no meio do deserto. Parece ironico surgir vida do meio desse lugar inospito quando ela esta nas maos de anjos tao maus quanto eles. Entao, percebo que eles nao sao anjos afinal. Nao quando maquinam o mal. Sao tao demonios quanto os Damns e Errants.
Uma mao toca meu ombro e olho pelo canto dos olhos. Marcelo.
- Esta na hora de irmos para o portal.
- Sera que seremos recebidos como prisioneiros por anjos como eles?
- Nao creio nisso. Mas, de qualquer maneira, a uma ponte para chegar ate la entre os planos espirituais. Nao é como atravessar o portal da terra para uma dessas cidades. Aqui, entre um plano e outro, a uma ponte para travessia.
Penso em perguntar se enfrentaremos algum perigo nesse caminho, mas me contenho. Eu sei a resposta e tenho medo dela.
- Vamos logo. Quero deixar isso aqui para tras. - falo mostrando com um gesto todo o lugar.
Marcelo acorda Jefferson que estava deitado proximo a Konoch no chao. Subo pelas costas dela ate alcançar a cela. Depois que a minha armadura se foi junto com as asas so me restou o Stin e a adaga para carregar comigo. Arrumo o cinto por sobre a minha jaqueta e seguro firme os arreios conduzindo Konoch para o outro lado. Jefferson e Marcelo olham para mim e sorriem um pouco. Um sorriso murcho, mas existe uma alegria contida nele. Estamos deixando isso para tras. Mesmo que coisas piores nos esperem a frente.
Jefferson estica suas asas e coloca o capacete. Ele parece com um Ronai, mas um pouco mais esplendoroso. O brilho de diamante das penas cintilando cores e brilho. Incinto Konoch para nos colocar em voo. Subimos devagar com eles ao nosso lado. Marcelo se transformou em um filhote de Konoch novamente mesmo que ele possa voar sem se transformar como na noite passada. Decido nao perguntar o porque e procuro por um sinal do portal.
- Onde ele fica? - grito por sobre o vento.
Olho para o deserto abaixo, mas so vejo a areia ondulando constantemente ao vento.
- Numa passagem entre as montanhas logo a frente. - Jefferson responde ao meu lado apontando para elas.
Ainda estamos muito longe para que possa ver a passagem ou o portal. O uivo do vento em meus ouvidos me faz lembrar do som das asas dos Ronais e me arrepio. Mando os pensamentos ruins para longe enquanto olho para Konoch. Suas asas brilhando tanto quanto o sol na parte interna em um brilho dourado. Olho para tras e tenho um choque. O ceu as nossas costas esta mais claro do que o restante a nossa frente. Como se o amanhecer estivesse nos seguindo. Ou melhor, seguindo Konoch. Talvez essa seja a ultima vez que ela anuncie o amanhecer. Uma ultima vez para darnos sorte.
Acaricio seu pescoço enquanto meu olhar permanece fixo nas montanhas. Apos alguns minutos distinguo a abertura minuscula entre as montanhas rochosas. Tao estreita que uma pessoa talvez conseguisse com muito esforço atravessa-la de lado. O problema esta que a entrada da passagem esta inacessivel por conta do portal de pedra. Quando nos aproximamos mais percebo que nao sao duas montanhas, mas uma rachadura em forma de triangulo que parece ter sido aberta para anexar o portal. Ele parece com o outro que passamos para chegar em Konden com a diferença que nao existe uma escultura de uma aguia no topo, mas de uma coruja.
Konoch da um rasante rumo ao chao e em questao de segundos pousamos perto do paredao logo em frente ao portal. Me desvencilho dela e salto para o chao. Marcelo volta a sua forma humana e Jefferson retira o capacete se posicionando ao meu lado, nossos olhares concetrados no portal. Pela abertura apenas se pode ver a passagem ficando mais estreita ate se tornar apenas uma fresta. Me aproximo dele para olhar a inscricao no topo.

Ohtake: Abismo dos Anjos Ocultos

Passa a mao por uma das colunas e percebo formas talhadas nela. Arvores secas. Mas algo me chama a atencao. Suas sombras possuem uma forma quase humana. Um calafrio atravessa minha espinha quando retiro a mao. Me viro procurando pelos outros e os vejo olhando a outra coluna enquanto murmuram baixo. Me aproximo e vejo o que eles estao observando. Um oco vazio na pedra do tamanho e forma exata do pedaço do amuleto.
- Laura, pegue e o encaixe aqui. - Marcelo diz. - Acho que serve para abrir o portal. Nao tem nenhuma abertura para chave.
Retiro o pedaço de um dos meus bolsos do cinto e percebo que ainda nao tinha parado para o analisar. Encrustado nele se pode ver uma parte de uma ilustraçao. Uma parte de uma asa e o cabo de uma espada. O entrego para Marcelo que o encaixa no lugar com um clique. Nos afastamos quando uma ventania proveniente da passagem nos empurra para tras. A areia do deserto formado redemoinhos e enchendo meus olhos de terra. Cubro-os com o braço no momento que algo acontece no topo do portal. Estilhaços de pedra voando ao vento. A coruja esta se libertando. Quando todos os pedaços caem, ela nos encara curiosa. Os olhos de uma coloracao violeta que eu nunca havia visto parecem furiosos. Ela abre as asas espanando os ultimos fragmentos de terra e abaixa seu corpo olhando atraves do portal.
Entao, algo acontece ali. As cores atraves dele parecem se misturar e ficam desfocadas ate que uma escuridao se forma. Um ar gelado escapa dele e nos alcança. Nao parece um lugar para o qual gostaria de ir. Konoch rosna como um leao as minhas costas e me assusto. Olho para ela e ela agita a cabeça para mim e a abaixa. Percebo algo brilhando em seu bico no momento em que ela o solta. Pego a corrente dourada antes que atinja o chao. Um pingente dourado em forma de asas  unidas em uma espada descansa na palma da minha mao. Sinto uma conexao se formando em minha mente e espero a voz dela se tornar audivel.
- É o mesmo simbolo do amuleto, criança. As asas personificam os anjos e a espada, os Overruns. É a marca da uniao entre o espiritual e o terreno. Para lhe dar sorte e para que se lembre que nao esta sozinha. Coloque-o antes de passarmos pelo portal.
- Obrigada, Konoch. Nao so por esse presente, mas por sua ajuda com os Ronais. Nao teriamos conseguido sem voce.
A voz some de minha mente parecendo que a conexao teve fim. Levanto meu olhar para encontrar o dela e sinto-a novamente em meus pensamentos.
- Nao precisa agradecer. Ja estava escrito, filha. Seu destino ja esta escrito. Agora coloque o colar e monte em mim. O tempo é curto.
Faço o que ela mandou e vejo que os outros ja se preparam. Pego meu Stin e a espada dourada reluz. Olho meu reflexo nele percebendo que a muito tempo nao sabia mais como minha aparencia estava. Desde que cheguei ate Konoch algo mudou. Como se eu tivesse deixado minha vida mundana para tras. Nao sinto mais fome, nem fraqueza. Mas ainda sinto medo de tudo o que esta por vir. Medo de nao ter minha antiga vida de volta, de perder os que amo nessa batalha e o mais importante, de morrer antes de ter tido realmente uma vida.
Balanço a cabeça tentando afastar os fantasmas para um lugar onde nao me atrapalhem. Olho para meus anjos logo abaixo preparados para me seguir para onde quer que meu futuro me leve. E em meus pensamentos agradeço por te-los agora, amanja e no por vir.
- Vamos. - digo em voz firme tao diferente de todas as outras que ja usei. - Vamos ver o que nos espera do lado de la.
Atiço Konoch para seguir em frente para dentro da escuridao. A coruja ainda esta com a cabeça voltada para a escuridao como se visse algo interessante la dentro . O portal é pequeno demais para que Konoch passe por ele, mas quando chegamos perto ele faz sua magica. Seguimos na frente quado sinto algo nos sugando para dentro. Fecho os olhos e a sensacao de passar de um plano para o outro é como de passar por uma barreira de agua gelatinosa. Dura apenas um milesimo de segundo, mas é o bastante para ser desconfortavel. Abro os olhos e vejo a uma ponte rustica de pedra bastante estreita e cheia de buracos. De cada lado seguem inumeras tochas que tentam afastar a escuridao. Ela parece estar equilibrada no nada no meio de lugar nenhum. O ceu - ou o que ee deveria ser, - é de um tom preto assustador. Mesmo com elas nao consigo ver para onde a ponte vai. Uma parede de nevoa escura cobre todo o lugar. Salto para o chao a procura de Jefferson e Marcelo quando uma luz as minhas costas aparece em uma fracao de segundo os libertando. Atras dele a ponte segue seu caminho vindo de lugar nenhum e parecendo ir a lugar nenhum. Apenas a mesma nevoa escura encobrindo o caminho.
- Para que lado devemos ir? - pergunto.
Percebo minha respiracao sair fumacenta em contato com o ar gelado do lugar. Posso sentir os tremores percorrendo meu corpo e desejo sair logo daqui. Ficando parada poderia congelar.
- Vamos em frente. Tenham cuidado e fiquem juntos. Qualquer descuido ou parada, e voces podem se perder. - Marcelo diz serio.
Seguimos pela ponte lado a lado. Konoch nao faz mais mençao de falar em minha mente. Ela apenas olha para a nevoa ao redor da escuridao como se estivesse vendo alguma coisa atraves dela. A nevoa encobre boa parte do caminho a frente e torna dificil enxergar qualquer coisa. Se eu nao ouvisse os passos ao meu lado pensaria estar sozinha. O "ceu" nao esta encoberto e quando olho para ele percebo que a nevoa forma uma camada espessa sobre nos e todo o lugar, mas chega a poucos metros de altura. Ela parece com a nevoa em que os Damns se transformam quando querem fugir de um lugar. Escura. Fétida. Congelante. E parece esconder algo muito ruim.
Nao sinto nem sequer uma brisa passar por mim, mas o som de ventania ecoa pelo ar como um fantasma uivando em meus ouvidos. Caminhamos pelo que acho serem muitas horas sem achar nada ate que minhas pernas ficam rigidas por causa do frio e o cansaço toma conta de mim.
- Vamos parar agora, mas nao podemos ficar por muito tempo. A temperatura esta caindo a cada passo que damos. Fiquem proximos. - Marcelo diz.
A mao de alguem toca meu braço e me assusto momentaneamente ate ver a silhueta de Jefferson. Ele me puxa para sentar ao seu lado no chao. So entao percebo que ainda estou segurando a espada e antes de clicar no Stin para que ela desapareça vejo que o brilho dela se foi. Levanto meus olhos e encaro Konoch. Ela tambem nao esta brilhando e parece abatida. O lugar deve esta sugando o nosso poder e se ficarmos muito tempo aqui iremos acabar todos mortos. Começo a tremer e sinto como se gelo atravessasse meus ossos. Jefferson percebe e me puxa para seus braços. Sento em suas pernas e ele me aninha.De alguma maneira, ele consegue se manter quente e emanar calor suficiente para me aquecer.
Ficamos em silencio por varios minutos tentando poupar nossas energias para a caminhada ate que um som nos assusta. Nos levantamos todos ao mesmo tempo tentando enxergar atraves da nevoa, mas nao a nada la alem da escuridao.
- Fiquem quietos. - murmura Marcelo.
O silencio é quase palpavel agora. Ate mesmo o som do vento parou o que torna tudo ainda mais estranho. Entao, percebo um som quase inaudivel e meu coracao estremece. Asas.
- Anjos. Voces estao ouvindo? - pergunto.
- Nao acredito! Estamos encrencados! - Marcelo diz irritado enquanto olha para o ceu. - Os guardioes da ponte.
Coloco meu Stin em modo de espada e me aproximo de Konoch que anda de um lado para o outro agitando as asas, tentando se equilibrar na estreita ponte enquanto caminha. Subo em suas costas e afago seu pescoço e sinto-a se acalmar. O som das asas esta mais proximo reberverando sobre nossas cabeças. Olho fixamente para a nevoa esperando por eles. O medo gritando pelo meu corpo.
De repente, uma sombra passa pela minha visao periferica rapidamente. Nao consigo distinguir o que, mas vejo mais sombras negras nos circulando. Konoch fica irritada e rosna para a nevoa. Os outros empunham suas espadas e se colocam em posicao de defesa. Um som estridente acima das nossas cabeças como de pano se rasgando fere meus ouvidos enquanto os guardioes descem do ceu em um disparo negro. Cinco deles nos circulam no ar pairando como fantasmas negros. Suas asas tao negras quanto a escuridao do ceu que nos cobre e totalmente esfarrapadas e caidas como se eles estivessem estado em uma guerra. Seus corpos magros cobertos por farrapos marrons que parecem restos de um tipo de tunica. Seus rostos tambem magros e com feiçoes quadradas. Os olhos tao negros quanta as asas sem um ponto branco neles. Os cabelos negros compridos amarrados em um suave rabo de cavalo lhes da um ar estranho. Sinto um arrepio quando um deles se abaixa como se fosse pousar, mas seus pes nao tocam o chao. Seu rosto retorcido em desprezo, seu olhar concentrado em mim.
- A tanto tempo temos esperado pela visita de um humano. Nao um humano qualquer. Eles jamais poderiam chegar ate nos... vivos. - a voz do guardiao soa melodiosa como se ele quisesse nos cativar com ela. - Uma Overrun. Eu esperei tanto por voce, querida. Queira me desculpar por minha falta de modos. Ainda nao me apresentei.
Ele paira vagarosamente em direcao a mim e Konoch que rosna baixo para ele. Ele estica a mao palida e esqualida para mim em um cumprimento. Decido aceita-la para ver o que ele realmente quer. Quando seus dedos tocam os meus sinto como se agulhas perfurassem a palma da minha mao e ele me da um sorriso presunçoso e retira a mao lentamente apreciando a dor estampada em meu rosto.
- Me chamo Finjen e sou o lider dos Kenjins. Somos os guardioes das pontes de travessia. Como se chama, pequena?
Algo me diz que ele sabe meu nome, mas esta testando o quanto de medo estou carregando.
- Laura. - minha voz sai baixa demais e pigarreio nervosa. - Me chamo Laura. O que voces realmente querem? Vao nos deixar continuar?
Ele se move para tras no ar nao me dando suas costas e da uma gargalhada que gela meus ossos. Ele se encaixa novamente no circulo junto com os outros Kenjins e seu rosto se torna sombrio.
- Deixar voces passarem? O que isso me traria de bom? Nao, nao. Tenho outros planos para voces. Imagino que voce desconheça qualquer lenda sobre nos. - ele leva um dedo aos labios e ergue um pouco a cabeça como se estivesse tentando lembrar de algo. - Oh, sim. Voces tem uma lenda na terra sobre nós. Mas ela é um tanto distorcida ja que nao podemos sair daqui a nao ser para assombrar os sonhos de voces para nos tirar do tedio. Daqui a pouco, voce entendera do que estou falando. Bem, voltando as suas perguntas, nao iremos deixar voces irem. Como poderiamos dispensar um lanche depois de tantos seculos?!! Seria um disperdicio. Veja como estamos magros!
Ele olha para si mesmo e de volta para nos nos dando um olhar que uma cobra daria a um rato encurralado. A cada minuto que passamos aqui me sinto mais fraca como se o lugar estivesse drenando minha essencia. Olho para os outros que tentam se manter firmes, mas posso ver a palidez em seus rostos. Ate mesmo Marcelo mal consegue manter a esoada erguida. Konoch se meche desconfortavel embaixo de mim e vejo uma tristeza tao profunda em seus olhos, tao diferente do que deveria ser.
- Eu conheço a lenda de vós! Nao tentes me passar para tras, demonio. Eu conheço os termos da troca. - Konoch diz firme e convicta. Mesmo sem abrir o bico sua voz enche todo o lugar.
Finjen olha para ela curioso e faminto e ele abre um pouco sua boca e vejo um par de dentes maiores que os outros como de um... vampiro.
- Nao! Konoch, eu nao aceito isso. Nao aceito que voce se sacrifique por nós!
Me lanço de suas costas para o chao com o pouco de força que ainda me resta. Fico de frente para ela, mas seus olhos se desviam de mim para os Kenjins.
- Eu ja tomei minha decisao... a muito tempo. Voces nao conseguiriam vence-los. Estao fracos demais para se aguentar de pé. Precisam chegar ate a proxima cidade.
- Mas voce pode nos ajudar! Nao dê ouvidos a eles.
- Eu tambem estou fraca, filha. Por favor, facilitem para mim e me deixem logo.
Ela me empurra bruscamente com a cabeça e caio sobre Jefferson no chao. O seu gesto doi mais em mim do que o frio em meus ossos porque eu sei que ela tem razao.
- Se ela se sacrificar em seu lugar voces poderao ir. Nos respeitamos as regras antigas. - Finjen diz parecendo satisfeito.
Tenho vontade de avançar para ele e destroça-lo, mas me deixo ir para Konoch com o que me resta de animo. Abraço seu pescoço imenso e ela relaxa sua cabeça sobre minhas costas. Acaricio suas asas e me lembro de quanta força ela tem, da luz que carrega dentro de si. Me afasto com lagrimas nos olhos e sinto a conexa se formando em minha mente pela ultima vez.
- Nao tenha medo, criança. Ja estava escrito. Voces conseguirao chegar em segurança ate Ohtake. E nao derrame suas lagrimas por mim. Estou apenas honrando minha criacao.
- Eu... nao sei como posso ter coragem de deixa-la aqui com eles. Vao tortura-la!
- Voce tera que ir. Nao deixe o medo te dominar. Tenha fé, Laura. E faça meu sacrificio valer a pena. Nao olhe para tras.
Antes que eu possa responder a conexao é quebrada e sinto um vazio. Nao faz nem dois dias que estou com Konoch, mas parecem uma eternidade. Ela se movimenta para mais perto deles e nos da um otimo olhar.
- Eu aceito ser a troca em nome da passagem segura para a Overrun e seus companheiros ate Ohtake. Que o peso da escuridao de dissipe deles e recaia sobre mim.
Os Kenjins uivam de felicidade ao ouvirem as palavras de Konoch.
- Nos aceitamos sua oferta e que se faça conforme suas palavras. Agora seu corpo esta selado sobre a ponte.
Antes que eles caiam sobre ela uma mao segura forte meu pulso me puxando para frente. Seguir em frente. Nao olhe para tras. Nos corremos os tres lado a lado em meio a nevoa mesmo com dificuldade. Alguns metros a frente ouço o impacto dos corpos dos Kenjins sobre ela. Seu rosnado cheio de dor enquanto ouço o rasgar das asas. Meu coracao pede para que eu volte e ajude, mas meus pes correm ainda mais rapidos ansiosos para se afastar daquela carnificina. Deixo as lagrimas irem enquanto corro pela minha vida e a de meus companheiros.  Talvez eu nao tivesse certeza do quanto minha jornada era importante, mas depois de ver Konoch se sacrificar por mim tenho certeza do que devo fazer.

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